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(Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

O valor da produção das principais culturas agrícolas do Brasil atingiu R$ 361 bilhões em 2019, superando em 5,1% o recorde alcançado no ano anterior, quando totalizou R$ 343,5 bilhões. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (1/10) pelo IBGE.

Milho, algodão e cana-de-açúcar foram os principais produtos que influenciaram a alta. A soja, embora tenha tido uma retração de 1,8% em 2019, somou R$125,6 bilhões no ano e manteve o primeiro lugar no ranking de participação no valor da produção agrícola nacional.

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“Já faz três anos que as condições climáticas têm favorecido a produção agrícola no país. Os problemas de estiagem foram pontuais e não comprometeram a produção”, explica o supervisor da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), Winicius Wagner.

Com o clima favorável e maiores investimentos em insumos e tecnologia, bem como ampliação da área plantada, o rendimento médio aumentou. “Isso faz com que a gente obtenha recordes subsequentes. Na última década, o valor da produção tem sido positivo. Apenas em 2017 tivemos uma pequena retração em função da queda do preço do milho e outras commodities por uma grande oferta do mercado, uma vez que naquele ano tivemos a supersafra”, observa Wagner.

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Depois da soja, as culturas com maior participação no valor da produção agrícola nacional foram cana-de-açúcar (15,2%), milho (13,2%), café (4,9%) e algodão herbáceo (4,4%). A quantidade produzida também foi recorde e superou a supersafra de 2017: a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas somou 243,3 milhões de toneladas, crescimento de 6,8% frente a 2018 e de 1,9% em comparação com 2017.

Milho rompe barreira

O milho chegou a 101,1 milhões de toneladas, aumento de 22,8% frente a 2018, ano em que as regiões produtoras enfrentaram problemas climáticos. “Foi a primeira vez que o milho superou a marca de 100 milhões de toneladas. O valor da produção também teve o crescimento expressivo de 26,3%, alcançando R$ 47,6 bilhões”, afirma Wagner.

Com isso, a participação do milho no total do valor da produção aumentou na comparação com o ano anterior, quando era de 11%. “O volume exportado de milho foi recorde, com 42,8 milhões de toneladas, um aumento de 86,2% em relação a 2018.

Entre os fatores que explicam esse crescimento estão a safra recorde, o aumento do consumo mundial e o câmbio. Com a desvalorização do real frente ao dólar, que observamos desde 2019, a exportação dos produtos nacionais é favorecida”, explica o pesquisador.

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A soja, principal produto de exportação do país, respondeu por 34,8% do valor da produção agrícola em 2019. Apesar de ter a área colhida expandida em 3,2%, essa cultura teve uma queda de 3,1% no volume gerado. De acordo com Winicius Wagner, fatores climáticos prejudicaram a fase final do ciclo em alguns dos principais estados produtores.

“Ao longo de dezembro de 2018 e janeiro de 2019, tivemos um período de estiagem em uma importante região produtora entre Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, o que acabou comprometendo a produtividade da soja. Isso fez com que diversos municípios dessa região tivessem uma queda de rendimento médio dessa cultura“, diz o supervisor.

(Foto: Reprodução)

 

O pesquisador destaca que, apesar da queda na quantidade de soja produzida, a safra de 2019 não pode ser considerada ruim, visto que a base de comparação era elevada. “Então, mesmo com essa queda no volume produzido [de soja], 2019 registrou a terceira maior safra na série histórica levantada pelo IBGE”, complementa.

Já a cana-de-açúcar, outro dos principais produtos agrícolas do país, teve um aumento de 5,3% no valor da produção e recuperou a queda do ano anterior. A área colhida da cana teve uma expansão de 0,7% e sua produção aumentou 0,8% em um ano.

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De acordo com Wagner, devido à alta do preço da gasolina, o biocombustível ganhou maior competitividade e a produção do etanol foi recorde. Isso fez a participação do etanol como destino da produção da cana-de-açúcar aumentar em 2019.

“Aproximadamente dois terços da produção da cana destinam-se à produção do etanol e cerca de um terço vai para a produção de açúcar. O excesso de oferta de açúcar no mercado externo fez com que, em 2019, houvesse uma redução de 15,8% nas exportações. Mesmo assim, a produção de açúcar voltou a crescer. Mas o etanol cresceu muito mais”, contextualiza.

Área colhida supera 80 milhões de hectares

A área plantada pela atividade agrícola nacional chegou a 81,2 milhões de hectares em 2019, um aumento de 3,3% frente ao ano anterior. As expansões das áreas de cultivo do milho (1,2 milhão de hectares) e da soja (1,1 milhão de hectares) foram as que mais contribuíram para esse crescimento.

No caso da área colhida, houve um crescimento de 3,5% frente a 2018, totalizando 80,6 milhões de hectares. “Se a gente for observar o histórico de área colhida, tivemos uma ampliação bem significativa na última década. Isso mostra que as fronteiras agrícolas continuam em expansão no país, principalmente no Centro-Oeste e também no Matopiba”, diz Wagner, em referência à região formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

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Centro-Oeste lidera

A soja foi a principal cultura em quatro das cinco grandes regiões. No Centro-Oeste, maior região produtora do grão, o valor da produção agrícola total superou o de 2018 em 12,2% e atingiu R$ 107,9 bilhões. Só o Mato Grosso gerou R$ 58,4 bilhões, muito em função do cultivo de soja.

A produção do grão também foi destaque no Nordeste, por causa da região do Matopiba. No Norte, a soja teve seu plantio ampliado no Pará, que gerou o maior valor da produção da região, e em Rondônia.

O Sul teve um valor da produção agrícola de R$ 91,6 bilhões, crescimento de 1,7% frente a 2018. Além da soja, destacaram-se na região o cultivo de milho, arroz, fumo e trigo. A soja só não foi o principal produto do Sudeste, onde a cana-de-açúcar se destacou. A região gerou R$ 97,6 bilhões em valor da produção, aumento de 2,1% em relação ao ano anterior.

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Ranking municipal

Sorriso, em Mato Grosso, é o município brasileiro com maior valor da produção agrícola. Destacando-se na produção de milho e soja, totalizou um valor da produção de R$ 3,9 bilhões e respondeu, sozinho, por 1,1% do total nacional.

Além de Sorriso, 21 municípios de Mato Grosso estão no ranking dos maiores valores da produção de 2019. Eles geraram, juntos, R$ 37,1 bilhões. Goiás, Bahia e Mato Grosso do Sul, aparecem com seis municípios cada.

Outras cidades de destaque na produção da soja foram Formosa do Rio Preto e São Desidério, na Bahia. No ano anterior, São Desidério foi a cidade produtora de soja com maior valor da produção no Brasil.

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Já Morro Agudo, em São Paulo, se destaca na produção de cana-de-açúcar. O plantio dessa cultura gerou, no município, um valor da produção de R$ 571,7 milhões. Nova Alvorada do Sul, em Mato Grosso do Sul, e Mineiros, em Goiás, também estão entre as cidades que geraram maior valor da produção com esse plantio.

O café, que já foi o principal produto de exportação do país, é um dos destaques de Minas Gerais. Apesar da queda de 21,4% no volume de produção, o Estado foi responsável por 70,6% de todo o café arábica do Brasil, atingindo 1,5 milhão de toneladas. Patrocínio, no interior mineiro, liderou o valor da produção do café em grão, com R$ 387,9 milhões, e foi seguida por Rio Bananal e Linhares, ambas no Espírito Santo.
Source: Rural

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