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(Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

Maior produtor de ovos da América do Sul, o grupo Mantiqueira anunciou em novembro que não investirá mais na criação de galinhas em gaiolas, dando o primeiro passo para se tornar, no futuro, uma empresa 100% cage free.

A decisão, segundo o fundador e presidente da empresa, atende a um novo perfil de consumidor, cada vez mais atento e consciente dos impactos socioambientais das suas escolhas. “Esse consumidor está mais exigente e quer, sim, dar preferência às empresas que pensam no futuro do planeta. Burro é quem acha que não”, afirma Leandro Pinto.

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Essa visão é reforçada pela pesquisa inédita coordenada pelo The Good Food Institute (GFI) junto ao Ibope, divulgada na segunda-feira (7/12). Segundo o estudo, que ouviu 2 mil pessoas de todas as regiões, 43% dos consumidores disseram que, nos últimos 12 meses,  comeram frango só uma vez por semana. No caso dos ovos, o índice é de 41%.

Por outro lado, segundo o estudo, a carne de frango e os ovos são a proteína animal mais presente na mesa dos brasileiros, consumida pelo menos três vezes por semana por 57% e 59% dos entrevistados, respectivamente.

 
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“A motivação pra redução do consumo de carne tem várias causas e não está centrada em um único fator”, avalia a coordenadora do Laboratório de Bem Estar Animal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carla Molento.

Diante das previsões de aumento da população mundial e da demanda por alimentos, Carla destaca que as alternativas vegetais de menor custo atendem a uma “demanda cultural” pela carne com franca possibilidade de crescimento nos próximos anos.

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“Ainda bem que as indústrias estão investindo nisso, porque o Brasil precisa entrar nesse mercado, que vai ser cada vez mais importante. Também traz uma certa diminuição de tensão nos temas social, ambiental e alimentar”, observa a pesquisadora, que descarta uma concorrência direta entre os dois mercados.

O grande sinal que observamos dentro das empresas não é de perda de mercado. Pelo contrário, acho que elas vêem uma possibilidade enorme de mais um mercado que se abre

Carla Molento, coordenadora do Laboratório de Bem-estar Animal da UFPR

 

Mais transparência

Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, é preciso que o setor comunique mais os benefícios dos produtos de origem animal, dando maior transparência ao modo de produção.

“A pandemia fez com que os consumidores prestassem mais atenção e nós, como indústria, temos que comunicar melhor. Tem bem estar, tem ambiência, tem abate humanitário e as pessoas precisam entender melhor esse processo. Porque a substituição não é imediata”, aponta o executivo.

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Por outro lado, ele chama atenção aos indicadores nutricionais das alternativas vegetais em relação à carne in natura. “A pasta vegetal, que se autodenomina ovo vegetal, ou o hambúrguer vegetal, você já olhou a quantidade de sódio e o conteúdo nutricional desses substitutos plant-based? Mas, lógico que o nosso setor vê com atenção isso, porque existe, sim, uma onda”, reconhece Santin. 

 
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Nos supermercados, principal acesso do consumidor aos alimentos, a realidade é não só de experimentação, mas recompra e exigência justamente por saudabilidade. É o que diz o gerente de desenvolvimento comercial da rede Pão de Açúcar, André Artin Machado.

"Nós queremos levar produtos saudáveis ao consumidor. A última coisa que queremos é que plant-based seja ligado ao sódio alto, à gordura, pois é uma categoria nova", ressalta Artin, reforçando o que a pesquisa do GFI Brasil cita sobre preocupação com características nutricionais das alternativas vegetais.

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Segundo o estudo, 43% apontaram “ter menos gordura” como uma característica importante da hora optar por alternativas vegetais semelhantes à carne e outros 37% a quantidade de proteína desses produtos.

No Global Forum for Food and Agriculture (GFFA), no ano passado, a ABPA apresentou dados baseados em um estudo da Unifesp apontando que, para suprir a ingestão de 50 gramas diárias de proteína, são necessárias 179g de carne de frango com 398 kcal no total ante 500g de milho com 540kcal no total – fator que pode pesar na decisão de um consumidor mais atento. 

“Essas alternativas têm limites de capacitação, isso tem custos, tem capacidade de produção aceitação pelas pessoas, necessidade de complemento de aminoácidos essenciais. Então, essas alternativas terão um espaço de mercado que não será de concorrência absoluta [com a proteína animal]”, avalia Santin.

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Ajustes na produção

O crescimento deste mercado passa, também, por mais tecnologia e pela produção nacional de ingredientes. O grupo Mantiqueira, que lançou em setembro a startup N.Ovo, focada em alternativas vegetais ao ovo, já produz até maionese à base de plantas. E, em paralelo, incentiva a pesquisa para ter matérias-primas nacionais.

"Existem 400 mil espécies de plantas, sendo 300 mil plantas comestíveis. Há um universo gigante a ser explorado, e o Brasil tem uma grande biodiversidade para atender essa necessidade", diz Amanda Pinto, head de inovação da Mantiqueira, ressaltando o potencial do agro para fazer frente a essa demanda.

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Para Luiz Augusto Silva, global business development da NotCo, empresa chilena de alternativas vegetais que atua no Brasil, essa adaptação por parte da indústria é uma necessidade não só pela pressão do consumidor, mas estratégica para o setor.

"Plantar mais soja e milho em grande escala para alimentar animais confinados não faz mais sentido. A eficiência aumentou, com mais produtividade e velocidade na cadeia produtiva, o que é notável e precisa ser aplaudido. Mas é preciso olhar para o futuro. O que nos trouxe até aqui não levará ao próximo passo", observa.

Santin ressalta que o setor está preparado para fazer frente a esse novo perfil de consumo e defende a importância de o consumidor poder fazer suas escolhas.

Se as escolhas forem para todos, a nossa indústria está preparada. A gente sabe que hoje tem muita gente ainda no Brasil que não consegue comer nem mesmo as proteínas animais que gostariam. Então, tem um monte de gente que vai entrar na linha de consumo das carnes e temos que respeitar essa nova alternativa que está chegando

Ricardo Santin, presidente da ABPA

E se as escolhas forem para todos, a nossa indústria está preparada. A gente sabe que hoje tem muita gente ainda no Brasil que não consegue comer nem mesmo as proteínas animais que gostariam. Então, tem um monte de gente que vai entrar na linha de consumo das carnes e temos que respeitar essa nova alternativa que está chegando”, diz o presidente da ABPA.

"É fundamental ressaltar que essa mudança é necessária e vai acontecer. Por isso, é melhor olhar para isso como oportunidade", conclui Amanda Pinto, do grupo Mantiqueira.

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Source: Rural

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