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(Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

Normalmente plantada entre final de dezembro e início de janeiro, para reduzir o risco climático de seca durante as fases mais críticas do seu desenvolvimento, a segunda safra de milho deste ano deve entrar em março ainda em fase de semeadura no Brasil, segundo previsão da Agroconsult. Durante lançamento da edição deste ano do Rally da Safra, expedição que percorrerá as lavouras do país nos próximos meses, a consultoria destacou que a alta do grão na bolsa de Chicago, associada à desvalorização do real, geram perspectivas de rentabilidade que favorecem a maior tomada de risco dos produtores.

“Num ano de preços elevados e de rentabilidade potencial muito alta, como é o caso deste ano, ninguém vai economizar no plantio em termos de tecnologia nem vai deixar de plantar porque atrasou o calendário em dez dias. Vai correr o risco”, destacou o presidente da Agroconsult, André Pessôa. A previsão da consultoria é de uma área plantada de 14,3 milhões de hectares nesta segunda safra, um milhão acima do observado em 2019/2020, com uma produção 10,8% maior, de 83,9 milhões de toneladas. Os números, contudo, ainda são uma “incógnita”, define Pessôa.

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“Vai ser plantada, com certeza. Se vai obter essa produção que a gente está apontando, nós não sabemos. Há uma mudança nos quadros climáticos mais recentes apontando para um quadro mais favorável para o desenvolvimento dessa lavoura de milho e a gente espera, realmente, uma safrinha boa”, aponta o analista. Entre as áreas onde a janela de plantio do milho safrinha foi mais afetada, a consultoria destaca o Mato Grosso e o Oeste do Paraná, onde parte da área deve migrar para o trigo.

Com o atraso no calendário, Pessôa destaca que o maior risco neste momento são as chuvas em fevereiro, o que atrapalharia a colheita da soja e atrasaria ainda mais a implantação do milho safrinha. Mesmo assim, ele descarta riscos de quebras generalizadas. “O ideal seria plantar milho no Mato Grosso até 10 ou 15 de fevereiro. Mas não é nenhum crime plantar milho até o primeiro decêndio de março. Assim como plantar milho até final de março e início de abril no Paraná não é nenhum crime. Mas é um pouco mais arriscado”, destaca o presidente da Agroconsult.

Disputa no mercado interno

Do lado da demanda, a consultoria vê um ano de disputa no mercado interno por milho, dada as vendas antecipadas voltadas à exportação e à indústria. Pessôa estima que mais de 50% da segunda safra já esteja comercializada, sobretudo com os preços internacionais a quase US$ 5 o bushel. “Com o câmbio que a gente tem hoje esse é um preço irresistível para quem tem o milho tão bom quanto o do Brasil. É um milho disputado no mundo inteiro e extremamente competitivo do ponto de vista de custo e não vai faltar comprador para o milho brasileiro lá fora”, alerta o analista, ao destacar a forte demanda chinesa pelo grão.

“Mesmo que a gente não tenha os protocolos resolvidos, os americanos e os ucranianos, se tiverem que deslocar como têm deslocado seus excedentes de exportação para a China, isso abre espaço para o Brasil e Argentina em outros mercados que eles também atendem”, pontua Pessôa. A previsão da Agroconsult é de que o Brasil exporte 39 milhões de toneladas de milho em 2020/2021, cinco milhões acima do registrado na última temporada.
Source: Rural

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