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Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima (Foto: Reprodução/TV Justiça)

 

O aumento do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa devem comprometer o cumprimento de metas assumidas pelo Brasil relacionadas ao combate às mudanças climáticas. Foi o que afirmou o coordenador técnico do Observatório do Clima, Tasso Azevedo, com base em dados do MapBiomas, no segundo dia da audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a gestão do Fundo Clima e a política ambiental brasileira.

De acordo com ele, com o aumento do desmatamento as emissões também devem crescer em 2020 e “o Brasil não cumprirá a meta determinada na Política Nacional de Mudanças Climáticas e voluntariamente assumida no Acordo de Copenhagen”. Azevedo ainda prevê que o Brasil deve superar os 12 mil quilômetros quadrados de desmatamento neste ano, “ou seja, três vezes a nossa meta”.

Outro dado apresentado pelo coordenador do Observatório do Clima é que o Brasil é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa no Planeta, mas diferente dos outros quatro, que concentram a emissão por queima de combustível fóssil, a emissão brasileira se deve ao aproveitamento da terra no meio rural, como agropecuária, desmatamento e mudanças no uso da terra.

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Ao olhar o perfil destas emissões no Brasil, ele afirma que “cerca de  70% estão vinculadas ao uso da terra, como a agropecuária, e em seguida transporte e indústrias”. Azevedo disse ainda que o setor de saneamento, colocado como prioridade para as questões climáticas pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles,  corresponde apenas por 5% das emissões brasileiras.

Para Tasso Azevedo, a agricultura de baixo carbono faz parte das medidas que podem ajudar o Brasil a diminuir a emissão de C02. “Se não houvesse as emissões oriundas do desmatamento, o Brasil não estaria nem entre os 20 maiores países emissores. E se adicionássemos a isso as práticas de agricultura de baixo carbono e a restauração florestal, seríamos um dos poucos países que alcançariam as emissões líquidas negativas”, sugere.

Monitoramento ambiental

Na perspectiva de monitoramento ambiental, o ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Ricardo Galvão, se pronunciou na audiência do STF sobre a criação de uma agência nacional para centralizar as informações sobre o desmatamento, sugerida pelo vice-presidente Hamilton Mourão.

Para Galvão, a agência teria "implicações bastante negativas na atividade de minimizar desmatamentos e queimadas" e a manobra do governo “está claramente indicando a intenção de controlar as atividades de observação da terra sob a ótica das aplicações militares”. Além disso, o cientista ainda complementou dizendo que a proposta da agência pode dificultar o acesso aos dados reais, podendo gerar “a obstrução ou dificuldade em sua análise por órgãos e agentes públicos e privados, inclusive universidades e programas de pós-graduação”.
Source: Rural

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