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(Foto: Mariana Grilli/Globo Rural)

 

Produtora rural no interior do município de Itacoatiara (AM), Gieli Pereira Pena está sentada em uma cadeira de praia, debaixo de uma árvore, há quatro horas para receber o auxílio emergencial concedido pelo governo federal. E não está próxima de ser atendida.

A fila que se estende por três quarteirões é o oposto do distanciamento social recomendado para frear a pandemia de Covid-19, mas é a realidade para quem depende de uma única agência da Caixa Econômica Federal para assegurar a renda do mês.

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Gieli conta que saiu da Terra Indígena Rio Urubu de barco e, depois, ainda pega um ônibus pela rodovia AM-010 para chegar ao centro de Itacoatiara. Isso ocorre desde o começo da distribuição do auxílio, mas nem sempre ela consegue resgatar o dinheiro no mesmo dia e precisa voltar e fazer o mesmo trajeto no dia seguinte, acompanhada do marido e de três filhos.

“Tem dia que a gente vem, se reveza na fila, e mesmo assim não adianta. Mas é a única agência, vai fazer o quê?”, diz Gieli, que depende do plantio da mandioca, graviola, tucumã e cupuaçu para viver.

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Neste ano, a pandemia e o clima dificultaram a vida da produtora. O sol em excesso e a falta de chuvas deixaram o “cupu”, como é chamado por aqui, todo rachado, sem condição de produzir polpa. Além disso, a crise tornou o poder de compra mais frágil.

“Veio o dinheiro, mas as coisas estão muito caras. Mesmo plantando, para falar a verdade, ficou difícil porque ninguém queria comprar, teve prejuízo. Quando o auxílio acabar, muita fome vai acontecer porque está tudo caro”, lamenta.

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Jackson Ribeira também estava na mesma fila para receber o auxílio emergencial na manhã desta segunda-feira (30/11). “As pessoas vão entrando de cinco em cinco lá para dentro [da agência bancária], mas depois que entram ainda esperam uma hora lá. É tudo demorado e mal organizado. Para esse tanto de gente, às vezes, são dois atendentes”, reclama.

Para ele, a venda da farinha de mandioca se manteve, mas os frutos apresentaram perda. Desta forma, o auxílio cumpriu sua função, mas a demora nas filas e todo o deslocamento fazem com que ele precise ficar longe da lavoura e da comercialização por dias.

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Com quase 103 mil habitantes, segundo o IBGE, Itacoatiara é o terceiro município mais populoso do Amazonas. A única agência da Caixa Econômica Federal na cidade ainda recebe pessoas de Urucurituba, Itapeaçu e Itapiranga, o que faz com que ônibus fretados fiquem estacionados nos arredores do posto de atendimento.
Source: Rural

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