(Foto: AFP)
Embora a pecuária seja apontada como principal responsável por ter dado início aos incêndios que já destruíram mais de 20% do Pantanal neste ano, o efetivo de bovinos do bioma fechou 2019 em queda, apesar de o rebanho nacional ter crescido pela primeira vez em dois anos.
Segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE, os municípios do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul inseridos no bioma tiveram redução de 4,5% no número de animais. Só em Mato Grosso do Sul, a diminuição foi de 5,8%.
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Em Aquidauana, município vizinho a Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, o rebanho de bovinos passou de 1.655.710 animais em 2018 para 1.555.245 em 2019, uma redução de mais de 6%.
Em paralelo, o número de focos de incêndio no município registrados pelo satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aumentou quase 700%, de 138 em 2018 para 1.095 no ano passado.
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A correlação entre os focos de incêndio e a queda do rebanho, contudo, não é direta. No Mato Grosso, municípios do Pantanal que tiveram aumento no rebanho, como Barão de Melgaço, também viram crescer os focos de incêndio neste ano.
Nessa região, o IBGE aponta alta de 8,35% na população de bovinos no último ano, para 198.177 animais, enquanto os dados do Inpe indicam crescimento de 260,42% nos focos de incêndio no mesmo período, para 692. Em Itiquira, por sua vez, o rebanho caiu 14,34% em 2019 e houve diminuição de 85,7% no número de focos de incêndio.
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Os dados também revelam exceções no Mato Grosso do Sul, com municípios em que houve queda dos focos de incêndio mesmo com a diminuição do rebanho. É o caso de Rio Verde Mato Grosso, onde o efetivo de bovinos caiu 6,12% em 2019 e os focos de incêndio tiveram redução de 33,7% no mesmo período.
Em todos os demais municípios do Estado localizados no bioma e monitorados pelo Inpe, contudo, houve queda no rebanho com aumento no número de focos de incêndio no último ano.
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"Boi bombeiro"
Criada pelo pesquisador da Embrapa Arlindo Pott, a teoria do “boi bombeiro” baseia-se no fato de os animais ajudarem a diminuir o volume das pastagens antes da estação seca, reduzindo os riscos de incêndio no bioma.
A tese tem sido usada pelo governo federal para defender a atividade pecuária no Pantanal, com endosso da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mas é criticada por ambientalistas que apontam omissão do governo no combate aos incêndios.
“Se não tivesse ocorrido um desmonte da gestão ambiental no Brasil, a situação não teria chegado à este nível de gravidade. Temos um governo federal falhando deliberadamente no seu dever constitucional de proteger o meio ambiente", afirmou o Greenpeace, em nota, sobre as declarações do governo.
Source: Rural