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(Foto: Fernando Martinho/Ed. Globo)

 

A rede chilena Cencosud, que reúne mais de 200 supermercados no Brasil sob as bandeiras GBarbosa, Bretas, Prezunic, Perini e Mercantil Rodrigues, anunciou que irá vender apenas ovos de galinhas criadas livres de gaiolas em seus estabelecimentos no país. A empresa, presente em oito estados brasileiros, promete implementar a diretriz até 2025 para produtos da própria marca e até 2028 para os de outros fornecedores em suas lojas.

"O tempo para que seja adotada a venda exclusiva de ovos de galinhas livres de gaiola nas grandes redes de supermercados depende de uma mudança na indústria e nos hábitos dos consumidores", declarou a Cencosud, em nota enviada à Globo Rural. De acordo com a rede, os produtores têm declarado ainda não estarem preparados para entregar no modelo cage free o mesmo volume do produto consumido hoje. "Cabe aos varejistas o esforço comercial e logístico para oferecer o produto em suas lojas", frisou.

A rede de supermercados declarou estar atenta às mudanças do setor varejista e às necessidades dos consumidores, fornecedores e meio ambiente. "Por isso, buscamos atuar tanto na questão do bem-estar animal como da preservação ambiental e do respeito às leis trabalhistas vigentes no país", informa, em nota. De acordo com o ranking da Associação Brasleira de Supermercados (Abras), a Ceconsud está entre os cinco maiores do país. Também tem operações na Argentina, Chile, Colômbia e Peru, e um escritório na China.

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A política a ser adotada pela empresa foi divulgada pela Humane Society International (HSI), organização sem fins lucrativos que atua na área de bem-estar animal e que afirma ter discutido a nova diretriz em conjunto com outras organizações. Segundo a HSI, a Cencosud promove visitas a granjas, eventos técnicos e troca de conhecimento para assegurar a transição para sistemas com maior níveis de bem-estar no Brasil e em outros países.

“Os sistemas de produção livre de gaiolas oferecem maiores níveis de bem-estar animal, permitindo que as aves expressem mais de seus comportamentos naturais, como os que vemos em galinheiros caipiras: ciscar, botar os ovos em ninhos e empoleirar”, afirma Maria Fernanda Martin, gerente de programas e políticas do departamento de bem-estar dos animais de produção da HSI no Brasil. 

Segundo ela, a organização atua junto aos produtores e tomadores de decisões para discutir mudanças nas cadeias produtivas de ponta a ponta. Os ovos das galinhas criadas livres podem ser vendidos sob as marcas de cage free – livre de gaiolas -, free-range – quando os animais têm acesso a áreas externas – ou orgânicos, quando toda a alimentação da galinha é feita com produtos orgânicos.

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De acordo com Ianê Almeida, especialista em bem-estar animal da HSI no Brasil, os ovos livres de gaiola, por serem considerados um produto de nicho, ainda têm preços cerca de 20% maiores que os convencionais para o consumidor. Mas produzi-los pode ser menos custoso para o avicultor.

“Quando fomos a campo, percebemos que construir um aviário cage free sai mais barato do que um automatizado, no sistema em bateria. O que pode cair é a produtividade, o número de ovos por metro quadrado, uma vez que as galinhas não ficam mais amontoadas”, diz Ianê.

Outras empresas

Com a decisão, a Cencosud se junta a outras redes, como Carrefour, Grupo Big e Grupo Pão de Açúcar (GPA), que já anunciaram a adoção apenas de ovos de galinhas livres de gaiolas em suas gôndolas. Entre os fornecedores, o Grupo Mantiqueira, maior produtor de ovos da América do Sul, com um volume anual de 2,3 bilhões de unidades (4,7% da produção nacional), anunciou em 2020 que não investirá mais em novas unidades com gaiolas. O cage-free deverá representar 25% da oferta total da empresa nos próximos cinco anos.

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Mas, segundo a consultora da Human Society International, Carolina Maciel, muitos produtores ainda têm dúvidas sobre a adoção do sistema. “Sem a gaiola, muda tudo: o manejo, a produção. Como, no Brasil, ainda não há uma legislação específica, o ambiente pode ser inseguro”, diz.

A HSI reconhece que a transição não se dá de um dia para o outro. “Quando nós entramos em contato com uma empresa, é com o objetivo final de ajudar os animais, mas também de auxiliar o produtor e o comerciante, para que eles consigam se inserir no mercado de hoje com suas exigências de sustentabilidade", afirma Ianê Almeida.

*sob supervisão de Raphael Salomão, editor-assistente
Source: Rural

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