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Colheita de soja (Foto: REUTERS/Bryan Woolston)

O excesso de chuvas de verão aumentou a incidência de doenças, como a ferrugem asiática, nas lavouras de soja do Brasil, aumentando custos com defensivos, enquanto a indústria de pesticidas obtém ganhos também diante do crescimento da área plantada.

Estimativas do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) fornecidas à Reuters indicam que a área tratada com agroquímicos para a soja deve crescer 7,72% na safra 2020/21, para 933,05 milhões de hectares.

O desempenho é puxado pelo segmento de fungicidas, produto utilizado para combater principalmente a ferrugem asiática, que está exigindo mais aplicações. Essas serão realizadas em 205,05 milhões de hectares, alta de mais 10,64%.

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A área tratada considera o total de vezes que a cultura recebe o pesticida, e por isso supera, por exemplo, a área plantada, estimada em 38,5 milhões de hectares no caso da soja. Além disso, o plantio da oleaginosa cresceu mais de 4% em 2020/21.

"Essa safra agora foi de muita chuva e em termos de doença isso aumenta a incidência, não há dúvida. No caso da soja, a principal é a ferrugem", afirmou o diretor do Sindiveg e presidente da UPL Brasil, Fabio Torretta.

Ele disse que a doença mancha alvo também começou a chamar a atenção, exigindo um cuidado sanitário maior. Ela se propaga nos sistemas de plantio direto, em restos da soja que permanecem durante a semeadura do algodão na segunda safra.

"Provavelmente, vem um aumento de custo (para o produtor)", alertou.

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Para controle da ferrugem, Torretta acredita que os produtores estão realizando de três a quatro aplicações de defensivos no solo, sendo a quarta uma aplicação adicional, mas que está sendo feita "porque os preços da soja estão muito bons".

"O produtor brasileiro está investindo em tecnologia, em produtividade e está enfrentando", acrescentou.

Como consequência, houve um aumento no volume de vendas e na área tratada com agroquímicos, embora os preços dos produtos em dólar tenham recuado.

Segundo dados do Sindiveg, o valor de mercado dos produtos para soja na safra 2020/21 está estimado em 5,527 bilhões de dólares, ante 6,609 bilhões vistos no ciclo anterior. Sozinhos, os fungicidas devem responder por 2,351 bilhões de dólares na temporada atual, versus 2,786 bilhões em 2019/20.

Já com a conversão cambial, os números são crescentes. O valor total de mercado para soja sai de 27,24 bilhões de reais na safra passada para 29,83 bilhões. Nos fungicidas, estima-se que vá de 11,48 bilhões em 2019/20, para 12,69 bilhões nesta temporada.

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Ferrugem

A pesquisadora da Embrapa Soja Claudia Godoy, que atua na coordenação do Consórcio Antiferrugem, estima que o custo médio para controle da doença no Brasil é de, aproximadamente, 2,8 bilhões de dólares, número ainda maior que o projetado pelo sindicato do setor.

"Nesta safra, cerca de 80% das ocorrências da doença estão acontecendo na fase final do ciclo da soja (fevereiro/março)… não necessariamente vai gerar perdas (de produtividade) é um custo adicional", afirmou.

Ela disse que o problema seria maior se uma parte significativa dos agricultores tivesse conseguido plantar a safra no início da temporada e outros semeassem tardiamente. "Como atrasou para todos, não teve ninguém gerando inóculo para ninguém (nas demais fases da planta)", explicou a pesquisadora.

Nesta safra, 337 ocorrências de ferrugem foram registradas no consórcio até esta quinta-feira, ante 213 no ciclo anterior. O Rio Grande do Sul lidera com 133 notificações, seguido pelo Paraná, com 100.

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O engenheiro agrônomo e extensionista da Emater-RS, Elder Dal Prá, disse que o avanço nos dados do consórcio não significa somente novos casos, quer dizer também que o controle está mais rigoroso e produtores, que antes não relatavam ocorrências da doença, passaram a informar.

Ele afirmou ainda que os casos no Rio Grande do Sul foram maiores nesta temporada porque a safra 2019/20 foi marcada por condições climáticas muito secas, que limitaram a proliferação da ferrugem.

"Na metade norte do Estado, tem lavouras com potencial produtivo maior e nessas áreas eles fazem de quatro a cinco aplicações de fungicida (nesta safra), disse o Dal Prá, ressaltando que os casos começaram a surgir em janeiro, com as chuvas.

Mas ele lembrou que em situações extraordinárias já foram necessárias mais de cinco aplicações para controlar a ferrugem, em temporadas que a doença apareceu já em dezembro.

No Paraná, o economista do Departamento de Economia Rural (Deral) Marcelo Garrido, confirmou que as chuvas impulsionaram as ocorrências de ferrugem no Estado, embora não consiga mensurar o quanto isso pesará no bolso do produtor.

"Não temos dados consolidados, mas é certo que o custo para o controle foi maior nesta safra", afirmou.
Source: Rural

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