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Cerca de 95% do sêmen sexado vendido pelas empresas ligadas à Associação Brasileira de Inseminação Artificial são usados para emprenhar as vacas leiteiras (Foto: Getty Images)

 

*Publicado originalmente na edição 419 (Setembro/2020) de Globo Rural

A utilização do sêmen sexado, tecnologia que permite ao criador escolher o sexo do futuro embrião antes da inseminação artificial, está revolucionando a pecuária brasileira, principalmente no setor leiteiro.

É o caso da Fazenda Cobiça, localizada em Três Corações, no sul de Minas Gerais, que desde 2014, quando introduziu a tecnologia no rebanho, vem acumulando ganhos de produtividade.

Marcelo Branquinho, proprietário da fazenda, conta que, antes do emprego do sêmen sexado, a média diária de produtividade era de 25 litros de leite por vaca. Hoje, a média é de 35,5 litros de leite por vaca ao dia. Metade do plantel nasceu a partir do uso da moderna tecnologia. Branquinho explica que, além do aumento da produção, da média e do padrão do leite, o sêmen sexado eleva a taxa de concepção, o que possibilita vender as fêmeas excedentes para reforçar o caixa da fazenda.

Marcelo Branquinho, produtor de leite e dono da Fazenda Cobiça, localizada em Três Corações, no sul de Minas Gerais (Foto: Divulgação)

 

Como a propriedade explora a pecuária leiteira, o objetivo com o sexado é o nascimento de fêmeas. Ele observa que o fator decisivo na escolha da tecnologia é a possibilidade de 90% das crias nascerem fêmeas. “Já com o uso do sêmen convencional, levando em conta apenas a aptidão do gado leiteiro, a porcentagem de nascimento é de 50% fêmeas.”

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Branquinho é membro de uma tradicional família de pecuaristas leiteiros. Portanto, experiência não lhe falta para tocar a atividade, cujo rebanho é de 2.460 animais, sendo que 1.130 são vacas em lactação.Acada 24 horas, elas fornecem uma enxurrada de 40 mil litros de leite.

Os ganhos econômicos, advindos com o uso do sêmen sexado na dinâmica e movimentada propriedade de Três Corações, retratam o avanço da tecnologia na pecuária leiteira. No ano passado, as vendas totais de sêmen bovino cresceram 18% no mercado brasileiro (para 18,5 milhões de doses), enquanto a comercialização do produto com sexo definido passou de 385.652 doses para 398.778 doses – um aumento de 29,3%.

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Os números relativos ao primeiro semestre deste ano mostram crescimento expressivo nas vendas do sêmen sexado. Foram comercializadas 303.518 doses. A média mensal no semestre ficou em 50,5 mil doses, volume 57% superior à média de 32,1 mil doses nos 12 meses de 2019.

Márcio Nery, presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), observa que o crescimento expressivo da demanda pelo sêmen sexado reflete a preocupação dos pecuaristas com a questão do melhoramento genético do rebanho.

Carlos Vivacqua, gerente executivo da Asbia, prevê crescimento de mais de 30% nas vendas de sêmen sexado neste ano e um dos fatores é o custo agregado da ferramenta. Ele explica que a dose é mais cara do que a do sêmen convencional, porém, o benefício final é a possibilidade muito maior de nascimento de fêmeas de grande produção de leite ou de machos para a pecuária de corte, dependendo da opção do fazendeiro. Cerca de 95% do sêmen sexado vendido pelas empresas ligadas à Asbia são usados pelos pecuaristas leiteiros para emprenhar as vacas.

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No caso da produção de machos para pecuária de corte, a demanda ainda é pequena no país, mas tem ganhado espaço nos últimos anos. O professor Pietro Baruselli, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo e um dos maiores especialistas em reprodução animal, considera o sêmen sexado uma revolução tanto para a pecuária de corte como para a de leite.

As empresas que atuam no setor estão satisfeitas com os resultados, como a ABS, de Uberaba (MG). “Em média, produzimos 10 mil doses de sêmen sexado por mês. A meta é fechar este ano com um total de 115 mil doses”, diz Amanda Nonato, gerente do laboratório da ABS, que fabrica uma versão moderna de genética sexada chamada Sexcel.

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Sexagem

O que é?
É o sêmen sexado, trabalhado em laboratório. Permite a determinação do sexo do espermatozoide. Tornou-se comercialmente disponível em 2006. É feita a separação dos espermatozoides para a produção de machos (cromossomo Y) ou fêmeas (cromossomo X) usando um aparelho chamado citômetro de fluxo. O equipamento faz a seleção com base no conteúdo do DNA das células. Isso ocorre porque o espermatozoide que gera a fêmea possui 4% mais material genético que o gerador do macho.

Procedimento para o uso
O sêmen sexado deve ser usado em vacas com cio natural e de muita qualidade. É recomendado que os animais contemplem parâmetros mínimos de sanidade e alimentação.

Vantagens
A tecnologia acelera o melhoramento genético. Na pecuária leiteira, com o aumento do número de fêmeas, aumenta-se também a produção de leite do rebanho.
Source: Rural

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