Skip to main content

Mangueiras foram devoradas por gafanhotos no interior do Mato Grosso (Foto: Associação de Moradores de Quintas do Bandeira/Divulgação)

 

Pequenos produtores de frutas e hortaliças têm acumulado prejuízos desde agosto com ataques de gafanhotos em propriedades rurais nas redondezas de Cuiabá (MT). Mas, quase um mês depois de relatarem o problema, ainda esperam por ajuda.

Uma reunião para tratar do problema, que havia sido marcada para esta sexta-feira (18/9) por Secretaria da Agricultura de Cuiabá, superintendência local do Ministério da Agricultura e Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), acabou sendo cancelada.

saiba mais

Gafanhotos "gigantes" atacam frutas e hortaliças e causam prejuízos no Mato Grosso

 

O motivo, segundo a Secretaria da Agricultura e o Indea, foi que um membro da equipe de trabalho contraiu Covid-19. Diante disso, a reunião será remarcada. Apesar disso, os órgãos governamentais não informaram quais medidas pretendem adotar para combater a praga nem quando as ações serão realizadas.

A incerteza, porém, frustra os produtores. “Eles marcaram uma reunião, mas ligaram depois para cancelar. Só que os gafanhotos estão aqui. A cada dia que passa, aumenta mais (a população) e a gente está com as mãos atadas. Não sabemos o que fazer”, desabafa Josefina de Almeida, presidente da Associação de Moradores de Quintas do Bandeira, uma das comunidades afetadas.

Vídeo mostra ataque de gafanhotos no MT

 

O problema com a espécie Tropidacris collaris ocorre desde o fim de agosto – embora alguns produtores tenham relatado a incidência na região a quase três meses. Diferente da Schistocerca cancellata, o gafanhoto sul-americano que tem prejudicado lavouras na Argentina e quase chegou ao Brasil em julho, a Tropidacris collaris é quase três vezes maior, mas tem menor capacidade de agrupamento e movimentação em grandes distâncias. 

Ainda assim, pode causar estragos na agricultura. No caso dos moradores de Cuiabá, as perdas ocorrem principalmente em pés de manga, goiaba, caju e coco, usados pelos agricultores para a produção e venda de doces. Quintas do Bandeira é um distrito rural a cerca de 20 minutos da capital mato-grossense, onde a grande parte dos 380 moradores relataram o problema, segundo Josefina.

saiba mais

Técnicos mapeiam região onde houve ataque de gafanhotos "gigantes" no Mato Grosso

 

Mas a comunidade do Machado também foi afetada. Além dos gafanhotos, as queimadas na região do Pantanal e a seca prejudicam os trabalhos em 2020.

“Tem morador que cultiva outras frutas, como laranja e limão. Eles (técnicos) vão ver uma data e ligar para confirmar. Eu disse que nós não podemos mais esperar, precisamos de uma solução", declarou a presidente da Associação. “Provavelmente, não teremos produção de doces neste ano.”

saiba mais

Vídeo impressionante mostra gafanhotos destruindo lavouras de trigo na Argentina

 

Noêmia da Silva Almeida, 60 anos, reside na comunidade do Machado com o marido, um casal de filhos e sete netos. Ela planta manga, goiaba, caju, laranja e acerola. A partir das frutas, produz e vende doces. Com isso, consegue faturar cerca de R$ 1,8 mil por mês, dinheiro usado para contribuir nas contas de casa.

“Eu nunca vi isso. Não tinha acontecido nos anos anteriores e é um problema”, conta Noêmia. “Eles perguntaram de onde veio e como surgiu o gafanhoto, mas não sei dizer isso”, relembra a moradora sobre o encontro na última semana com as equipes da Secretaria de Agricultura de Cuiabá, ministério e técnicos do Indea para avaliar a situação.

saiba mais

Mudanças climáticas tendem a aumentar formação de nuvens de gafanhotos perto do Brasil

 

 

Na última semana, a secretária de Agricultura da capital mato-grossense, Débora Marques, havia dito que uma das hipóteses analisadas para ajudar os produtores seria conceder uma espécie de auxílio. Sobre isso, a oasta diz que os estudos ainda não foram finalizados.

“O estudo de viabilidade para o pagamento do auxílio ainda não foi concluído. O que se pode observar até o momento é que a maioria dos produtores não dependem exclusivamente da agricultura familiar para sua subsistência. Em todo o caso, o levantamento está sendo feito”, afirmou a secretaria, em nota.

Procurados, a Secretaria Estadual de Agricultura Familiar do do Mato Grosso e o Ministério da Agricultura não responderam até a publicação da reportagem.
Source: Rural

Leave a Reply