Skip to main content

(Foto: Divulgação)

 

 

 

 

 

 

Com base nas projeções da agência Associated Press, Joe Biden é novo presidente dos Estados Unidos. Kamala Harrys, a vice-presidente do democrata, também já marca história, por ser a primeira mulher negra no cargo. As apurações ainda não foram concluídas, mas Biden já tem 290 delegados a seu favor, com margem ampla sobre o adversário Donald Trump.

saiba mais

Quem é Joe Biden, novo presidente dos Estados Unidos

 

A vitória do democrata Joe Biden abre uma nova fase na política internacional, ampliando um isolamento crescente do Brasil nos últimos dois anos. “O Brasil fica bastante isolado, em uma situação bastante difícil, similar ou até mesmo pior ao observados nos tempos da ditadura militar em alguns aspectos”, aponta o professor do Insper do Instituto de Relações Internacionais da USP, Carlos Eduardo Lins da Silva.

Segundo o pesquisador, o novo presidente dos EUA deve marcar a retomada de um perfil multilateralista da diplomacia americana, o que deve se refletir numa redução das tensões com a China, principal parceiro comercial do Brasil.

“É possível que o relacionamento diplomático seja menos agressivo com a China, mas as questões estruturais dificilmente serão eliminadas”, completa o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Thiago Lima, ao destacar que os dois países competem pela posição de liderança global.

saiba mais

Eleições nos EUA: as razões dos agricultores para votar em Biden ou Trump

 

Do ponto de vista comercial, a diminuição das tensões entre EUA e China geram as perspectivas de um mercado internacional de commodities menos volátil, segundo observa o sócio-diretor da MD Commodities em Chicago, Pedro Dejneka.

“O Biden vai, provavelmente, continuar desafiando a China, mas de uma forma diferente, não batendo de frente, procurando fazer aliados em outros países para de uma forma indireta afetar a China economicamente. E isso pode manter a China comprando a soja americana e sustentando preços em Chicago melhores do que com o Trump”, observa o analista.

Ele também vê poucas chances de o novo cenário prejudicar as exportações brasileiras. “Tendo soja disponível e havendo preços competitivos, é o Brasil que vai vender”, ressalta Dejneka.

saiba mais

Vitória de Biden tornará vida de Bolsonaro mais difícil, diz economista

 

Já as relações do Brasil com os EUA podem se tornar mais duras daqui para frente, dadas as diferenças ideológicas entre o governo de Jair Bolsonaro e a equipe de Joe Biden.

“No curto prazo, Biden pode trazer dificuldades para o Bolsonaro, porque a agenda que o Biden vai trazer é completamente inversa àquela que Bolsonaro vende, principalmente em relação ao meio ambiente e direitos humanos”, observa Carlos Gustavo Poggio, doutor em Relações Internacionais e professor na Fundação Armando  Álvares Penteado (FAAP).

Nesse sentido, Lima alerta para um possível uso das questões ambientais nas negociações comerciais dos EUA com o Brasil, justificando, inclusive, barreiras comerciais. “É possível que o governo Biden seja mas sensível ao argumento ambiental para atender a interesses protecionistas do agronegócio americano ou mesmo de ambientalistas”, explica. 

saiba mais

O que está em jogo para o agro brasileiro no duelo entre Biden e Trump pela Casa Branca

 

Os dois países são concorrentes diretos em diversos mercados além da soja, com destaque para complexo soja, complexo sucroalcooleiro,carne bovina, carne de frango, complexo milho, produtos florestais, suco de laranja, tabaco, algodão e carne suína.

Segundo o pesquisador do Insper, Carlos Eduardo Lins da Silva, o maior isolamento internacional do Brasil também pode levar a um maior pragmatismo na política externa brasileira, inclusive com mudanças no Ministério das Relações Exteriores.

“O ministro das Relações Exteriores é bastante amador, inexperiente. Há rumores de que, com a vitória de Biden, o (ministro Ernesto) Araújo não se sustenta, vai ter que fazer uma troca no Ministério das Relações Exteriores”, ressalta. 

saiba mais

Alerta de Biden sobre Amazônia eleva pressão sobre política ambiental do Brasil

 

O professor do Insper, Carlos Eduardo Lins da Silva, concorda. Segundo ele, as perspectivas de uma reforma ministerial em janeiro ganham forças com a vitória dos democratas nos EUA.

A possível mudança é vista como positiva pelos pesquisadores, dada posição submissa do governo brasileiro em relação aos EUA durante o governo de Donald Trump e uma possível postura mais negociadora em relação à gestão Biden.

“Todo mundo sabe que, nas negociações internacionais, é preciso ter um pouco de resistência ao parceiro para que se consiga ter uma boa posição negociadora, e o governo Bolsonaro eliminou qualquer possibilidade de resistência interna, sendo impossível obter concessões dos EUA”, observa Lima.
Source: Rural

Leave a Reply