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(Foto: Divulgação)

 

A partir de setembro, o maracujá produzido no sertão baiano pela agricultora familiar Maria Perpétua Barbosa poderá ser degustado na Alemanha. Ela integra a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curuçá (Coopercuc) que, em plena pandemia, exportou, de forma direta, cerca de 600 kg de doce de maracujá com banana.

O doce, enviado em potes de 220 gramas, foi produzido na agroindústria da cooperativa, no município de Uauá (vagalume, em tupi-guarani). A compradora é uma empresa de Berlim que vende apenas produtos cultivados por cooperativas de pequenos agricultores brasileiros em sistemas agroflorestais, feitos manualmente em pequenas fábricas.

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“Para mim é uma felicidade saber que o alimento que eu plantei e colhi chegará a outro país por meio da cooperativa”, diz dona Perpétua, que tem renda mensal de R$ 800 com sua roça de frutas, feijão e mandioca.

O embarque, feito em 30 de julho por via marítima, foi a primeira exportação viabilizada pelo Projeto Agro.Br, uma parceria da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações), que capacita pequenos e médios agricultores para vender no mercado internacional, diversificando as exportações brasileiras.

Doce vendido de cooperativa Coopercuc, do sertão baiano, para a Europa (Foto: Divulgação)

 

Dailson Andrade Santos, gerente de mercado da Coopercuc, conta que a venda para os alemães resultou em um faturamento de R$ 14 mil e foi atrelada a questões ambientais. “Os compradores pagaram 23% a mais para que o excedente seja usado em ações de recuperação de áreas degradadas da caatinga", afirma.

Além de apresentar um projeto piloto de agrofloresta que consorcia plantas da caatinga com umbuzeiros e plantas extrativistas, a cooperativa atendeu a outras demandas dos compradores: mudou a embalagem e produziu rótulo em alemão para o doce, que leva a marca Gravetero e estará disponível em um site de produtos sustentáveis.

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O gerente afirma que, apesar de ser um volume pequeno, essa exportação aumenta o portfólio da cooperativa e tem a importância de abrir mercado durante a pandemia. “Do ponto de vista social, mostra ao mundo que a caatinga produz alimentos com alta qualidade e que é possível gerar riqueza dentro do sertão.”

Mulheres são 70%

Fundada na década de 1990, a Coopercuc tem 270 cooperados no sertão baiano, sendo 70% mulheres. Produz doces, compotas, geléias, polpas e cervejas artesanais utilizando os frutos da caatinga. A cooperativa já havia feito negócios em 2010, mas só reativou suas exportações no segundo semestre de 2019 com o envio de R$ 2,5 mil em geleias e doce de umbu para a França.

(Foto: Divulgação)

 

Agora, já está em outra negociação com o comprador alemão e com novos clientes de Estados Unidos, Polônia e Espanha. A meta é, com a ajuda do Agro.BR, abrir mercado também no Catar, na Arábia Saudita e na América Latina e fechar o próximo ano com 5% do faturamento vindo das exportações. A cooperativa tem um faturamento anual de R$ 2,5 milhões e vende seus produtos para 14 Estados do Nordeste, Sul e Sudeste.

Agro.BR

 

O projeto da CNA apoia exportações de produtos de valores agregados com foco nas cadeias de café especiais, cacau, mel, pescados, lácteos, castanhas, agroindústria de frutas e hortaliças.

Segundo Camila Sande, coordenadora de exportação da entidade, desde 2016 têm sido feitos seminários para pequenos e médios produtores visando desmistificar o mercado internacional. O Agro.BR foi implantado em março deste ano com consultores trabalhando em quatro Estados para capacitar agricultores: Bahia, Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul. Os focos são os mercados da Ásia e América Latina.

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Camila explica que a pandemia de Covid-19 demandou uma readequação para o meio digital do projeto, que previa seminários e cursos, além da participação de produtores em feiras internacionais.

De 14 a 18 de setembro, será realizada uma rodada de negócios virtual visando o mercado da América Latina. Estão confirmadas 20 empresas, entre elas a Cooabriel (Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel), do Espírito Santo, que já exporta café conilon para os EUA, mas pretende expandir seu comércio exterior.

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O consultor da FAEB (Federação da Agricultura e Pecuária-Bahia) Roberto Nogueira Vianna, que representa o projeto no Estado, diz que os participantes podem acessar nichos importantes no mercado exterior se oferecerem um produto regional com apelo internacional e responsabilidade socioambiental.

O produtor, associação ou cooperativa interessada em se capacitar para exportar com a ajuda do Agro.BR precisa se cadastrar no programa, participar das rodadas de negócios e feiras e depois seguir alguns passos.

Inicialmente, deve se habilitar no sistema Radar da Receita Federal, adequar sua produção em termos de segurança alimentar, manter contato com o importador, formar preço para exportação, adequar embalagens e rotulação, combinar modalidade de embarque e pagamento e contratar despachante para a logística e documentação do embarque.
Source: Rural

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