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(Foto: Antonio Neto/Embrapa/Divulgação)

 

Um kit de monitoramento de perdas na colheita de soja, desenvolvido pela Embrapa na década de 1980, tem ajudado a mapear e orientar ações técnicas para reduzir o desperdício da cultura ao longo dos anos no Paraná.

Ao medir o desperdício e identificar as causas, o monitoramento integrado da colheita da soja no Estado registrou a redução das perdas de três a sete sacas por hectare, nos anos 1980, para pouco mais de uma saca pela mesma medida de área (1,05 saca/ha) na safra 2019/2020.

O histórico de adoção de boas práticas e os atributos para reduzir o desperdício estão descritos em circular técnica, editada pela Embrapa, com os resultados do monitoramento integrado da colheita da soja na safra 2019/2020 no Paraná. O trabalho é uma parceria entre a Embrapa Soja (PR) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná).

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No Brasil, estima-se que as perdas durante a colheita de soja sejam de duas ou mais sacas por hectare, em média. Os levantamentos realizados são ferramentas de diagnóstico porque, a partir da caracterização do cenário de campo, podem ser elaboradas estratégias corretivas para os locais em que ocorrem desperdícios.

“A otimização do processo de colheita da soja passa pela quantificação das perdas e o entendimento das suas causas, bem como a promoção de treinamentos para a qualificação de operadores de colhedoras”, informa o pesquisador da Embrapa Osmar Conte.

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Na safra 2019/2020, em 624 lavouras amostradas no Paraná por Embrapa e IDR, destaca-se a região noroeste do Estado, cuja média de perdas foi de apenas 0,67 saca por hectare.

“Tivemos produtores no Paraná que perderam apenas 0,2 saca por hectare e outros desperdiçaram até seis sacas por hectare, o que mostra a necessidade de continuarmos o trabalho de transferência dessa tecnologia de monitoramento para que os produtores reduzam as perdas e tenham maior lucratividade”, destaca o extensionista do IDR-Paraná Edivan José Possamai.

“Vale lembrar que cerca de 70% a 90% das perdas estão relacionadas a problemas na plataforma de corte da colhedora e, por isso, a necessidade de regulagens ao longo do processo de colheita por profissionais capacitados”, reforça Conte.

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O efeito das perdas tem impacto direto no lucro dos produtores. Ao se considerar o desperdício de apenas 3 kg de soja por hectare, por exemplo, e multiplicando-se o valor pela área cultivada no Paraná (5,5 milhões de hectares), chega-se a 275 mil sacas de soja.

“Considerando que o preço em dezembro de 2020 era de R$ 148 a saca, representa R$ 40,7 milhões desperdiçados nas lavouras paranaenses, de forma direta, sem contabilizar os custos com o controle da soja guaxa ou pragas e doenças que persistente no ambiente devido aos grãos que ficam no local e germinam”, destaca.

Kit de monitoramento de perdas na colheita inclui conjunto com copo medidor, manual técnico, armação em barbante e pinos de fixação ao solo (Foto: José Miguel Silveira/Embrapa/Divulgação)

 

Tecnologia simples

 

 

A metodologia desenvolvida pela Embrapa na década de 1980 considera a relação entre o peso e o volume de grãos. Constantemente atualizada, é aprimorada para se adequar às novas máquinas e às mudanças no processo produtivo da soja.

O kit de monitoramento de perdas na colheita é formado por um copo medidor, um manual orientador, uma armação de 4m de largura por 0,5m de comprimento (2 metros quadrados,) e quatro pinos de fixação da armação.

O manual destaca o método e o uso do copo medidor de perdas, bem como as informações técnicas relacionadas a cada um dos sistemas que compõem a colheitadeira – corte e alimentação, trilha, separação, limpeza, transporte, armazenamento e descarga, finalizando com apontamentos sobre os problemas, as causas e aspossíveis soluções observadas durante a operação de colheita da soja.

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O pesquisador da Embrapa José Miguel Silveira explica que o método do copo medidor consiste em recolher todos os grãos que estiverem soltos sobre o solo ou dentro de vagens, após a passagem da colhedora, dentro de uma área delimitada (armação) de coleta de 2 metros quadrados, disposta transversalmente às linhas de plantas.

Todos os grãos recolhidos nessa área amostral são depositados no copo, que apresenta o nível de perda tolerável (até 1 saca de 60 kg/ha) ou de desperdício que ocorreu naquele ponto. O kit é vendido pela Embrapa em duas opções. A primeira tem copo, manual, armação e quatro pinos de fixação, custando R$ 30. A segunda contém dois kits completos por R$ 50.

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Entretanto, é possível confeccionar a armação própria, de acordo com as instruções que constam do manual, em função da largura da plataforma de alimentação/corte da colhedora. Para isso, poderão ser usados materiais de uso comum na propriedade rural, como ripas de madeira, canos de PVC, barbante ou corda trançada.

“Não evitamos 100% das perdas, mas precisamos trabalhar com o nível tolerado de uma saca de 60kg por hectare. A metodologia de monitoramento de perdas na colheita de soja visa a trazer todos os conhecimentos necessários para evitar desperdícios”, conclui Conte.
Source: Rural

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