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Amendoim in natura. Em 2020, o Brasil exportou 259 mil toneladas (Foto: Abicab/Divulgação)

 

Criado em 2001 para monitorar a segurança alimentar dos produtos, o Programa Pró-Amendoim completa 20 anos de atuação no mercado brasileiro neste mês. O programa, criado pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), certifica com o selo Qualidade Certificada Pró-Amendoim, empresas que atendem requisitos de boas práticas de fabricação de produtos seguros à base de amendoim e derivados, de acordo com a legislação nacional.

“Além de garantir a saudabilidade do amendoim e dos produtos derivados, o trabalho realizado nesses 20 anos trouxe diversos avanços para a indústria, além de novos marcos regulatórios que foram estabelecidos por meio do trabalho da Associação em conjunto com as empresas participantes”, comemora o vice-presidente da Abicab, Renato Fechino.

A garantia de qualidade do amendoim é fundamental, principalmente por causa dos níveis de aflatoxina, uma toxina produzida por espécies de fungos do gênero Aspergillus, que representa alto risco para a saúde de humanos e animais.

“A aflatoxina é uma toxina provocada pelo problema da umidade. Quando armazenado, o amendoim costumava estar com a umidade acima do normal. E depois, quando você utiliza esse amendoim na produção de alimentos, (a toxina) é cancerígeno”, explica Fechino. Os cuidados com o armazenamento do amendoim, atualmente, envovem a proteção contra goteiras e a ausência de contato com chão e paredes.

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De acordo com o executivo da Abicab, após as mudanças na cadeia produtiva e o frequente monitoramento para a garantia das certificações, o amendoim brasileiro passou a ser um case de sucesso e referência mundial na qualidade. Em 2000, o Brasil vivia uma crise de imagem a respeito da segurança alimentar e qualidade do amendoim, além de basicamente não exportar o produto, conta Fechino.

“A gente vivia um período muito crítico e era difícil crescer em cima daquele cenário. A indústria sofria com a qualidade da matéria-prima. Isso movimentou os empresários e a Abicab abraçou. Fomos mostrar que queríamos fazer a coisa diferente e isso provocou mudança em toda a cadeia, com o desenvolvimento de variedades mais resistentes e de colheita mecanizada, que permite o produto ser secado mecanicamente”, explica.

Jaá em 2020, o Brasil exportou 259 mil toneladas do produto in natura, 23,5% a mais do que em 2019. E importou 1,6 mil toneladas. A balança comercial fechou superavitária em US$ 314,4 milhões, um crescimento de 38% em relação ao saldo positivo de 2019 (US$ 227,7 milhões).

A balança do amendoim processado também fechou com saldo positivo em 2020, de US$ 9,09 milhões. No entanto, o resultado foi 12,5% menor que o de 2019, quando foi registrado um superávit de US$ 10,39 milhões.

“A aceitação do amendoim brasileiro na Europa foi muito boa. Neste ano, se tivéssemos mais 30% de amendoim, exportaríamos. A Covid aumentou muito a demanda mundial por amendoim. A safra que vai começar em março já tem parte vendida”, afirma.

Tecnologia

 

Foram os investimentos em tecnologia para a melhoria na qualidade do amendoim que ajudaram a reverter a situação do Brasil, de importador para um dos seis maiores exportadores no ranking mundial, liderado pela Argentina.

Novas variedades – mais produtivas e resistentes – foram elaboradas através de parcerias com Instituto Agronômico de Campinas (IAC), e aos poucos o manejo também foi adaptado para incrementar a produção e a qualidade. A variedade conhecida como Tatu, que antes era a mais utilizada e tinha baixa qualidade, praticamente deixou de existir e hoje responde a cerca de 2% a 3%.

A previsão do setor é de que, neste ano, sejam produzidas cerca de 600 mil toneladas de amendoim. “Essa safra está prevista parecida com a do ano passado se o clima for bom, mas temos ainda janeiro e fevereiro. Com esse período mais tardio, a dúvida vai ser como vai ser abril, que é a época de seca e uma nova estação. Porém, com uma expectativa de renda um pouco menor”, analisa Fechino.
Source: Rural

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