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Safra de café deste ano foi 30% maior, mas a do ano que vem deve ter quebra (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

Depois de colherem uma safra 30,3% maior este ano – de 18,2 milhões de sacas de 60 quilos, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – os produtores de café do Sul de Minas Gerais estão apreensivos com o próximo ano. Além da bienalidade negativa das lavouras, que derrubaria a produtividade nacional naturalmente, o atraso nas chuvas deste ano deve contribuir para uma queda expressiva na produção de 2021, chegando a 35% em Nova Resende.

“Não estava previsto renovar lavouras e muitas estão sendo renovadas pelo tamanho da seca que teve e as lavouras que estavam preparadas foram as mais afetadas pela seca, pela falta de raiz”, apontou Alessandro Marcos de Miranda, presidente da Cooperaavitae, durante apresentação na Semana Internacional do Café.

Sediada em Guaxupé (MG), a Cooxupé avalia que as perdas foram grandes, afirmou o presidente da cooperativa. “As chuvas começaram praticamente essa semana e o que eu posso dizer é que nas regiões em que a Cooxupé atua a quebra é significativa”, revelou Carlos Augusto Rodrigues de Melo.

Considerada maior cooperativa de café do mundo, a Cooxupé reúne cerca de 15 mil produtores no Sul de Minas Gerais e, segundo Melo, encontra-se com estoques “bastante baixos”. “Fizemos vendas significativas dentro da cooperativa e, portanto, temos estoques bastante baixos”, alertou.

Embora tenha evitado apontar estimativas, o produtor e presidente do Consórcio Público para o Desenvolvimento do Café no Sul e no Sudoeste de Minas (Concafé), Claudeci Divino de Araújo destacou que as perdas são visíveis. “As lavouras desfolharam muito, não podemos falar em perda ainda, o tamanho seria de 30 a 40%. É muito cedo. Mas é nítido, é visível nas lavouras que a perda não vai ser pequena na nossa região”, lamentou Araújo.

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Diante de uma quebra que avaliam ser inevitável em uma produção que já seria menor, os produtores apostam em preços mais altos para o café no Brasil no próximo ano e não descartam possíveis quebras de contrato. “Acho que vai haver muito produtor que não vai ter produção para honrar com seus compromissos”, destacou Miranda, da Cooperaavitae.

A possibilidade de descumprimentos de contratos foi apontada como principal preocupação da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, presente no evento. “Esperar a bienalidade todos já esperam, mas vamos ter uma quebra nessa bienalidade e acho que vamos ter um problema sério realmente com a oferta de café no próximo ano e o que me preocupa muito é essa questão contratual”, destacou a secretária, Ana Maria Valentini. Segundo ela, o Estado mantém equipes da Emater e da Faemg para avaliar os prejuízos na região.

“Alguns produtores têm propriedades em locais que sofreram mais e que vão ter realmente 100% da safra perdida. Esses produtores vão precisar de um auxílio financeiro”, reconheceu a secretária de Estado. Ela estima que, entre aqueles que precisaram renovar a lavoura, o período até retomar a produção chega a dois anos.

“A gente precisa traçar um plano para quem sofreu um pouco, pra quem tem problemas de cumprimento de contratos, mas também precisamos buscar uma estratégia sobre o que vamos fazer para ajudar os produtores que vão se colocar em extrema dificuldade, porque infelizmente alguns estarão na situação de não colher nada”, lamentou  a secretária de Estado.
Source: Rural

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