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(Foto: José Medeiros/Ed. Globo)

 

A chuva, tão aguardada pelos produtores de soja no início da temporada 2020/21, atingiu grandes volumes em algumas regiões do Brasil e já se torna uma preocupação por dificultar o acesso às lavouras para colheita, fato que amplia ainda mais o atraso dos trabalhos no maior fornecedor global da oleaginosa.

Uma safra atrasada inicialmente pela falta de umidade para o plantio já indicava menor disponibilidade do produto em janeiro, o que tem se refletido em baixas exportações da oleaginosa neste mês. A lentidão na colheita ainda colabora para jogar parte do plantio de milho segunda safra para fora da janela ideal.

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Por outro lado, as precipitações são bem-vindas para as lavouras de soja que foram semeadas mais tarde, após a seca, contribuindo na recuperação da produtividade em Estados como o Rio Grande do Sul, que devem receber grandes volumes até o final do mês.

Nos últimos sete dias, as chuvas ficaram acima da média na maior parte do Paraná e no sul de Mato Grosso do Sul, segundo dados da Refinitiv. "A chuva é boa para instalações mais tardias, mas quem conseguiu plantar logo após o início da janela amarga paralisação (na colheita) pelo excesso de chuva, casos do Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso", afirmou o meteorologista da Somar Celso Oliveira.

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O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, disse que as condições climáticas ainda não são consideradas fora do normal, porém, acredita que a "safrinha" deverá ser plantada um pouco fora da janela ideal.

"Há essas situações, não tem nunca um ano perfeito. Não temos relatos de grãos perdidos, mas acaba atrapalhando o desenvolvimento da segunda safra", afirmou Pereira.

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A consultoria AgRural informou na segunda-feira que a colheita brasileira havia alcançado somente 0,7% da área semeada com soja em 2020/21 até o dia 21 de janeiro, com avanço de apenas 0,3 ponto percentual na variação semanal, limitado pelo volume de chuvas.

No mesmo período do ano anterior, os trabalhos chegavam, em média, a 4,2% das áreas, de acordo com o levantamento. Com isso, a consultoria ainda não registrava volumes significativos para o plantio de milho segunda safra.

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No Paraná, o analista do Departamento de Economia Rural (Deral) Edmar Gervásio disse que o oeste do Estado já deveria ter iniciado a semeadura do cereal para a safrinha. "Porém as chuvas estão segurando a colheita da soja e por consequência o plantio do milho", afirmou.

Apesar de a maioria das áreas ser cultivada a partir de fevereiro, ele afirmou que, historicamente, a semeadura de milho safrinha no Paraná fica entre 2% e 10% em janeiro. "O fechamento do relatório mensal é nesta semana e dificilmente teremos mais que 2% de área plantada. Chegar aos 10%, sem chance", estimou Gervásio.

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Em Mato Grosso, há registros de cultivos atrasados da segunda safra. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) disse na última sexta-feira que as primeiras lavouras de milho safrinha foram semeadas, atingido 1,01% da área. No entanto, no mesmo período da safra passada, o plantio estava em 9,82%, pouco acima da média de cinco anos para esta época, de 9,59%.

No algodão, o atraso era ainda maior, visto que o plantio da fibra alcançava 16,09% das áreas esperadas, ante 56,58% em 2019/20 e 48,10% na média histórica para Mato Grosso, segundo o Imea.

Neste cenário de atraso, o baixo volume de soja disponível no mercado também fez com que o Brasil, maior produtor e exportador da oleaginosa, reduzisse em 98% a média diária de embarques do grão até a terceira semana de janeiro, ante o mesmo mês de 2020, segundo dados do governo federal.

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Previsão

O agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio Santos, disse que uma nova frente fria de grande intensidade se aproxima, com chegada prevista para quarta-feira (27/1), e deve trazer chuvas excessivas para o Sul do país. A expectativa indica que as precipitações devem se estender até o início de fevereiro.

"Essa condição já começa a trazer sérios problemas, tanto para a realização da colheita da soja, que muitas regiões já estão aptas, quanto para a realização de tratos culturais, como pulverizações", alertou.

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Segundo ele, as condições podem desencadear sérias dificuldades para que os agricultores consigam fazer a aplicação de fungicidas, por exemplo.

Oliveira, meteorologista da Somar, ressaltou que também há previsão de chuva forte no oeste de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, sudoeste de Goiás, região Norte e partes do Maranhão e Piauí. "Todas as áreas receberão pelo menos 50 milímetros em sete dias", estimou.
Source: Rural

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