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(Foto: Senasa/Divulgação)

 

As autoridades fitossanitárias da Argentina já controlaram quatro das seis nuvens de gafanhotos que se deslocaram do Paraguai para o país desde maio. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (28/8/) pelo engenheiro agrônomo do Serviço de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa), Hector Emilio Medina.

Ele participou de um seminário virtual organizado pelo Senasa em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) com autoridades de Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai para discutir as formas de cooperação entre os países com o objetivo de combater o inseto.

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 “Foi controlada uma nuvem muito perto da fronteira com o Uruguai, onde o apoio dos produtores foi fundamental. Recentemente, tivemos duas nuvens controladas em Córdoba e outra em Santiago del Estero, mas há outros grupos na região”, afirmou Medina.

Os grupos remanescentes estão nas províncias de Salta, Tucumán, Santiago del Estero e Córdoba, ao norte do país – a nuvem mais próxima estaria a uma distância superior a 500 quilômetros do Brasil.

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Segundo o engenheiro do Senasa, a emergência dos gafanhotos desde o ano passado até agora é similar à formação de nuvens no biênio 2017-2018, quando a praga chegou a ocupar uma área de 700 mil km² entre o sul de Paraguai e Bolívia até o norte da Argentina.

"Foi controlada a população em março, abril e maio. Mas, em pouco tempo, houve uma invasão e, depois de 73 anos, a praga ingressou nas províncias de Corrientes e Entre Ríos. Foi neste momento que houve alertas no Brasil e Uruguai", explicou.

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Medina destacou também que a situação neste momento é ainda mais difícil por conta da pandemia do coronavírus, o que dificulta o deslocamento entre as diferentes regiões do país.

“A colaboração com os diferentes governos locais tem sido chave. Não é fácil controlar, creio que levará tempo. Mas só será possível se trabalharmos de forma articulada entre os setores público e privado”, pontuou.

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O engenheiro agrônomo e diretor do Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal do Paraguai (Senave), Julio Rojas, informou que país já teve nove nuvens de gafanhotos em 2020, das quais seis foram controladas no departamento de Alto Paraguai. A região abrange a área do Parque Nacional Defensores del Chaco, que é considerada um dos focos de proliferação e desenvolvimento da praga e se estende por Bolívia e Argentina.

Rojas abordou ainda o desafio dos paraguaios para chegar a lugares de difícil acesso, entrave semelhante enfrentado pelos técnicos argentinos nos últimos meses na província de Corrientes. "Entre 2017 e 2020, a dispersão de gafanhotos é praticamente a mesma. São os mesmos pontos onde os gafanhotos aparecem recorrentemente. É muito frustrante perseguir uma nuvem durante todo o dia e, por inacessibilidade, perder o inseto de vista", disse Rojas.

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Na avaliação da fiscal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura do Brasil, Juliana Ribeiro Alexandre, a cooperação técnica é ainda mais importante no caso brasileiro, já que, sem grandes focos do inseto desde a década de 1940, o país não tem o mesmo conhecimento dos vizinhos para o manejo ao gafanhoto.

"O Brasil está totalmente disposto a cooperar com os países que estão sofrendo com os danos. Nós não temos a expertise para controlar essa praga e precisamos de treinamento para os auditores federais e estaduais", ponderou.

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O receio de autoridades e entomologistas da região é que o problema possa ganhar escala com o fim do inverno, em meados de setembro. As altas temperaturas favorecem o deslocamento do gafanhoto sul-americano – embora considerado raro, o inseto pode se deslocar até 150 quilômetros por dia.

Segundo o governo da província de Córdoba, 40 milhões de insetos são capazes de comer o que 2 mil vacas consomem em um único dia, com perigo maior para as culturas de grãos, como trigo, milho, soja e arroz, assim como as pastagens. O Rio Grande do Sul calcula que as perdas diárias no campo em caso de invasão possam chegar a R$ 1 milhão.
Source: Rural

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