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Consumo de café no Brasil aumentou no ano passado (Foto: Getty Images/iStockphoto)

 

O consumo de café no Brasil cresceu 1,34% em 2020, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Somando as 20,2 milhões de sacas de café torrado e moído ao café solúvel, foram consumidas 21,2 milhões de sacas, segundo maior consumo da série histórica, o que dá uma média per capita de 4,79 kg. O recorde foi registrado em 2017, com 22 milhões de sacas.

Para os próximos meses, o presidente da Abic, Ricardo Silveira, disse, em entrevista coletiva, nesta terça-feira (9/3), que deve haver um aumento de preços do produto, já que o período é de entressafra, a próxima safra será menor do que a de 2020, continuamos em fase de pandemia da Covid-19 e o café é um produto muito sujeito a especulações. “Muitas indústrias foram prejudicadas no ano passado e precisam ganhar um pouco mais para se manter no mercado. Devemos ter alguns aumentos, mas não vai afugentar o consumidor.”

Ele ressaltou que o aumento das exportações não ameaça o mercado interno e que o café é um produto barato. Corresponde hoje a um gasto inferior a 2% do valor do salário mínimo, considerando um consumo de um quilo por mês para uma família de 4 pessoas. “O café já chegou a custar 5% do valor do salário mínimo.” Mesmo com menor oferta e pandemia, o diretor projeta um aumento de consumo, sem arriscar valores.

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A Abic fez, em 2020, uma pesquisa de perfil do setor com seus associados, que processam 72,4% do café nacional. O levantamento mostra que 80,3% do café à venda no país é embalado em almofada e 10,2% do pacote a vácuo, revertendo uma tendência dos anos 2000.

“A embalagem a vácuo representava 40% em 2000, mas seu uso caiu porque não se pagou no ponto de venda o valor agregado dessa tecnologia, que demanda mais gastos”, diz o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio. Segundo ele, a vantagem do café a vácuo é manter a conservação por mais tempo.

Inácio disse ainda que o aumento de consumo em ano de pandemia se explica pelo fato de as pessoas ficarem mais tempo em casa. Por outro lado, a queda nas vendas em cafeterias trouxe perdas, mas o prejuízo maior foi de marketing, já que o volume é pequeno nesses pontos de venda.

O perfil das indústrias de café mostra que 82% são micro e pequenas empresas com capacidade instalada de até 2 mil sacas e que a terceirização passou de 2% para 7% em 20 anos. No mix de produtos, a pesquisa apontou que o café torrado e moído representa 81,4% do volume, mas os torrados em grão passaram de 3,7% em 2000 para 15%. Supermercados regionais, pequenos varejos e redes médias representam 57,6% do faturamento do setor.

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Outro dado da pesquisa destacado pelo diretor-executivo foi o crescimento da certificação e qualidade no setor. Segundo ele, atualmente há 3.000 produtos certificados quanto à pureza e 1.047 por categoria de qualidade. “Em cinco anos, houve um aumento de 85% na certificação de cafés de alta qualidade e, só em 2020, 34% das indústrias implantaram programas de sustentabilidade.”

Segundo o presidente da Abic, nos últimos dois anos houve uma aproximação maior entre produtor de café e indústria com mudanças nas premiações de cafés em leilão e nos concursos de qualidade. “Os atravessadores, ou melhor, corretores de café não foram eliminados, mas a indústria passou a comprar mais do próprio produtor.” Há 20 anos, a relação direta da indústria com o produtor garantia 25% do volume. Em 2020, saltou para 71%.

O país se mantém como o segundo maior consumidor de café do mundo, com cerca de 6 milhões de sacas a menos que o líder, Estados Unidos. “Se for considerar apenas a bebida quente, somos o primeiro consumidor”, diz o diretor-executivo.

Produção menor

Nesta safra, devido à bienalidade da cultura, o Brasil deve produzir cerca de 2,7 milhões de toneladas de café (45 milhões de sacas de 60 kg), uma queda de 27,3% em relação ao ano anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dados do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) indicam que, de de julho de 2020 a janeiro de 2021, o país embarcou 27,8 milhões de sacas de 60 kg de café (grãos verdes, torrados e solúvel), um alta de 17,3% em relação à temporada anterior.
Source: Rural

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