(Foto: Ubrabio)
A Embrapa Agroenergia, em parceria com a empresa Haka Bioprocessos, inicia neste mês uma pesquisa de dois anos que poderá resultar em um diesel verde obtido a partir da hidrogenação do bio-óleo de resíduos ósseos de aves.
A pesquisadora da Embrapa Itânia Soares, líder da pesquisa, conta que o objetivo do projeto é chegar a uma composição próxima à do diesel petróleo, a partir da agregação de valor a um tipo de matéria-prima que usualmente não é utilizada na produção de diesel renovável.
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“Utilizaremos o processo de hidrogenação para gerar hidrocarbonetos parafínicos com propriedades similares ao diesel de fonte fóssil e que se diferenciam do biodiesel, que é uma mistura de ésteres de ácidos graxos, por apresentarem maior estabilidade e maior poder calorífico”, explica a pesquisadora.
A caracterização final do produto incluirá a análise da composição química e também das suas características físico-químicas, tais como poder calorífico, densidade e viscosidade.
Cyro Calixto, fundador e CEO da Haka Bioprocessos, afirma que a produção do diesel verde oferecerá combustíveis e insumos renováveis para a agricultura. "Com a produção de diesel verde a partir de ossos, estaremos inserindo a cadeia de proteína animal como importante agente na transição energética para uma economia de baixo carbono, oferecendo combustíveis e insumos renováveis para a agricultura e promovendo a economia circular para a descarbonização das suas atividades", diz.
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Diesel renovável
O diesel verde, ou diesel renovável, ainda não faz parte da matriz energética brasileira. No último dia 17 de setembro, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) promoveu uma audiência pública sobre a regulamentação de qualidade e a comercialização no país desse biocombustível.
A proposta de regulamentação do diesel verde está alinhada com a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que visa à expansão do uso de biocombustíveis na matriz energética brasileira com vistas à segurança energética, previsibilidade para a participação competitiva dos diversos biocombustíveis no mercado nacional e mitigação das emissões dos gases geradores do efeito estufa.
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Após a regulamentação para comercialização no país, o diesel verde deverá ser adicionado ao diesel de origem fóssil, que já possui obrigatoriamente 12% de biodiesel em sua composição. O resultado será de um combustível composto por três diferentes produtos.
"Esse projeto será um legado de longo prazo para o agronegócio brasileiro. Nossa expectativa é também levar essa tecnologia para os principais produtores de proteína animal, como Europa e EUA, colocando essa solução na pauta de exportações nacionais e consolidando a vocação brasileira para a inovação tecnológica no campo", prevê Calixto.
O diesel renovável já é realidade em outros países e compõe os aumentos de percentuais de mistura com o biodiesel, justamente em função de ser um combustível de melhor qualidade, menos poluente e mais eficiente para os veículos, de acordo com a Embrapa. Na Europa, o biodiesel é permitido no teor máximo de 7% e nos Estados Unidos, o limite é de 5%.
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A regulamentação do diesel verde também poderá viabilizar a produção e comercialização do bioquerosene de aviação, já regulamentado pela ANP, uma vez que a produção de biocombustíveis no contexto de biorrefinaria gera diferentes bioprodutos em um mesmo processo.
Source: Rural