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Nova tecnologia de soja transgênica da Corteva estará disponível neste ano (Foto: Reprodução Facebook/Corteva)

 

Um novo herbicida hormonal com o princípio ativo 2,4-D é a aposta da multinacional Corteva Agriscience para o combate à buva, uma planta daninha de folhas largas vilã da soja, que germina em condições adversas e tem um sistema radicular muito agressivo. A planta surgiu no Rio Grande do Sul mas atinge, atualmente, cerca de 16 milhões de hectares de lavouras de soja em todo o país, segundo a Embrapa.

O 2,4-D é o agrotóxico mais usado na operação de manejo da buva em plantio direto. Mas tem causado disputa entre produtores de soja e de frutas do Rio Grande do Sul nos últimos anos. Isso porque a deriva do produto, que pode chegar a 30 km do local da aplicação, provocou prejuízos em vinhedos, oliveiras, macieiras e mais oito culturas sensíveis.

No mês passado, produtores de vinhos e maçãs foram à Justiça, via ação civil pública, pedir a suspensão da aplicação do defensivo no Estado. A Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), que já estabeleceu normativas de uso da molécula, se posicionou contrária à suspensão, assim como a Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS).

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André Baptista, líder de Portfólio de Herbicida da Corteva, diz que o novo herbicida, chamado de Enlist Colex-D, pode reduzir muito os casos de deriva. Segundo ele, o produto é uma inovação do DMA 806 BR, o tradicional 2,4-D, com os mesmos benefícios: performance e baixo custo. “O Enlist Colex D tem volatilidade ultrabaixa, odor reduzido e pode diminuir em até 90% os casos de deriva.”

O Colex D foi testado no pré-plantio desta safra e será disponibilizado em grande volume para a safra 2021/22. Ele integra a plataforma Enlist, que terá um grande lançamento nos próximos meses. Trata-se da nova tecnologia da semente transgênica da Corteva, que é resistente ao 2,4-D e também ao glifosato. A soja Enlist, que demandou dez anos de desenvolvimento no Brasil, foi lançada nos Estados Unidos há três anos.

A empresa não revela o investimento no desenvolvimento da nova semente. Diz apenas que investe globalmente US$ 1,2 bilhão por ano em pesquisas, sendo R$ 200 milhões no Brasil.

Deriva zero

O especialista da Corteva diz que produtores gaúchos que fizeram o treinamento e aplicaram o Colex D seguindo as boas práticas agrícolas, respeitando as condições climáticas, como temperatura inferior a 30ºC, umidade relativa do ar superior a 55% e velocidade média do vento entre 3 e 10 km por hora, e usaram o bico de indução de ar recomendado tiveram deriva zero.

Baptista, que trabalhou muitos anos no Rio Grande do Sul, diz que o mau uso do 2,4-D é o que causa prejuízos para todas as cadeias. “A deriva provoca aumento dos custos de produção e ineficiência no controle de plantas daninhas. Ao adotar as devidas precauções, o produtor preserva as culturas sensíveis e as áreas vizinhas.”

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Alisson Guadagnin, agricultor de terceira geração que cultiva 348 hectares de soja em Getúlio Machado (RS), foi um dos produtores que usou Colex D na safra 2020/21 . “É muito eficiente, bem melhor que o anterior. Deixa poucos resíduos, já vem com o adjuvante, o que simplifica o trabalho de aplicação e torna mais fácil controlar a deriva. Não tive nenhuma reclamação dos vizinhos. O custo é um pouco maior, mas vale o custo-benefício."

Guadagnin ressalta, no entanto, que os casos de deriva na sua região são pontuais e causados por produtores que usam pouca tecnologia, equipamentos obsoletos e não seguem as normas de aplicação. “De fato, o problema não é o 2,4-D e sim o produtor.”

Força-tarefa

Luís Ribeiro, gerente de regulamentação estadual da Associação Brasileira de Defensivos Pós-Patente (Aenda), coordena a força-tarefa de empresas criada no Rio Grande do Sul em 2019 para reavaliar o uso do 2,4-D. O coordenador diz que as empresas trabalham em parceria com a SEAPDR e o Ministério Público do Estado (MPE) para oferecer cursos aos produtores e soluções para a fiscalização da deriva.

Integram a força-tarefa Syngenta, Ourofino, Ihara, Rainbow, Alamos Brasil, UPL, Sumitomo Chemical, Adama e mais 17 empresas que têm registro de produto no Brasil com o princípio 2,4-D.

Sem condições de oferecer cursos presenciais devido à pandemia, o grupo produziu um vídeo com instruções detalhadas sobre as boas práticas de aplicação do herbicida e um folder explicativo para ser entregue junto com a nota fiscal ao cliente, após ele assinar um termo de compromisso de aplicação segura.

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Além de se comprometer a oferecer treinamento e informações aos usuários do produto, as empresas, após acordo com o MPE, repassaram à secretaria “valores altíssimos”, segundo Ribeiro, para a compra de estações meteorológicas e montagem de estruturas de fiscalização da deriva do 2,4-D. “O Estado não gastou nada.”

A Corteva, o maior fabricante do 2,4-D não integra a força-tarefa por ter sua própria estrutura de treinamento. A multinacional pagou sua parte em equipamentos, ofereceu treinamento para 1.500 produtores e doou 1.500 bicos de indução de ar.

“A força-tarefa está fazendo sua parte, mas é preciso uma mudança de atitude do produtor para aplicar o produto seguindo as orientações do engenheiro agrônomo e da bula e não como ele faz há anos”, finaliza Ribeiro.
Source: Rural

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