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(Foto: Reprodução)

 

 

Com a possível vitória de Joe Biden nas eleições americanas, indicada pelas pesquisas e cada vez mais próxima conforme avança a apuração das urnas no país, é esperada uma retomada de uma agenda multilateralista pelos Estados Unidos no contexto internacional.

Caso se confirme, o cenário poderia prejudicar as relações comerciais do Brasil com a China. É o que apontou o professor sênior de agronegócio do Insper e coordenador do centro Insper Agro Global, Marcos Jank, durante live promovida por Globo Rural sobre os impactos do resultado do pleito presidencial nos EUA no agronegócio brasileiro.

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“Eu vejo que o Biden deve recompor as relações com a China, não no sentido de terminar a guerra comercial, mas no sentido de, ao invés de tanta confrontação, chegar a algum tipo de acordo”, observou Jank, ao destacar que o acordo poderia prejudicar o Brasil.

“Nos últimos anos, a guerra comercial acabou beneficiando alguns mercados para o Brasil como soja e algodão, mas não acho que a gente deve comemorar a guerra comercial, mas sim regras multilaterais e a possibilidade de que o comércio e as economias cresçam”, pontuou o pesquisador.

Assista à íntegra da live

 

Os efeitos da aproximação entre EUA e China, contudo, não são lineares, segundo observou o analista de mercado e sócio da MD Commodities Pedro Dejneka.

“Mesmo o Biden ganhando, ele iria ainda assim entrar em algum tipo de negociação com chineses através de aliados, e poderia haver um efeito colateral nas exportações de soja brasileira, mas isso seria muito mais uma redistribuição e de quem compraria mais a soja brasileira, se a China ou outros compradores”, pontuou o analista, ao ressaltar que a redução das vendas para o mercado chinês não representaria, necessariamente, uma queda das exportações brasileiras de soja.

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No campo diplomático, o professor titular de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Eduardo Viola, destacou que as tensões entre EUA e China dificilmente deixariam de existir, independentemente do resultado das eleições.

“O establishment de segurança americano passou a perceber claramente a China não mais como um parceiro estratégico, mas como um rival estratégico”, destacou o pesquisador.

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Segundo ele, a dinâmica de confronto com a China vai ser mantida pelo democrata, caso eleito, sobretudo na área de tecnologia, mas de maneira mais “racionalizada” – postura que se repetiria em relação a temas sensíveis ao Brasil, como a questão ambiental.

“Se Biden puxar muito a pressão na política ambiental, ele pode empurrar o Brasil para os braços da China – e isso deve gerar uma tensão. A ala à esquerda do partido Democrata vai querer pressionar o Brasil, mas Biden não vai ir por essa linha porque, para ele, o decisivo é manter o Brasil próximo dos EUA”, pontuou Viola.
Source: Rural

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