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(Foto: Adriano Machado/Reuters)

 

A menos de uma semana da cada vez mais disputada eleição para a presidência a Câmara dos Deputados, os candidatos seguem em busca dos 257 votos necessários para o dia 1º de fevereiro. E um dos apoios mais cobiçados é o da Bancada Ruralista.

Na sexta-feira (22/1), alguns deputados da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) se reuniram com Jair Bolsonaro para selarem um compromisso com a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), preferido do presidente, para o comando da Câmara.

Apesar disso, ainda não há unanimidade sobre como a Bancada Ruralista vai votar na próxima semana. O motivo é que há outro parlamentar ligado ao setor entre os favoritos na disputa: Baleia Rossi (MDB-SP).

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Oficialmente, a FPA não manifesta sua preferência, alegando ser suprapartidária. Ainda assim, no dia 6 de janeiro, Sérgio Souza, novo presidente da Bancada Ruralista, que tomará posse em fevereiro, expressou publicamente seu apoio a Baleia. “Estou ao lado de Baleia Rossi, o nosso candidato à presidência da Câmara pelo meu partido, pelo MDB”, disse em uma rede social.

Ao todo, a FPA é composta por 241 deputados e 39 senadores, distribuídos entre 22 partidos, sendo o PP, de Lira, a legenda com maior número de representantes, seguido do PSL, cuja ala bolsonarista, antes favorável a Baleia, passou a integrar o bloco a favor de Lira.

A movimentação pode ser um resquício do que o presidente Jair Bolsonaro disse no dia 11 de janeiro sobre não entender como deputados “do campo” apoiavam Rossi. “Alguns parlamentares do campo, em vez de apoiarem nosso candidato, estão apoiando outro candidato. Não entendo. Temos que ter unidade”, afirmou.

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(Arte: Estúdio de Criação/Ed. Globo)

 

 

 

 

 

Para Marco Antonio Teixeira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP), não se pode olhar o agronegócio como um grupo coeso, pois há pautas que divergem. “Tem grupos que têm um diálogo muito forte com a pauta ambiental, há alianças possíveis com o meio ambiente, pequenos produtores. Não podemos achar que todo mundo é igual”, explica.

Eduardo Viveiros, cientista político da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), chama a atenção para o risco de a força política “chegar a um controle da situação que privilegie o homem do campo e o grande agronegócio”.

“A Bancada Ruralista deve usar essa força a favor da autoridade e não do autoritarismo”, sugere. As eleições, marcadas para a próxima segunda-feira (1/2), têm voto secreto. Por isso, ter o maior grupo não é sinônimo de vitória. Até lá, os partidos podem trocar de bloco.

Conheça os favoritos

Arthur Lira (PP-AL)

(Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)

 

 

Em entrevista à Revista Globo Rural, Lira, que é líder do centrão, confirma receber apoio dos ruralistas. Caso seja eleito, ele pretende pautar o licenciamento ambiental, a regularização fundiária e o trato dos defensivos agrícolas, mas segundo ele, sem colocar suas convicções acima do cargo de presidente.

“Não são temas fáceis e talvez precisaremos escalonar o debate, para termos uma discussão transparente e que evite versões infundadas. O papel do presidente da Câmara é esse, e quem decide é o colégio de líderes, o plenário e a votação. Não tem que existir pauta do presidente”, afirma.

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Alvo de investigações e processos, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF), Lira se apresenta como agropecuarista na biografia da Câmara dos Deputados e já declarou para a Justiça ser dono de metade de fazendas em São Sebastião (AL), herdadas do pai, o ex-deputado Benedito Lira, com quem é sócio na D Lira Agropecuária e Eventos Ltda.

O papel do presidente da Câmara é esse, e quem decide é o colégio de líderes, o plenário e a votação. Não tem que existir pauta do presidente

Arthur Lira, deputado federal (PP-AL) 

Na Câmara, ele já participou de comissões relacionadas ao agronegócio e ao meio ambiente, como a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (2011-2013) e a Comissão de Demarcação de Terras Indígenas (2014-2015).

Questionado se enxerga pautas divergentes dentro da bancada, ele assegura que é capaz de abordar qualquer assunto, inclusive porque a posição como líder do centrão dá esta oportunidade. “Essa experiência, a expertise dos partidos de centro, onde me alinho, dão a oportunidade de tratar dos temas mais saborosos aos mais complicados”, diz o candidato.

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Baleia Rossi (MDB-SP)

(Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)

 

 

Em sua biografia na Câmara, Baleia Rossi se considera um empresário, e não há relação direta com o agronegócio na participação de comissões da Casa. Ainda assim, o deputado acompanha pautas do setor, inclusive por ser filho de Wagner Gonçalves Rossi, ex-ministro da Agricultura no governo de Dilma Rousseff, e ter sido vereador de Ribeirão Preto.

Recentemente, Rossi propôs que a Medida Provisória da regularização fundiária se tornasse projeto de lei. Sobre a mudança de lado de integrantes do PSL, o emedebista afirmou não se importar, pois “era algo esperado”. “Nós sabemos que o PSL tem uma divisão interna”, declarou. Ele é o candidato escolhido por Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara, e também tem a preferência dos votos da cúpula de partidos da esquerda.

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Baleia Rossi não retornou aos contatos da Revista Globo Rural sobre um pedido de entrevista até a publicação desta reportagem.

Demais candidatos

 

Também concorrem à presidência da Câmara outros sete candidatos: Luiza Erundina (PSol-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Alexandre Frota (PSDB-SP), André Janones (Avante-MG), Capitão Augusta (PL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG) e General Peternelli (PSL-SP).

Candidatos à presidência da Câmara dos Deputados até dia 22 de janeiro (Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)

 
Source: Rural

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