(Foto: Jaine Souza/Embrapa/Divulgação)
Pesquisadores da Embrapa e da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) desenvolveram um método de preparo de buchada e dobradinha, pratos derivados de carne ovina típicos do Nordeste, que possibilita a disponibilização desses alimentos pré-prontos nos mercados.
A formulação da equipe garante o controle higiênico-sanitário dos produtos e aumenta o tempo de conservação. A técnica agora será repassada a profissionais de abatedouros, frigoríficos e agroindústrias, e as receitas devem chegar aos supermercados do Nordeste e do Sudeste.
Os testes mostraram aceitação de 90% em relação ao aroma e sabor dos pratos, produzidos pelo novo método. Segundo a Embrapa, 84% afirmaram que consumiriam a buchada, caso estivesse disponível no mercado – 90% disseram o mesmo em relação à dobradinha.
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A buchada e a dobradinha são pratos elaborados de forma artesanal, o que aumenta as possibilidades de contaminação microbiana. Por isso, atenção especial foi dada ao desenvolvimento de técnicas que tornem esses alimentos mais seguros para o consumidor final.
De acordo com Lisiane Dorneles, pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos, o aproveitamento das vísceras e órgãos dos ovinos agrega valor ao negócio e ajuda a reduzir o desperdício de matéria-prima, uma vez que o foco dos produtores é a carcaça.
“Na maioria das vezes, esse material é tratado como resíduo industrial, sem valor comercial e causa problemas ambientais”, explica.
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Ela também observa que o consumo de buchada e dobradinha tem diminuído entre os jovens em função de o preparo ser muito trabalhoso.
“Diante disso, faz-se necessário incentivar o consumo e o desenvolvimento de produtos elaborados com vísceras, a partir de técnicas que facilitem o preparo, bem como a oferta de porções que sejam condizentes com as necessidades dos consumidores e que ofereçam garantia da qualidade higiênico-sanitária”, destaca.
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Para a engenheira de alimentos e professora da UVA, Ana Sancha Malveira, a carne ovina, apesar de muito nutritiva e saborosa, ainda é desperdiçada. “Quando o brasileiro perceber o ouro que é essa carne, ele vai dar um salto de qualidade de vida muito grande”, acredita.
Como nordestina e consumidora desses pratos tradicionais desde a infância, Ana afirma que os resultados alcançados pelo projeto podem colocar a carne ovina no patamar que ela merece e mostrar seu valor às outras regiões do país.
Source: Rural