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Bovinos em confinamento. Mercado de alimentação animal tende a crescer, de acordo com a DSM, que planeja comercializar a partir de 2021 um aditivo para a dieta de bovinos (Foto: Divulgação)

 

A DSM aposta em ganho de mercado e manutenção do crescimento em meio à implantação de uma nova estratégia global para o segmento de saúde e nutrição animal. Na América Latina, na qual está inserido o Brasil, a expectativa é de uma expansão 2,5 vezes acima da média do mercado, que, de acordo com executivos, tem avançado de 1,5% a 2% ao ano. 

A América Latina representa 12% dos negócios da empresa em nível global, sendo que o segmento de nutrição animal responde por 65% das vendas na região. “Para este ano, apesar do cenário global desafiador, temos crescido frente ao ano anterior, com expectativas realistas diante do contexto atual e projetando resultados dentro do que é esperado”, afirma Regiane Peres, diretora de Especialidades da DSM na América Latina, que respondeu via e-mail à reportagem.

A empresa anunciou sua nova estrutura de negócios no segmento animal em nível global na semana passada. De acordo com o comunicado da DSM, a estratégia está baseada em duas linhas. A chamada de Core Business visa trazer maior agilidade no relacionamento com os clientes através das suas soluções que já estão no mercado. 

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E a área de Especialidades está relacionada ao desenvolvimento de soluções, levando em conta critérios de sustentabilidade. Entre as diretrizes, estão a melhora do desempenho dos animais, uso racional de recursos naturais, redução de emissões de gases de efeito estufa relacionados à pecuária e combate à resistência antimicrobiana na produção animal.

“Temos a oportunidade de ampliar o nosso atendimento, expandindo geograficamente nossa atuação e respondendo com mais agilidade à crescente demanda do mercado, ao mesmo tempo que oferecemos soluções inovadoras, sustentáveis e de alta performance”, diz Regiane.

Uma das ações recentes, que ajudará a dar suporte a essa estratégia, foi a aquisição do Grupo Erber, um negócio avaliado em 980 milhões de euros. De acordo com a DSM, um dos objetivos é aumentar a participação da companhia no segmento de eubióticos. A integração entre as duas companhias deve levar de 18 a 24 meses, de acordo com a executiva.

Brasil

No Brasil, a DSM é dona da marca Tortuga, que adquiriu em 2013 e com a qual comercializa produtos no próprio mercado brasileiro e em outros países latino-americanos. De acordo com Regiane Peres, a implantação da nova estratégia por aqui vai implicar adaptações por conta da realidade regional, mas não há perspectiva de mudança nas estruturas de operação da empresa no mercado brasileiro.

De qualquer forma, a expectativa para o Brasil é positiva, na esteira do que se espera para a região latino-americana. Por aqui, explica a executiva, a DSM deve começar a comercializar em 2021 um aditivo para a dieta de bovinos e outros ruminantes, como ovelhas e cabras. 

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A promessa do produto é reduzir em cerca de 30% a emissão de metano por parte dos animais sem qualquer efeito colateral sobre seu bem-estar ou consumo de ração. Inicialmente, será vendido como um pó a ser adicionado em uma pré-mistura, mas devem ser oferecidas também outras formas de aplicação.

“Estamos trabalhando em estreita colaboração com a FDA, a EFSA e as agências reguladoras e de verificação independentes para confirmar a conformidade com todos os regulamentos e requisitos”, diz a executiva da DSM para América Latina.

China e Covid-19

Regiane avalia que o mercado de nutrição animal se fortaleceu no ano passado. E acrescenta, citando dados do Sindicato Nacional das Indústrias de Alimentação Animal (Sindirações), que, no primeiro trimestre deste ano, a produção totalizou 18,9 milhões de toneladas, 4,3% a mais que no mesmo período no ano passado.

Regiane Peres, diretora da área de Especialidades da DSM para a América Latina (Foto: Divulgação/DSM)

A executiva destaca ainda que o cenário da cadeia produtiva de proteína animal é de crescimento, especialmente nos países exportadores, por conta da epidemia de Peste Suína Africana (PSA) na China. O avanço da doença reduziu o plantel de suínos no país asiático, afetando o quadro de oferta e demanda não apenas para a carne suína como também para outras proteínas animais, como carnes bovina e de frango.

“É esperado que, ainda neste ano, a China siga demandando diferentes fontes de proteína animal (suínos, aves e carne bovina) para compensar a perda de seu plantel suíno, mantendo os preços dessas proteínas atrativos para os exportadores”, avalia.

O avanço da pandemia de Covid-19 também teve impacto na demanda por alimentos. As medidas de isolamento e distanciamento social restringiram a demanda nos bares e restaurantes, o chamado food service, e o consumo migrou para dentro de casa. Em meio a este cenário, ressalta Regiane, com base em dados setoriais e do governo, enquanto a procura por carne bovina, frango e peixe caiu, a demanda por ovos aumentou.

“O mercado de ovos está em constante crescimento. A DSM estima, com base em dados de associações, que a demanda por ovos seja de 89 milhões de toneladas. É claro que a pandemia causada pelo novo coronavírus, diminuiu as expectativas de diversas indústrias”, ressalta a executiva, destacando que a empresa lançou, neste ano, uma iniciativa voltada para a nutrição na avicultura de postura.

Na avaliação Regiane Peres, a fase pós-pandemia tende a fortalecer ainda mais a digitalização no agronegócio, especialmente em áreas como automatização, gestão de dados e relacionamento com os clientes, por meio de atividades virtuais.

Amazônia

Em meio à divulgação de compromissos com a produção de soluções mais sustentáveis, a DSM diz estar atenta e preocupada com uma percepção negativa do Brasil por conta das questões relacionadas à situação da Amazônia, segundo a diretora de Especialidades da empresa para a América Latina, Regiane Peres. Segundo ela, essa imagem pode ser prejudicial não apenas à reputação do Brasil, mas também ao desenvolvimento de negócios.

A executiva destaca que a companhia integra o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). O grupo reúne empresas e entidades de diversos segmentos e vem manifestado preocupações relacionadas à questão ambiental no Brasil. Recentemente, conversou sobre o assunto com o vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho da Amazônia.

“A DSM acompanha com maior atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país”, diz ela.
Source: Rural

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