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Homenagem às vítimas de Brumadinho.  (Foto: Reuters)

 

O governo de Minas Gerais encerrou negociações com a Vale e deu um último prazo de 10 dias para que a mineradora apresente uma nova proposta que seja considerada suficiente para o fechamento de um acordo global sobre reparações pelo desastre de Brumadinho, disse nesta quinta-feira (21/1) o secretário-geral da administração estadual.

Ao deixar o que ele disse ter sido a última audiência de mediação com a mineradora sobre o tema, Mateus Simões subiu o tom e disse a jornalistas que não será aceito um valor "como se fosse uma migalha" e que a Vale "precisa demonstrar um pouco mais de contrição".

Minas Gerais almejava fechar um acordo antes que o rompimento fatal de barragem da Vale em Brumadinho complete dois anos, na próxima segunda-feira. A tragédia deixou cerca de 270 pessoas mortas, além de ter atingido a cidade, mata e instalações da própria mineradora.

"É o momento de a Vale assumir sua responsabilidade, agir com dignidade e reparar os danos que foram causados aos mineiros ou demonstrar seu antagonismo com Minas Gerais e sua posição de inimiga dos mineiros", disse Simões, a jornalistas.

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"Nós não vamos aceitar um valor como se fosse uma migalha lançada… se não for suficiente não será aceito.. me incomoda muito o tom que a Vale vem usando, como se ela estivesse dando um presente para os mineiros. Ela é o nosso algoz."

"Ela é a criminosa nesse processo, ela precisa demonstrar um pouco mais de contrição… não há ninguém aqui pedindo favores para a Vale", completou.

As declarações foram as mais duras já feitas pelo secretário desde o início das conversas sobre o possível acerto com a mineradora, das quais participam ainda outras autoridades, incluindo membros do Ministério Público Estadual e Federal.

Com o fim das negociações, Simões afirmou que um processo em que o governo estadual e outras autoridades pedem reparações à companhia deverá voltar a tramitar na primeira instância a partir do início de fevereiro, aguardando sentença.

O secretário-geral ponderou, no entanto, acreditar que o acordo ainda possa ser celebrado.

"Tenho certeza de que a Justiça ainda assim prevalecerá… esse acordo será celebrado, nós ainda temos uma janela para que ele efetivamente se celebre, como maior acordo da história do Brasil. Ou a condenação chegará como a maior da história do Brasil", disse Simões. "Nós não vamos nos lançar em um leilão para definir o valor".

A Vale não respondeu imediatamente a pedidos de comentários.

No início de janeiro, Simões afirmou à Reuters que esperava fechar um acordo superior a 28 bilhões de reais junto à Vale como reparação pelos danos gerados pelo desastre.

Nesta quinta-feira, o procurador federal Edilson Vitorelli disse que o pedido do governo mineiro e das autoridades é de uma indenização total de 54 bilhões de reais, como solicitado na Justiça, mas admitiu que poderia abrir mão de valores por um acerto.

"Podemos eventualmente ceder em alguma coisa… mas até agora não nos foi apresentada nenhuma proposta que seja razoável", afirmou.
Source: Rural

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