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(Foto: Kevin Arnold/TNC)

 

A Amazônia brasileira conta, atualmente, com 2.773 iniciativas de restauração de paisagens florestais, de acordo com levantamento da Aliança pela Restauração na Amazônia. Realizado em um contexto em que quase 20% da cobertura florestal original da Amazônia já foi desmatada, o diagnóstico mapeou projetos que, ao todo, somam 113,5 mil hectares.

Equivalente à maioria das ações de restauração, os Sistemas Agroflorestais (SAFs) representam 59% do total. Em extensão, no entanto, o plantio de mudas é a técnica que cobre maior área, totalizando 66,4 mil hectares. Os demais métodos, como regeneração natural, silvicultura tropical e nucleação, contemplam menos de 5% das iniciativas.

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Iniciado em 2017, mas concluído entre junho e outubro de 2020, o estudo ainda aponta que as iniciativas são desenvolvidas principalmente por organizações da sociedade civil (87,5%), além de empresas (5,6%), agricultores (3,8%), instituições de pesquisa (2,4%) e governos (0,7%).

No entanto, Danielle Celentano, secretária executiva da Aliança pela Restauração na Amazônia, acredita que mais importante do que quem coloca em prática esta restauração é perceber o quanto essas iniciativas já são realidade e podem ganhar escala.

Tanto se fala em desmatamento e queimadas, mas é hora de perceber o quanto também se faz pela restauração

Danielle Celentano, secretária executiva da Aliança pela Restauração na Amazônia

“Queremos focar nas soluções. Tanto se fala em desmatamento e queimadas, mas é hora de perceber o quanto também se faz pela restauração. É claro que compromissos intersetoriais são importantes, não apenas para evitar a degradação, mas também instaurar a restauração do passivo, algo que o próprio compromisso do Acordo de Paris propõe”, diz Danielle, que também é gerente sênior de Restauração de Paisagens e Florestas da Conservação Internacional (CI-Brasil).

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Neste sentido, o passivo florestal na Amazônia é de cerca de 8 milhões de hectares e “pelo menos 5 milhões de hectares são passíveis de serem restaurados”, aponta a pesquisa. “O uso de espécies agrícolas e de ciclo curto pode contribuir para a segurança alimentar e geração de renda já nos primeiros anos do sistema [agroflorestal], além de cobrir parte dos custos da restauração”, propõe outro trecho do estudo.

Quem faz

 

Desmatamento na Amazônia Brasileira acumulado até 2019 (Foto: Reprodução/Aliança pela Restauração na Amazônia)

 

Rondônia concentra o maior número de iniciativas (1.658), mas responde por apenas 9% da área em restauração, segundo a Aliança pela Restauração na Amazônia. Já ao considerar a área, os Estados que mais concentram iniciativas são Pará (49%) e Mato Grosso (27%).

Dos 2.773 projetos, 79% tem menos de 5 hectares, 13% tem entre 5 e 49,9 hectares, e apenas 8% têm áreas maiores que 50 hectares. “Isso evidencia o desafio que representa dar escala à restauração, ou seja, aumentar a área restaurada para que ela tenha impacto significativo no bioma. Uma forma de dar escala é aumentar a integração entre iniciativas e diferentes atores e setores da sociedade”, sugere o estudo.

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Entre as iniciativas que se destacam, estão o projeto Reflorestamento Econômico Consorciado Adensado, em Rondônia, que beneficia 300 famílias em 2.500 hectares de SAFs. Juntas, elas abastecem uma agroindústria cooperativa que processa anualmente mais de 500 toneladas de polpa de cupuaçu e açaí, 430 toneladas de castanhas e sementes, 72 toneladas de palmito, entre outros produtos.

Há, ainda, projetos como o Cacau Floresta, a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu, no Pará, e o Café Apuí, no Amazonas. Segundo a Aliança pela Restauração na Amazônia, esses sistemas aumentaram a renda das famílias envolvidas em 300%.

O estudo ainda considera que os dados podem estar subestimados, já que a pesquisa não captura a totalidade de áreas em restauração, a exemplo de iniciativas individuais lideradas por agricultores ou quintais agroflorestais.

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Source: Rural

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