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Em cinco dias, bactérias da laranjeira haviam degradado entre 88% e 93% dos agroquímicos (Foto: Divulgação)

 

Cientistas do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo, identificaram que bactérias presentes em folhas de laranjeira podem ser capazes de produzir enzimas que degradam dois dos principais pesticidas utilizados na citricultura, a bifentrina e o fipronil.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores extraíram bactérias do gênero bacillus (comuns em ambientes onde os produtos químicos são aplicados e ainda assim, permanecem vivas) das folhas de laranjeira de um pomar instalado em Tabatinga, no interior de São Paulo, para testes. As amostras foram colocadas em frascos com os agroquímicos e após cinco dias, a bactéria Bacillus amyloliquefaciens já havia biodegradado 93% do fipronil e as bactérias Bacillus pseudomycoides havia eliminado 88% da bifentrina.

Segundo a cientista Juliana Viana, coordenadora do trabalho, as enzimas produzidas pelas bactérias têm potencial para reduzir significativamente ou até eliminar os agroquímicos. “Elas promoveram reações de biodegradação dos pesticidas, mostrando potencial para eliminar esses agentes tóxicos lançados no meio ambiente. Essa atividade dos microrganismos representa uma importante função ambiental de remediação desses produtos,” afirmou.

Juliana, que teve sua pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), também testou como seria o desempenho de grupos de bactérias do gênero Bacillus atuando juntas contra os agrotóxicos: oito linhagens dos microrganismos, de diferentes espécies, foram colocadas para reagir com os produtos químicos e alcançaram uma degradação de 81% do fipronil e de 51% da bifentrina.

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Segundo o professor André Luiz M. Porto, orientador da pesquisa, quando as bactérias estão em conjunto, pode haver competição por espaço e nutrientes, “desviando o foco” do combate aos pesticidas. Isso, de certa forma justifica a taxa de biodegradação inferior ou mais lenta nos testes com bactérias trabalhando em equipe.

Banidos na União Europeia (UE), o fipronil e a bifentrina são empregados no Brasil como inseticida e formicida em diversos tipos de plantações, como em culturas de citros, tomate, batata, milho, arroz, soja ou feijão. O fipronil também é usado para matar pulgas e carrapatos em cães, podendo gerar riscos aos animais, se administrado incorretamente. Em abelhas, os dois produtos são capazes de atingir o sistema nervoso levar à morte.

Segundo os pesquisadores, as bactérias têm potencial para serem utilizadas na eliminação de resquícios de pesticidas nas plantações e para evitar a contaminação de outros seres vivos e recursos naturais. “Após cumprirem seu papel de proteção aos cultivos, esses produtos precisam ter um destino final, não podem ficar no meio ambiente. Para isso, estamos trabalhando em uma alternativa sustentável, utilizando a própria natureza para preservá-la e nos proteger”, finalizou Porto.
Source: Rural

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