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Tratorista constrói aceira para tentar frear avanço do fogo (Foto: Acrimat/Divulgação)

 

Embora as suspeitas sejam de que o incêndio que consome o Pantanal tenha começado de forma criminosa, para abertura de pastagens, o avanço do fogo tem provocado prejuízos ainda incalculáveis à pecuária pantaneira.

No Mato Grosso do Sul, principal Estado produtor do país, com 14% do rebanho nacional, os relatos são de pecuaristas sem ter onde colocar o gado após perderem tudo diante do avanço das queimadas.

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“Acho que a pessoa que coloca fogo numa época dessas, de seca extrema, não está em sã consciência ou não é produtor rural”, ressalta Francisco Manzo, diretor técnico da Associação de Criadores do Mato Grosso (Acrimat).

Ele explica que os pecuaristas do pantanal só adotam queimadas que seguem técnicas controladas e são feitas, sim, para abrir pastagens, mas em épocas do ano de maior umidade e restrito a pequenas porções da propriedade.

Fogo é tão intenso que chegou a secar lagoa (Foto: Acrimat/Divulgação)

 

“O que está acontecendo hoje não são queimadas, são verdadeiros incêndios. É como se um empresário colocasse fogo na própria fábrica. Queima curral, cerca, animais, perde matéria orgânica do solo”, observa o pecuarista, que ainda calcula os prejuízos que o fogo representará para o setor no Estado.

Segundo ele, os produtores atingidos que conseguiram salvar seus animais têm duas opções: assumir maiores custos, com suplementação alimentar e arrendamento de novas áreas, ou vender o rebanho e abandonar a atividade.

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De acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 165,7 mil focos de queimadas no Pantanal na primeira quinzena de setembro, número 354% maior que o mesmo período do ano passado. 

Até quarta-feira (16/9), o fogo já havia destruído cerca de 2,8 milhões de hectares do bioma, sendo 1,7 milhão no Mato Grosso e 1,1 milhão no Mato Grosso do Sul. O número representa cerca de 19% do Pantanal, conforme o Instituto SOS Pantanal.

Pontes também foram destruídas pelo fogo (Foto: Acrimat/Divulgação)

 

Em Poconé, um dos municípios com mais focos de incêndio no Estado, o pecuarista Cristóvão Afonso da Silva afirma que 80% dos produtores foram atingidos pelo fogo. “Todo mundo aqui perdeu animal”, conta Silva.

Ele ainda calcula o prejuízo causado em sua propriedade. “O prejuízo de infraestrutura é incalculável, da ordem de milhões. São quilômetros e mais quilômetros de cercas queimadas”, afirma Silva. Com as pastagens destruídas e a baixa disponibilidade de água na região, ele estima que o pior ainda esteja por vir.

O prejuízo vai ser maior agora, que o gado não tem o que comer. Hoje, temos produtores que não têm nem para onde levar o gado. Ainda estamos esperando para fazer esse levantamento, mas o prejuízo é muito grande

Cristóvão Afonso da Silva, pecuarista em Poconé (MT)

 
Source: Rural

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