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Queimada em área no Pantanal, em Mato Grosso do Sul. Bispos católicos fizeram fortes críticas ao governo (Foto: Mariana Grilli/Ed Globo)

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta quinta-feira (24/9), uma nota oficial em que vê “negacionismo” das autoridades brasileiras em relação às queimadas na Amazônia e no Pantanal. No comunicado, os bispos da Igreja Católica cobram também fiscalização, investigação e responsabilização de eventuais culpados pelo que chama de "crime socioambiental".

“A efetiva superação dessa caótica situação só se dará por meio de forte fiscalização, investigação e responsabilização dos culpados, obrigação de reflorestamento, recuperação integral da natureza devastada e reorganização da estrutura econômica”, diz o comunicado da Conferência, divulgado em seu site oficial.

Sem fazer uma menção direta ao presidente Jair Bolsonaro, a nota dos bispos católicos faz uma referência ao discurso dele na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta semana, em que relacionou a ocorrência de queimadas ao "caboclo e o índio". Para eles, o tom dessa fala é de criminalização e traz desinformação.

“O bom senso é agredido tanto pelo o negacionismo explícito e reincidente por parte de nossas lideranças governamentais, quanto pela acusação de que povos e grupos seriam os responsáveis por algumas das queimadas. Esta criminalização, feita perante o mundo, camufla, na fumaça das fake-news, o esforço desses povos por sobrevivência, além de trazer o caos da desinformação”, diz a nota da CNBB.

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O comunicado é assinado por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência e Arcebispo de Belo Horizonte (MG), Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS) e 1º vice-presidente da CNBB, Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima e 2º vice-presidente da CNBB e Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB.

No texto, a entidade diz que acompanha com indignação à situação das queimadas, além de manifestar solidariedade aos que estão atuando no combate ao fogo. E, em outra referência a falas anteriores do presidente Jair Bolsonaro, embora sem citá-lo, ressalta, que, mesmo diante “de tamanha destruição”, o governo avalia que o Brasil está de parabéns pelo modo como protege seu meio ambiente.

“Ministério Público mostrou ao Governo Federal os lugares mais sensíveis onde o desmatamento e a queimada aconteceriam de forma mais evidente. Até mesmo ações judiciais foram propostas. Nada, entretanto, surtiu efeito que evitasse essa tragédia socioambiental”, diz a nota.

Os bispos mencionam ainda cortes nos orçamentos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio). E afirmam que o orçamento destinado ao reforço da fiscalização ambiental no país sofreu bloqueio.

“Apesar da criação do Conselho da Amazônia, com a promessa de melhor controle no bioma por parte das Forças Armadas, agosto deste ano repetiu e mesmo superou a tragédia vivida em 2019, com um pico assustador no número de focos de incêndio”, diz o comunicado. “Tudo isso se constitui num processo de verdadeiro desmonte das leis e sistemas de proteção do meio ambiente brasileiro”, acrescenta.
Source: Rural

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