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(Foto: Thinkstock)

 

Reinventar e ressignificar – essas palavras foram mandatórias no planejamento de qualquer líder durante o ano de 2020, e acredito que daqui para frente. Durante os meses em que o cenário de incertezas tomou as pessoas e a economia, a capacidade de adaptação foi se tornando cada vez mais essencial para a nossa sobrevivência e para que os negócios continuassem a operar em qualquer mercado. Após o choque, refleti sobre as mudanças que a pandemia trouxe ao perfil de um líder e como o relacionamento com a equipe foi transformado em tão pouco tempo, em como os times mais bem-sucedidos continuaram a contribuir com seus pontos fortes e senso de accountability (responsabilidade) no novo cenário.

No início de 2020, pré-pandemia, eu me vi diante de dois desafios: mudar para um novo país sem a companhia das minhas filhas e assumir – pela primeira vez – como presidente o segundo maior mercado em representatividade de uma grande companhia global. O emocional e o profissional estavam lado a lado nessa jornada, mas não houve tempo de adaptação a essa nova realidade, o novo coronavírus já tomava conta dos noticiários e tivemos de nos planejar diante do desconhecido com uma única certeza: a de seguir em frente.

Em um contexto de crise e de muitas incertezas quanto à manutenção dos empregos, com características nunca vistas e com potencial para grandes mudanças no mercado, nosso maior ativo foram as pessoas. Foi preciso priorizar a segurança e a saúde de cada colaborador, e, ao mesmo tempo, manter os negócios funcionando. Foi o momento de exercitarmos nossos valores e missão para apoiar toda a equipe, que se mostrou engajada e disposta a se adaptar a todas as mudanças impostas pelo novo modelo de trabalho. Mais do que isso, foi o momento de demonstrarmos empatia.

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Lembro-me, particularmente, de uma história que aconteceu com um representante de vendas da equipe de Animais de Companhia. Por conta da pandemia, muitos de nossos clientes tiveram de fechar suas clínicas. Ao entrar em contato com um deles, ouviu que era o quarto representante a ligar naquele dia e que não queria fazer nenhum pedido porque sua clínica estava fechada, ao que nosso colaborador respondeu: “Desculpe-me, mas não estou ligando hoje para lhe vender produto. Só queremos saber como você está, se há algum suporte que possamos lhe oferecer neste momento difícil”. Esse foi o exemplo perfeito do tipo de conexão que estabelecemos com nossos clientes e parceiros ao longo dos anos e que colocamos como prioridade, como guia de nossas ações.

O aprendizado caminhou de mãos dadas com a execução de estratégias, trazendo a antifragilidade – o ato de reverter a crise a nosso favor e a melhorar dia a dia diante de uma situação inesperada. Como presidente de uma empresa que trabalha com um setor classificado como essencial, nós tivemos a oportunidade de mostrar quão fundamental é garantir que uma proteína animal de qualidade chegue à mesa das pessoas, reforçamos a importância das boas práticas dos produtores e trabalhamos com fatos científicos na luta contra a desinformação e as fake news.

A capacidade de adaptação foi se tornando cada vez mais essencial para nossa sobrevivência e para que os negócios continuassem a operar

Pudemos também trazer para o debate a relação entre animais de companhia e tutores durante o isolamento, abordando desde o bem-estar animal até os benefícios emocionais dessa convivência. A informação foi nossa arma para aproximar um setor até então distante do público em geral do noticiário do dia a dia, trazendo esclarecimentos importantes em tempos tão confusos.

Em vista do momento em que estamos e das previsões para o futuro do trabalho e dos negócios, é seguro dizer que o líder pós-pandemia deverá saber ouvir e estar atento às necessidades do outro, ter a capacidade de se adaptar a novas situações de maneira ágil, abraçar as inovações tecnológicas que proporcionam uma nova forma de desempenhar velhos hábitos e ter um plano de ação flexível e adaptável. Acredito que o fortalecimento do senso de responsabilidade de líderes e empresas também deverá continuar a impulsionar o desempenho e os resultados.

Os caminhos a serem traçados necessitam de algumas certezas que ainda não possuímos. Entramos em uma era completamente nova e feita para aqueles que estão sempre em movimento, seja no trabalho, seja na vida pessoal. Traçar planos parece impossível, mas a proximidade com todos os níveis de uma equipe de trabalho será o diferencial na hora de agir. Liderar nos próximos anos será ter em mente que a única certeza é a mudança.

* Diretor-presidente da Zoetis Brasil

**As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não refletem, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

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