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(Foto: Kelem Silene Cabral Guimarães/Embrapa)

 

A adoção de técnicas de manejo sustentáveis na produção de gado, com suplementação alimentar, recuperação de pastagens degradadas, aumento da lotação de cabeças por hectare e redução do ciclo de engorda, pode reduzir em quase 90% as emissões de CO2.

É o que apontou estudo conduzido pelo Imaflora, que comparou duas áreas com pecuária intensiva sustentável no nordeste do Mato Grosso aos índices médios de emissão da atividade no Estado onde, estima-se, mais da metade das pastagens tem algum grau de degradação.

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“Quando há essa recuperação e esse bom manejo das pastagens, passa-se de um solo que emite gases do efeito estufa para um solo que remove gases do efeito estufa. E em uma porcentagem expressiva”, explica Renata Fragoso Potenza, coordenadora de clima e cadeias agropecuárias do Imaflora, ao destacar o potencial de sustentabilidade do Brasil.

“Os solos brasileiros têm um grande potencial, tanto para sequestrar esse carbono quanto para ser um emissor. E aquele solo que está com algum estágio de degradação, com baixa intervenção de práticas de manejo, acaba sendo um emissor de gases do efeito estufa”, aponta Renata.

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A recuperação das pastagens permitiu que a fazenda avaliada pelo Imaflora, uma unidade da Pecsa em Alta Floresta, obtivesse taxa de lotação de até cinco animais por hectare  – mais de cinco vezes superior à média do Estado.

Aliada ao uso de suplementação e um ganho de peso 150% superior, o sistema obteve um ciclo de engorda de apenas 12 meses (ante 36 na pecuária extensiva) e uma produtividade de até uma tonelada equivalente de carcaça por hectare ao ano – 17 vezes superior à média do Estado.

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“Não é só a mudança da pastagem. Há todo um sistema de produção que vai ser muito mais eficiente e que permite esse resultado”, observa Laurent Micol, diretor de governança e investimento da Pecsa.

Micol explica que a suplementação alimentar oferecida aos animais tem papel fundamental não só no ganho de peso, mas também no balanço de carbono da atividade ao reduzir as emissões geradas pela digestão dos animais.

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“Se o gado está tendo uma dieta apenas de capim, e principalmente se for um capim de valor nutritivo mais baixo, como geralmente ocorre em áreas com pastagens degradadas, esse animal vai comer mais capim para se manter e ter um nível de emissões muito alto”, aponta o executivo.

A partir do uso de DDG, um subproduto da produção de etanol de milho, a empresa reduziu em 38% as emissões entéricas dos animais. No total, a cada quilo de carne produzido a partir do rebanho da Pecsa gerou de 6,2 a 7 quilos de CO2, uma redução de até 88% ante o estimado para a pecuária extensiva convencional média praticada no país.

Todas as boas práticas agropecuárias que vão sendo realizadas junto com essa intensificação fazem com que a gente consiga ter esses resultados positivos, não só para redução de emissões, mas também para auxiliar no controle e na eliminação do desmatamento

Renata Fragoso Potenza, coordenadora de clima e cadeias agropecuárias do Imaflora

 

Segundo Renata, a ampliação do sistema de intensificação sustentável, além de aumentar a eficiência e o retorno financeiro da atividade, também poderia ajudar o setor a fazer frente à crise ambiental que envolve o setor – inclusive auxiliando no cumprimento de metas internacionais de redução de emissões de carbono.

“Nós já temos a solução. Agora, o caminho é o incentivo público e privado para chegar até o produtor com assistência técnica e extensão rural, além de incentivos financeiros, para que a gente consiga escalonar esses diversos sistemas sustentáveis no setor agropecuário brasileiro”, pontua a coordenadora.
Source: Rural

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