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No programa de aprendizes do CIEE, jovens estudantes têm contato com diversas áreas da produção agropecuária (Foto: Divulgação/CIEE)

 

Em 2019, Francielly Gomes dava aulas de reforço para 18 estudantes que estavam no ensino fundamental. Com 18 anos, ela ensinava português, matemática, ciência e geografia. E, enquanto buscava seu primeiro emprego formal, cursava o técnico em enfermagem e a licenciatura em pedagogia hospitalar na Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Residente da zona rural de São Luiz do Quitunde (AL), município situado a cerca de 55 quilômetros da capital, Maceió, ela conta que há poucas opções de trabalho na região. "Eu dava aulas. Mas estava com a expectativa de conseguir o meu primeiro emprego com carteira assinada", relembra.

As coisas começaram a mudar quando Francielly se inscreveu no “Programa Aprendiz no Agronegócio” do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). As primeiras turmas para o processo, que oferece capacitação a jovens no setor agroindustrial, começaram justamente no ano passado, com a seleção de 844 aprendizes.

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Ela foi selecionada para sua primeira experiência na Usina Santo Antônio, que trabalha com o cultivo de cana-de-açúcar e o processamento para o açúcar, etanol e bioenergia. Desde julho do ano passado, aprendeu sobre o manuseio de pragas e como a qualidade do corte da cana faz diferença na produção.

Francielly explica que, apesar da possibilidade de carreira no agronegócio, seu sonho de infância é trabalhar na área hospitalar. No entanto, ela reconhece a importância da primeira experiência para futuras oportunidades. "A capacitação que tive no processo foi fundamental. O programa ajuda a desenvolver habilidades e a comunicação dentro da empresa", diz.

Atualmente, são 1.055 jovens atuando no programa do CIEE, que tem duração de até 2 anos. Dividido entre três áreas de atuação nas companhias do segmento agrícola, como as atividades produtivas na lavoura, a mecanização ou a indústria de carnes, a expectativa é encerrar 2020 com o total de 1,5 mil aprendizes.

Momento positivo

O programa chama a atenção por outro aspecto: enquanto a expectativa é que a economia brasileira encolha acima de 5% em 2020, o segmento agrícola vem vivendo um bom momento, puxado pelas exportações de carnes e grãos. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, o PIB do agro cresceu 5,26% no primeiro semestre.

Tudo isso em meio à pandemia de coronavírus, que levou à retração da economia global. "O setor se mostra resiliente à crise e o programa vem de encontro com essa realidade para atender às demanda das empresas parceiras dentro do agro. Com a revolução tecnológica, como a agricultura 4.0, o mercado de trabalho está cada vez mais exigente", diz Lilian Alencar, supervisora de Atendimento no CIEE.

Francielly Gomes tem o sonho de seguir carreira na área hospitalar,
mas acredita que a experiência no programa de aprendizes será
importante para seu futuro profissional (Foto: Divulgação/CIEE)

Um dos requisitos do programa é que os jovens tenham entre 18 a 24 anos e estejam cursando ou formados no ensino médio. O outro ponto – e talvez o mais importante – é atender os que apresentem algum tipo de vulnerabilidade social, o que ajuda a desenvolver com emprego, renda e capacitação os rincões do país.

“O processo seletivo e o programa de aprendizagem são muito tranquilos. Queremos que esse jovem passe por um processo de formação e desenvolvimento e que ele possa ter o emprego ao final do processo. É um programa que visa a inclusão no mercado de trabalho”, afirma Alencar.

Na Usina Santo Antônio, a parceria com o CIEE já era comum para a seleção de aprendizes para a oficina e o parque industrial da empresa. Com o lançamento do programa para o agronegócio, atualmente 40 de seus 118 jovens aprendizes estão em atividades agrícolas.

"A gente precisa de mão de obra qualificada e esses jovens agregaram muito. De início, reconheço que tive medo. Havia muitas meninas, inclusive para atividades de campo. Mas ninguém desistiu. Todos gostam muito e a gente teve um retorno surpreendente. Hoje, as meninas são as que mais se destacam", diz Roxana Vieira de Almeida, coordenadora de Desenvolvimento Organizacional da Santo Antônio.

Embora o objetivo seja a inclusão de estudantes do ensino médio para a construção de carreira, um dos pilares é proporcionar uma ampla visão profissional e de mundo e incentivar a continuidade dos estudos, como o ingresso no ensino superior.

"Eles saem com uma visão de futuro, de diálogo e mais profissional do negócio. Nós entendemos que não é apenas uma lei (a contratação de aprendizes), mas uma responsabilidade social. O entorno do município é muito carente. Então, é necessário atender esses jovens. As empresas que aderem ao Jovem Aprendiz contribuem para a renda das famílias, o que reflete em uma maior justiça social”, conclui Almeida, da Santo Antônio.

Para participar do programa

Idade: entre 18 e 24 anos incompletos.

Escolaridade: Cursando ou formados no ensino médio (não são aceitos jovens que estejam na faculdade, mas o ingresso em cursos superiores após a contratação é um efeito desejável do programa)

Situação socioeconômica: O programa é voltado para jovens que apresentem algum tipo de vulnerabilidade social, e, por isso, apresentam maiores dificuldades de acessarem o mundo do trabalho de maneira formal.

Estados participantes: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Vagas: no momento, são 30 vagas. Mas a expectativa é dobrar o número de posições a partir da próxima semana – a quantidade varia de acordo com a demanda das empresas.

Mais informações: www.ciee.org.br
Source: Rural

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