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Teresa Vendramini, presidente da SRB (Foto: Divulgação)

 

 

Você já deve ter ouvido falar na sigla ESG (Environmental, Social and Governance), que, na tradução para o português, está relacionada às melhores práticas ambientais, sociais e de governança. Cada vez mais as empresas e os investidores querem estar próximos dos ativos “lastreados” nesta sigla porque serão sinônimo de negócios sólidos e sustentáveis do ponto de vista ambiental, social e econômico.

O agronegócio brasileiro se sente preparado para esta nova era. Isso porque combinar produção agropecuária e preservação do meio ambiente não é uma possibilidade, é uma realidade em diversas regiões do Brasil, tudo baseado em ciência e responsabilidade.

A Sociedade Rural Brasileira decidiu publicar este artigo para reforçar dados que, em alguns momentos, podem passar despercebidos pela sociedade. A agropecuária cresceu, evoluiu, passou a bater recordes de produtividade e, ao mesmo tempo, vem multiplicando a adoção de práticas sustentáveis, o respeito as leis e a contribuição para o desenvolvimento socioeconômico sustentável no Brasil, inclusive da Amazônia.

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A crença do agro brasileiro na importância da ciência vem desde a década de 1970. Após a construção de Brasília,  produtores rurais especialmente dos Estados do sul do Brasil foram convidados pelo governo para migrar para estas regiões – com a promessa de receber a titulação das terras. Foi neste período que foi criada a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que promoveu diversas revoluções na agricultura. A principal delas foi a adaptação da soja às condições de clima e solo do Cerrado.

No início dos anos 2000, o agro brasileiro avançou mais uma vez com base nas pesquisas, derrubando dogmas de ambientalistas que aterrorizavam a sociedade sobre eventuais riscos da liberação das sementes transgênicas. No caso da soja transgênica, que hoje corresponde a mais de 90% da safra brasileira, o tempo mostrou que o então ministro da Agricultura na época, Roberto Rodrigues, estava certo ao acreditar nos benefícios que a biotecnologia poderia trazer.

O principal avanço foi ambiental, houve uma redução de 36% na aplicação de agroquímicos na soja com a migração da semente convencional para a transgênica e, o melhor de tudo, houve a certeza de que estes alimentos eram seguros. 

O Brasil é o guardião desta riqueza (Amazônia) e vai agir de forma proativa, mostrando ao mundo como o agronegócio avança sem prejuízo a preservação das florestas

 

Foi assim que ao longo de 40 anos, com ciência, inovação e acima de tudo, empreendedorismo, o Brasil deixou de ser importador de alimentos e hoje aparece como um dos maiores exportadores do mundo. A evolução segue cada vez mais no caminho da sustentabilidade. O mercado de biodefensivos, produtos que ajudam a preservar a água e o solo, deve crescer 30% em 2020.

A Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) já é adotada em 11,5 milhões de hectares no Brasil, segundo dados da Embrapa, garantindo ganhos ambientais como redução das emissões de gases de efeito estufa, controle da erosão, fixação de carbono, bem-estar animal, além de benefícios sociais e econômicos.

O resultado desta nova realidade no campo se expressa em números: a produção brasileira de grãos cresceu 300% entre 1997 e 2020, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Neste mesmo período, a área plantada avançou apenas 60%, demonstrando o aumento da produtividade, o maior uso de tecnologia nas fazendas e contribuindo para a preservação de milhões de hectares.

Oo agronegócio pode até não precisar da Amazônia para crescer, porém a população da Amazônia precisa das atividades agropecuárias para sobreviver e seguir no caminho do desenvolvimento socioeconômico sustentável

 

A Sociedade Rural Brasileira entende que as discussões sobre o bioma Amazônia têm ficado restritas aos temas queimadas e desmatamento, faltando uma visão mais holística sobre os desafios que este patrimônio da humanidade ainda apresenta. Estudos da Embrapa Territorial indicam que 84,1% das florestas da Amazônia permanecem intactas. Somente 12,8% das áreas são destinadas a lavouras e pastagens.

A estimativa é de que atualmente haja 1 milhão de produtores rurais ativos na região amazônica, que compreende 500 municípios. É uma agropecuária altamente diversificada, quase 90% são pequenos agricultores, dos mais simples sistemas extrativistas, passando pelas modernas fazendas em Mato Grosso, até os produtores de origem japonesa no Pará, conforme menciona em artigo o chefe geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda. São milhares de empregos gerados a partir da agropecuária, que garantem o sustento de boa parte da população da Amazônia.

Com base nestas informações, cabe dizer que o agronegócio pode até não precisar da Amazônia para crescer, porém a população da Amazônia precisa das atividades agropecuárias para sobreviver e seguir no caminho do desenvolvimento socioeconômico sustentável.  Só assim será possível também proteger a soberania nacional sobre a região. A SRB ressalta que o Brasil é o guardião desta riqueza e vai agir de forma proativa, mostrando ao mundo como o agronegócio avança sem prejuízo a preservação das florestas.

O avanço da agropecuária moderna, tecnificada e eficaz, trará muitos ganhos ambientais ao país. Nas discussões sobre mudanças climáticas, por exemplo, a agropecuária brasileira deve aparecer como solução e não como causa

 

A SRB faz parte do Conselho Consultivo da Amazônia, iniciativa dos três maiores bancos privados do Brasil, e já definiu alguns pilares para o diálogo:

Defender os produtores rurais que respeitam as leis, assumindo caráter apartidário e condenando as vozes radicais, de diferentes lados, que muitas vezes distorcem os dados reais do setor. A SRB acredita que uma das prioridades do Plano Amazônia deve ser a regularização fundiária. Milhares de produtores rurais, a maioria da agricultura familiar, estão sendo penalizados pela falta de titulação das terras. Muitos deles são confundidos com grileiros ou fazendeiros ilegais, colocando em risco a sobrevivência de milhares de famílias.

Solicitar que o novo Código Florestal Brasileiro, aprovado em 2012 após amplas discussões com a sociedade, seja efetivamente cumprido, regulamentado e fiscalizado. A SRB quer manifestar o seu protesto em relação à guerra de ações contra os produtores rurais que tem surgido, inclusive junto a cortes superiores, na tentativa de invalidar esta legislação.

Sugerir aos bancos que auxiliem os produtores rurais para que se enquadrem as normas exigidas pelo mercado consumidor e aos critérios "ESG”, oficializando as boas práticas já adotadas no campo. Na opinião da SRB, o avanço da agropecuária moderna, tecnificada e eficaz, trará muitos ganhos ambientais ao país. Nas discussões sobre mudanças climáticas, por exemplo, a agropecuária brasileira deve aparecer como solução e não como causa.

O momento  conturbado que vive o País, com excesso de polarização política, exige determinação e diálogo

 

Com a adoção destas medidas, o desmatamento tenderá a zero naturalmente, em curto espaço de tempo. A SRB ressalta, no entanto, que lideranças que afirmam "não podemos derrubar mais uma árvore sequer” se distanciam da realidade, à medida que inviabilizam, por exemplo, as políticas de recuperação de áreas de pastagens degradadas, conforme estabelece o Código Florestal Brasileiro.

O momento  conturbado que vive o País, com excesso de polarização política, exige determinação e diálogo. A SRB entende que somente desta forma será possível contrapor os dogmas ambientalistas, avançando a favor do desenvolvimento socioeconômico sustentável, que só a agropecuária pode produzir.
Source: Rural

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