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Carne cultivada em laboratório é produzida com o uso de células animais (Foto: Universidade de Maastricht/Divulgação)

 

O preço da carne cultivada em laboratório a partir de células animais pode atingir um valor de mercado altamente competitivo em relação à convencional em 2030, chegando a custar US$ 5,66/kg (R$ 33,25/kg). O produto ainda impacta 92% menos no aquecimento global, é 93% menos poluente, proporciona 78% menos desperdício de água e ainda utiliza 95% menos de terra.

Os dados são resultado de estudos inéditos realizados pelo The Good Food Institute (GFI) e Global Action in the Interest of Animals (GAIA), em parceira com a empresa de pesquisa independente CE Delf, divulgados na terça-feira (9/3), com um quadro completo dos custos e impactos ambientais da produção de carne cultivada em grande escala.

A pesquisa revelou ainda que os produtos híbridos – feitos da combinação de carnes vegetais com carne cultivada – oferecem uma oportunidade atraente a curto prazo, reduzindo ainda mais os custos e assemelhando-se ao que os pesquisadores chamam de uma forma mais completa à experiência de comer carne.

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“Esta pesquisa fornece uma base sólida sobre a qual as empresas podem construir, melhorar e avançar em sua meta de produzir carne cultivada de forma sustentável em escala e a um preço competitivo”, afirma Ingrid Odegard, pesquisadora sênior da CE Delft. 

Ciclo de vida

A avaliação do ciclo de vida (LCA) e a avaliação técnico-econômica (TEA) utilizam dados concretos de empresas que já estão ativas nessa cadeia de produção. O LCA analisa diversos cenários, incluindo o uso de energia renovável, tanto pela indústria de carne convencional quanto pela cultivada, caso se comprometam com esforços de mitigação do clima.

No cenário mais otimista, levando em consideração as projeções ambiciosas para as conquistas da pecuária convencional em melhorias de impacto ambiental, os pesquisadores concluíram que a carne cultivada é superior à produção convencional em termos de emissão de carbono, uso desmoderado de recursos naturais e desmatamento.

Quando feita com energia renovável, a carne cultivada tem impacto ambiental 93% menor em relação à carne bovina convencional, 53% inferior ao da suína e 29% menor quando comparada com a carne de frango, segundo os cálculos do LCA.

“O mundo não chegará a emissões zero sem tratar dos alimentos e da terra, e as proteínas alternativas são um aspecto fundamental de como fazemos isso. Como esses novos modelos mostram, se pudermos concentrar o impacto ambiental da produção de carne em um único espaço gerenciável, energizando-o com fontes de energia limpa, é assim que ajudamos o mundo a chegar a emissões zero de carbono”, explica a Diretora de Ciência e Tecnologia do GFI Brasil, Katherine de Matos.

Outro benefício, de acordo com o estudo, é a possibilidade de recuperação de áreas atualmente destinadas às culturas e pastagens para alimentação dos rebanhos. Nas contas dos pesquisadores, a carne convencional usa até 19 vezes mais terra do que a cultivada. A transição de um sistema produtivo para o outro poderia liberar áreas para restaurar ecossistemas.
Source: Rural

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