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A eleição presidencial nos EUA está marcada para o dia 3 de novembro (Foto: Getty Images)

 

 

A menos de um mês das eleições presidenciais nos Estados Unidos, no dia 3 de novembro, cresce a expectativa sobre as implicações que o resultado trará para a economia global, inclusive para o agronegócio brasileiro.

E a disputa pela Casa Branca ganhou um componente especial para o Brasil: a Amazônia. No primeiro debate com o presidente republicano Donald Trump, na última terça-feira (29/9), o candidato democrata Joe Biden criticou a política ambiental do governo Bolsonaro.

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Biden afirmou que "começaria imediatamente a organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para o Brasil não queimar mais a Amazônia". E acrescentou que, se não parar, o Brasil “vai enfrentar consequências econômicas significativas". Trump não comentou a declaração do adversário.

A fala de Biden provocou reação imediata do presidente Jair Bolsonaro, que classificou o comentário como "lamentável", "desastroso e gratuito", em postagens no Twitter. O presidente brasileiro disse ainda que tem conversado com Trump sobre iniciativas de investimento sustentável que criem emprego digno para a população amazônica.

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O episódio fez crescer as projeções sobre possíveis cenários com vitórias de Biden ou Trump. Nas pesquisas mais recentes, o candidato Democrata aparece com oito pontos percentuais à frente do atual presidente e representante do partido Republicano – uma liderança que se mantém nos últimos meses.

Se antes da pandemia do novo coronavírus a reeleição de Trump era dada praticamente como certa nos EUA, depois de o país se tornar o número 1 em novos casos e mortos pela doença, a situação foi radicalmente alterada.

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Até mesmo o apoio do eleitorado mais conservador a Trump, que inclui boa parte do agronegócio americano, parece ter enfraquecido diante dos efeitos prolongados da guerra comercial com a China e da emergência de problemas econômicos, sociais e de saúde pública.

Em 2016, Trump conquistou mais de 70% dos votos dos produtores rurais, por causa do descontentamento com a política agrícola de Barack Obama. Mas o apoio esmagador do meio rural corre o risco de não se repetir agora. Os agricultores são os que mais sofrem prejuízos devido à disputa com os chineses. Nem os recentes subsídios despejados pelo governo no campo podem garantir um novo apoio ao republicano.

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Mas o descontentamento com a política agrícola atual não significa reversão automática em apoio a Biden. Uma pesquisa realizada em agosto pelo centenário Farm Journal, com mais de 1,5 mil agricultores, mostrou que 82% dos entrevistados votariam no presidente Trump, contra 13% que votariam em Biden. Os indecisos somaram 5%.

Como o voto não é obrigatório nos EUA, eleitores insatisfeitos muitas vezes não vão votar. O americano precisa estar mobilizado com um discurso ou uma causa para sair de casa no dia das eleições

Roberto Rodolfo Georg Uebel, professor de relações internacionais da ESPM

Para Roberto Rodolfo Georg Uebel, professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a eleição com resultado totalmente imprevisível deve ser uma das mais interessantes para o Brasil, com quem os EUA sempre tiveram uma relação pragmática e, recentemente, mais próxima, por causa do bom relacionamento pessoal entre Trump e Bolsonaro.

“Uma reeleição de Trump é benéfica para o governo Bolsonaro, do ponto de vista de alinhamento conservador e parceria no âmbito internacional. Já uma vitória de Biden poderá levar a desdobramentos na política externa do Brasil, especialmente na questão ambiental", resume Roberto Uebel, citando, também, as manifestações públicas de Kamala Harris, vice na chapa Democrata, em defensa da Amazônia.

Com perfis e trajetórias distintas (veja abaixo), Trump e Biden testarão suas forças e capacidade de engajamento do eleitorado. Quem não for às urnas, em razão da pandemia, poderá votar pelos correios de forma antecipada. O voto por correspondência foi ampliado para 42 Estados americanos, de um total de 50.

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Entenda a eleição nos EUA

Nos EUA, o candidato precisa alcançar a maioria no colégio eleitoral, ou seja, 270 votos, de um total de 538 votos. E o voto popular não é obrigatório. O colégio eleitoral se reúne uma vez a cada quatro anos para escolher o presidente.

Cada um dos 50 Estados americanos tem direito a um determinado número de delegados, proporcional à representatividade parlamentar no Congresso. Todos os Estados têm dois senadores. O número de deputados é o que muda, conforme o tamanho da população de cada Estado.

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O candidato que vence a eleição popular em um Estado, independentemente da porcentagem, leva todos os delegados daquele Estado no colégio eleitoral (as exceções são Maine e Nebraska, que seguem regras próprias para distribuir os votos).

Em 13 swing states (Estados decisivos), as disputas costumam ser acirradas, alternando vitórias entre democratas e republicanos. Cinco vezes um candidato recebeu a maioria dos votos populares, mas não levou a presidência – como na eleição de Donald  Trump, em 2016, quando Hillary Clinton foi a mais votada em números absolutos, mas não no colégio eleitoral.

Conheça os candidatos

Joe Biden

(Foto: Getty Images)

 

O advogado Joseph Robinette Biden Jr., mais conhecido por ser o vice de Barack Obama por dois mandatos (2009 a 2017), poderá fazer história pela segunda vez na política americana. A primeira foi em 1972, quando, aos 30 anos, se tornou o senador mais jovem dos Estados
Unidos. O novato na época é hoje o candidato presidencial com a idade mais avançada, 78 anos.

Senador por seis mandatos pelo Estado de Delaware, Biden tentou concorrer à presidência pela primeira vez em 1988, quando acabou desistindo nas prévias, após admitir ter plagiado um discurso de um então líder do Partido Trabalhista britânico.

Em 2008, Biden foi eleito vice-presidente na chapa de Barack Obama. No governo democrata, supervisionou os gastos em infraestrutura para conter a recessão e ajudou a formular a política em relação ao Iraque até a retirada das tropas naquele país, em 2011. Sua capacidade de negociar com os republicanos do Congresso ajudou o governo Obama a aprovar importantes legislações.

Para o mundo nos seguir, devemos fazer mais do que mostrar nossos saberes e exigir fidelidade à nossa visão porque acreditamos que estamos certos

Joe Biden, candidato do partido Democrata

O candidato é também chamado de "Joe da Classe Média", o que pode ajudá-lo a atrair os eleitores brancos e conservadores. Mas a longa carreira pública, durante quase 40 anos, deu aos críticos amplo material para ataques a Biden. O histórico do vice-presidente de Obama por vezes gera desconforto dentro do próprio partido Democrata.

A escolha da senadora Kamala Harris, primeira mulher nomeada como procuradora-geral da Califórnia, como sua vice é uma estratégia para provocar a tão necessária empolgação no eleitorado democrata.

Filha de mãe indiana e pai jamaicano, Kamala é a primeira candidata negra ao cargo de vice dos EUA (entre os dois grandes partidos), justamente em um momento histórico de luta contra o racismo, após o afro-americano George Floyd ter sido morto asfixiado por um policial branco.

Donald Trump

(Foto: Getty Images)

 

O empresário Donald John Trump, 74 anos, foi o primeiro presidente dos EUA a ser eleito sem antes ter exercido cargo público ou servido nas Forças Armadas. Trump assumiu a presidência dos EUA em 2017 após desafiar todas as projeções e derrotar a candidata democrata Hillary Clinton. Teve 2,8 milhões de votos a menos do que a oponente, mas venceu no colégio eleitoral.

Muito antes de se tornar presidente, Trump era um dos bilionários mais famosos na América, estampando capas de revistas de negócios e de celebridades. Nascido no Queens, um dos cinco distritos da cidade de Nova York, formou-se em economia e herdou do pai, Fred Trump, uma empresa de móveis e construção. Fez o negócio da família prosperar ao construir torres de escritório, hotéis, cassinos e campos de golfe com sua marca em todo o mundo.

Com o slogan “Make America Great Again” ("Faça a América Grande Novamente", em tradução livre), protagonizou uma campanha polêmica em 2016 baseada em promessas de fortalecer a economia interna, construir um muro na fronteira com o México e proibir temporariamente a imigração de muçulmanos.

Eu não acredito nas pesquisas. Eu acredito que as pessoas desse país são inteligentes. Eu não acho que os eleitores vão escolher um homem que é incompetente

Donald Trump, candidato pelo partido Republicano

 

No começo do ano, antes de o país se tornar o epicentro do novo coronavírus, Trump exibia com orgulho os números econômicos de seu governo. Em fevereiro, a taxa de desemprego no país estava em um de seus níveis mais baixos das últimas décadas: 3,5%. Mas Trump viu a Covid-19 destruir tudo que ressaltava como grandes conquistas de sua gestão.

A pandemia também causou uma onda de críticas por sua resposta tardia e equivocada à crise sanitária. A favor de Trump no enfrentamento da pandemia podem ser citados o pacote de auxílio de US$ 2,2 trilhões, seguido por outro projeto de lei de ajuda, e as ações tomadas para distribuir equipamentos médicos e outras formas de assistência aos Estados.
Source: Rural

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