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(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

 

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Leite Ribeiro, classificou de "desproporcional" a reação de países europeus ao aumento do desmatamento e de focos de queimada na Amazônia e no Pantanal nos últimos dois anos e chamou de “hipocrisia ambiental” a forma como eles têm tratado do tema.

“Isso aqui não era uma preocupação em anos anteriores, onde a situação era muito pior. Os números de 2019 e 2020 estão abaixo da média histórica”, apontou o diplomata durante evento organizado pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (29/9).

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Segundo Ribeiro, os números de desmatamento e queimadas no Brasil ganharam evidência, “em primeiro lugar, porque assinamos um acordo com a União Europeia, que é um país (sic) em que a agricultura é extremamente protecionista e que reagiu atacando a agricultura brasileira como se a agricultura fosse responsável por mudanças no meio ambiente”.

“Então, se houvesse realmente uma preocupação com o meio ambiente, esses países deveriam estar mais preocupados em acertar a matriz energética deles”, completou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.

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Sob medida

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“Nossa proposta tornaria ilegal para grandes empresas o uso de commodities de risco florestal que não tenham sido produzidas legalmente, e essas emrpesas precisariam tomar medidas para mostrar que adotaram ações para garantir que isso esteja ocorrendo”, afirma o texto da consulta pública aberta em agosto no site do Departamento Britânico de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais.

 

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No parlamento europeu, uma consulta semelhante, para “reduzir a pegada de carbono da União Europeia e incentivar o consumo de produtos de cadeias de abastecimento livres de desmatamento”, foi aberta no início de setembro.

Na avaliação do secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, as leis foram feitas “sob encomenda para o Brasil”. “Se essas legislações entrarem em vigor, terão como resultado a anulação de ganhos que conseguimos com o acordo [Mercosul-UE]. Quer dizer, eu não posso dissociar uma preocupação da outra, quando vejo que essas legislações não tratam, por exemplo, de maneira desigual países que têm matrizes energéticas distintas”, apontou Ribeiro

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Linha de tendência

Apesar das críticas em relação à pressão internacional contra o aumento do desmatamento no Brasil, Ribeiro reconheceu que o Brasil enfrenta problemas nessas questões. Segundo ele, o governo trabalha para evitar que os números registrados em 2019 e 2020 não se convertam em uma “linha de tendência”.

“O Brasil está, sim, preocupado em evitar que os números registrados neste e no ano passado se tornem uma tendência. Criamos, inclusive, o Conselho da Amazônia, presidido pelo vice-presidente (Hamilton Mourão) e que congrega vários ministérios, cada um tomando iniciativas dentro da sua própria área”, explicou o secretário.

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No caso particular do Ministério da Agricultura, Ribeiro afirma que a pasta tem atuado para avançar na regularização fundiária no país e pediu tempo para a implementação dos programas e propostas até que haja resultados. “É preciso que a gente tenha tempo”, disse. 

Segundo dados do Ministério da Agricultura apresentados pelo secretário, terras não tituladas apresentam 137% mais desmatamento no país. “Não estou dizendo que o Brasil é um paraíso agroambiental, mas estamos à frente de muitos outros países”, concluiu o diplomata.
Source: Rural

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