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(Foto: Thinkstock)

 

O controle do tripes na bananeira agora pode dispensar a necessidade de inseticidas. A Braskem, em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), e a Multinova, fabricante de soluções em plástico, desenvolveram um filme anti-inseto que já estará no mercado este mês. A expectativa da Braskem é atingir capacidade de produção de 7 mil toneladas por ano de matéria-prima específica para essa finalidade.

Criado a partir da resina de polietileno (PE) com aditivo anti-uv usado para controlar a incidência do sol, o plástico foi produzido com o mesmo comprimento de ondas da visão do inseto. Assim, ao entrar na sacola que envolve o cacho de banana, o inseto não consegue enxergar e isso faz com que ele saia do local. De acordo com os responsáveis pelo produto, a vantagem é não utilizar agroquímicos contra esse tipo de praga.

O tripes ataca principalmente a produção de bananas nas estações mais quentes do ano, favorecendo o aparecimento de erupções na casca (pontos pretos em alto relevo), diminuindo a qualidade visual da fruta.

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“Esse inseto ataca a produção de banana no florescimento, e conforme a banana vai se desenvolvendo, ele causa alguns danos na casca da fruta. Isso faz com que o produtor perca mercado por conta da qualidade visual da fruta.

Hoje, os produtos têm, basicamente, acesso ao uso de inseticida para controle do inseto. Então, o objetivo desse projeto é controlar o tripes sem que precise ter o uso de defensivos químicos”, explica a agrônoma Beatriz Gallucci, parte da equipe da Plataforma Agro da Braskem.

Segundo Juliana Domingues Lima, professora da Unesp responsável por acompanhar os testes da solução, além de dispensar o uso de agroquímicos, o uso dos sacos oferece ainda outras vantagens para o resultado final da produção de banana. 

(Foto: Divulgação)

 

“É uma ferramenta que sempre deve ser utilizada na bananicultura para evitar os danos físicos provocados pelo vento e pelas folhas, que passam nas cascas da fruta quando é jovem e que tudo isso deixa danos que reduzem a qualidade dos frutos e inviabilizam a comercialização da produção”, destaca.

“Essa solução de não usar inseticida é algo novo. No mundo inteiro, ou utiliza-se o inseticida no saco ou pulverizam diretamente o fruto. O uso do saco evita que você corra o risco de algum problema que possa ocorrer com a pulverização”, complementa.

Fácil instalação

Outra vantagem da nova tecnologia é a praticidade de instalação, sem necessidade de mão de obra especializada para manuseio de produtos químicos e, consequentemente, redução do custo com a aplicação, podendo ser usada por pequenos, médios e grandes produtores.

A recomendação é que o filme plástico seja colocado logo no início da formação da flor da banana (coração), e permaneça até a colheita. Por não conter inseticida, após o uso e descarte adequado, o material é 100% reciclável. O produtores rurais podem encontrar a manta anti-inseto sem inseticida no canal de vendas da Multinova.

A orientação é que o plástico seja utilizado uma única vez (uma safra) e siga para a reciclagem de plástico comum, já que é 100% reciclável. “Por ele não ter aditivos químicos, ele é 100% reciclável e os produtores de banana, ao fazer a colheita dos cachos com o saco, eles podem retirá-lo e colocá-lo no lixo para reciclagem totalmente”, ressalta Gallucci.

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“A bananicultura é um dos principais cultivos do Brasil e o Tripes pode trazer muitos prejuízos. Por acompanhar os desafios dos produtores de banana para enfrentar esse tipo de praga, nos mobilizamos para encontrar uma solução viável, de baixo custo, sustentável e eficaz para nossos clientes”, diz Jair da Rosa, gerente comercial de Novos Negócios da Multinova.

Os estudos para o desenvolvimento de mais essa solução começaram em 2018, com testes preliminares da região do Vale do Ribeira (SP). Em 2019, com os primeiros resultados positivos em mãos, as pesquisas foram ampliadas para propriedades rurais na Bahia, Ceará, Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina. Os testes foram acompanhados pela Unesp, que atestou desempenho similar ao tratamento convencional, usando sacolas plásticas com inseticida ou com a pulverização no cacho de banana.

Outra iniciativa recente da Braskem, também em parceria com a Unesp e Multinova, é a manta expandida combinando um filme de PE com um aditivo térmico para proteger a produção de banana em regiões que atingem temperaturas abaixo dos 12°C. O objetivo é efitar o efeito de chilling, dano fisiológico comum em frutas tropicais que são expostas a friagem.

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“Nas épocas mais frias, o fato de fazer o ensacamento, você consegue manter a temperatura do cacho mais elevada do que a temperatura ambiente. Isso é uma das coisas que acontece aqui na nossa região, no Vale do Ribeira, onde temos frio. O ensacamento permite que você colha o seu fruto antes. Então, o ensacamento tem que ser feito porque ele traz muitas qualidades para o fruto”, explica a professora da Unesp.

O Vale do Ribeira responde por 78% da produção de banana do Estado de São Paulo e quase 13% de toda a banana colhida no país. "Em 2017, a Braskem consolidou a plataforma agro,  dentro da plasticultura, que é o uso de plástico em diversas cadeias produtivas, que busca inovações que ajudem o produtor a encontrar soluções que facilitem a rotina no campo e com menos impacto", afirma Gallucci.
Source: Rural

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