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(Foto: Agência Brasil)

 

O iminente fim do pagamento do auxílio emergencial oferecido pelo governo federal a famílias brasileiras de menor renda afetadas pela pandemia de Covid-19 pode afetar não só os 43,7% de domicílios que atualmente contam com o benefício. 

Em meio a uma forte alta nos custos, produtores da cadeia de proteína animal se preparam para um possível choque no consumo de produtos de maior elasticidade na demanda, como carnes e lácteos.

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“A projeção para consumo no agronegócio não é tão positiva porque a gente acredita que o auxílio emergencial não vai estar presente em 2021, e isso foi um dos grandes catalisadores da alta dos preços”, diz o consultor de agronegócio do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves.

Ele também destaca a alta nos custos de produção diante dos preços recordes do milho, principal insumo usado na alimentação animal. “Chegamos num platô onde está tudo muito caro e há uma perspectiva nada positiva para a economia como um todo", observa.

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Principal fornecedor da cadeia de proteína animal, a indústria de rações reconhece o impacto do benefício sobre o desempenho do setor neste ano, cujas perspectivas são de crescimento de 4,5%.

“Esse auxílio foi direto para a alimentação e isso turbinou a demanda doméstica por alimentos e proteína animal”, aponta o presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani.

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Com o fim dos pagamentos, ele acredita que será difícil o setor repassar a alta dos custos ao consumidor final, o que deve impactar nos resultados do próximo ano. “No caso de quem não é exportador ou vende pouco para o mercado externo, não há receita em dólar e, por conta desse explosivo aumento no custo da alimentação, aliado à dificuldade de fazer repasses de preços, esse produtor realmente está numa situação muito difícil”, observa Zani.

 A dificuldade de repassar a alta para o consumidor final está diretamente ligada à perda de renda da população. Com um índice de desemprego acima de 14%, os brasileiros têm migrado o consumo para proteínas mais baratas ou até mesmo abandonado o consumo de algumas delas.

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“Os frigoríficos estão muito pressionados, praticamente sem margem na venda de carcaças e o consumo interno deve ser muito fragilizado por conta dessa conjuntura doméstica, sem 'coronavoucher' e com a carne bovina bem cara. Colocando tudo isso na balança, é um cenário bem ameno para o total de rações produzidas”, destaca Alves.

No caso dos lácteos, o aumento sazonal da oferta no início do próximo ano sinaliza queda nos preços pagos aos produtores sem alívio nos custos de produção.

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“O governo divulga uma inflação de 3%, mas não conta para a sociedade que a inflação dos alimentos já passou de 10%. Mas as pessoas já se assustaram no supermercado”, comenta Enori Barbieri, vice-presidente Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc).

Ele classifica a situação no Estado, maior produtor de suínos e segundo de frangos, como impraticável. “Eu diria que, a partir de janeiro, quando acabar o dinheiro do auxílio emergencial, talvez devolva-se tudo que vimos de ganho neste ano”, alerta o dirigente.
Source: Rural

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