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O brasileiro Pedro Coelho, Frances H. Arnold e Peter Meinhold, fundadores da Provivi (Foto: Provivi/Divulgação)

 

Criada pelo químico brasileiro Pedro Coelho e outros dois sócios, a startup norte-americana Provivi, de soluções de controle biológico de pragas agrícolas, recebeu uma aporte milionário para alavancar seus investimentos. Foram US$ 55 milhões (cerca de R$ 298 milhões), dos quais US$ 10 milhões (cerca de R$ 54 milhões) vieram da Bill & Melinda Gates Foundation, entidade mantida pelo fundador da Microsoft e sua esposa.

O aporte, que faz parte da série C de uma rodada que totaliza US$ 140 milhões, será destinado ao desenvolvimento de tecnologias de controle biológico por feromônios (hormônios sexuais de insetos) para agricultores de subsistência em países da África e Ásia. Em sete anos, a empresa já soma US$ 200 milhões em investimentos.

Fundada em 2013, a Provivi tem como sócios – além de Pedro Coelho – Peter Meinhold e a engenheira química Frances H. Arnold (Prêmio Nobel de Química em 2018). Utiliza enzimas para produzir feromônios de insetos de maneira mais econômica e estável.

Usado na Europa e no México, o produto da empresa será lançado no Brasil na safra 2021/2022, para controle da lagarta-do-cartucho em soja, milho e algodão. Também será lançado no Quênia, para combater a praga nas lavouras de milho, e na Indonésia, no cultivo de arroz. A área total trada com a solução chegará a cerca de 160 mil hectares no mundo.

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Segundo Coelho, a Gates Foundation já é conhecida por investir em empresas voltadas para soluções em agricultura em países em desenvolvimento. Uma parte do dinheiro que recebeu será direcionada para desenvolver versões biodegradáveis de produtos do portfólio da Provivi. Outra será aplicada na criação de valor de produtos para os fazendeiros de subsistência no Quênia, Índia e Bangladesh.

Biológicos

O químico brasileiro conta que, quando decidiu, juntamente com os sócios, montar uma startup, não sabia ao certo o que iria fazer. A solução foi explorar algo nas áreas em que eram especialistas: biocatálise (uso de enzimas para catalisar reações químicas) e biossíntese.

“Levou um ano para chegar na ideia do feromônio e o que me cativou muito nessa pauta é que é um problema grande de controle de inseto-praga, que também é bem difícil de resolver”, explicou.

Os desafios eram muitos pois, segundo Coelho, moléculas químicas que controlam as pragas nem sempre são as melhores soluções para o meio ambiente, para humanos e os outros insetos. “Tem que encontrar uma solução que seja segura, altamente seletiva, que não deixe resíduos no alimento e que tenha um approach que não gere resistência, como os antibióticos”, pensou.

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Na literatura, ele se deparou com o controle biológico através dos feromônios, usado há mais de 30 anos em culturas como a maçã, onde o uso de químicos caiu na Europa e nos Estados Unidos. “Com isso, eu achei que a solução parece ser comprovada e bem elegante. Mas por que que todo mundo ainda não tá usando isso?”, questionou.

A resposta foi que os feromônios têm um alto custo de produção e são substâncias muito voláteis e inconstantes. O desafio era produzir algo mais barato e estável. Coelho acredita que produtos biológicos a base dessas substâncias naturais que controlam o comportamento de insetos são a base do manejo integrado de pragas. Podem permitir a combinação com os outros biológicos e também com químicos.

“Eles servem para guiar o fazendeiro para o uso ou não de outros produtos químicos ou biológicos, como uma ferramenta preventiva. O químico mata. O biológico tem que saber quando aplicar, tem todo um ecossistema de dados para posicionar o produto no tempo correto. No caso do feromônio, ele é um preventivo.  Diferente de uma bactéria, um fungo, ele não mata, só confunde os adultos para que eles não se encontrem e não consigam cruzar, reduzindo a população da praga na lavoura”, explica Coelho.
Source: Rural

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