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BRF planeja colocar carne cultivada no mercado (Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo)

 

O anúncio feito na manhã desta quinta-feira (4/3) pela BRF, de que assinou um memorando de entendimento com a startup israelense Aleph Farms para produção de carne cultivada em laboratório do Brasil, faz da empresa a primeira multinacional do setor de alimentos a ter data prevista para o lançamento de produtos desenvolvidos a partir da tecnologia.

“O que a gente vê hoje é que muitas dessas empresas estão investindo nas startups, mas é um processo diferente do que vimos nesse acordo. Não há nada que tenha sido anunciado no sentido de comercialização num curto espaço de tempo”, Raquel Casselli, gerente de engajamento corporativo do The Good Food Institute (GFI).

Segundo as informações divulgadas pela BRF, o primeiro produto à base de carne cultivada produzido pela empresa deve chegar aos supermercados brasileiros em 2024. Globalmente, apenas uma empresa, a startup americana Just, iniciou as vendas de proteína animal obtida em laboratório. Junto com ela, a GFI estima que haja cerca de 70 empresas focadas na obtenção da carne cultivada, concentradas principalmente em Europa, EUA e Israel.

“Obviamente, cada empresa que produz tem sua tecnologia própria e a maneira própria de olhar para reprodução celular, diferenciação, qual matéria prima vai ser usada e de que maneira conseguem fazer isso com escala, chegando num preço que seja atrativo”, explica Raquel ao ressaltar que “tudo isso vai depender da tecnologia que cada empresa escolher”.

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Já a Aleph Farms pode ser considerada uma veterana de mercado, tendo iniciado suas pesquisas em 2016. No ano passado, ganhou as páginas dos jornais do mundo todo quando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, provou um bife produzido a partir da tecnologia desenvolvida pela startup.

“Pelo tempo que eles anunciaram o início dos seus trabalhos, pelos anúncios que foram fazendo ao longo do tempo, em termos de protótipos gerados, capitação de recursos, um diria que já é uma figurinha conhecida no mercado de proteínas alternativas”, observa a gerente de engajamento corporativo do GFI.

A instituição mediou a aproximação entre as duas empresas, oferecendo dados de mercado e avalia que o anúncio desta quinta-feira (4/3) atraia novos investimentos do setor no Brasil. “Isso pode atrair novas empresas, novas start-ups, novos investidores e coloca o Brasil no ranking dos países que estão olhando para carne cultivada”, completa Raquel.

Ela estima que, até 2022, haja o anúncio de outros cinco a dez lançamentos de carne produzida em laboratório em nível mundial, tal como o da BRF. “Isso via depender muito de como o mercado global vai se comportar e se realmente isso vai se consolidar. Mas as informações públicas que a gente tem vão um pouco nesse sentido”, diz.

Ela lembra que a previsão da consultoria norte-americana ATKearney é de que o mercado global de carne cultivada alcance U$ 630 bilhões até 2040, abocanhando 35% das vendas totais do setor de proteína animal.
Source: Rural

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