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(Foto: Getty Images)

 

 

*Publicada originalmente na edição 418 Globo Rural (Agosto/2020)

A pandemia não impediu a realização da festa junina dos funcionários do Grupo Junqueira Rodas, de Monte Azul Paulista (SP), que produz 5,4 milhões de caixas de laranja por ano, 300 mil toneladas de cana e cria gado tabapuã de corte e genética em fazendas de São Paulo e Mato Grosso do Sul, que somam 13.500 hectares.

No dia 28 de junho, os colaboradores entraram na festa em link fechado do YouTube da Fazenda Água Milagrosa, uma das unidades do grupo, com direito a live de sertanejos, apresentação de quadrilha e distribuição de prêmios.

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“Foi a tecnologia que permitiu a realização da festa, que nos trouxe conforto e emoção. Teve prêmios para a melhor fantasia, mesa mais bem decorada e família mais animada”, conta Sarita Rodas, CEO do Grupo Junqueira Rodas.

Apaixonada por inovações, ela também implantou nas fazendas o controle da jornada de trabalho dos colaboradores por reconhecimento facial por meio de celular, dispensando a necessidade de toque dos dedos. “Nós já vinhamos estudando isso, mas aceleramos o investimento por causa da pandemia. Fomos a primeira empresa do agro a implantar esse sistema, que garante mais segurança aos nossos colaboradores.”

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Sarita, que se formou em direito e pretendia ser promotora de justiça, assumiu os negócios da família devido à morte repentina do pai, em 2009. Ela afirma que, graças à tecnologia já presente nas propriedades, o grupo foi capaz de colocar em home office em apenas 24 horas 100% dos funcionários que poderiam trabalhar em casa logo que a pandemia chegou ao país, em 16 de março.

Também implantou, uma semana depois, uso de máscara, distanciamento social no transporte e medidor digital de temperatura para acesso às propriedades. Além disso, todas as reuniões passaram a ser virtuais, por meio de aplicativos como Zoom e Teams.

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“Existia uma resistência grande a reuniões online. Isso vai ser uma mudança importante no pós-pandemia porque reduz custos, protege colaboradores e acelera as decisões. Devemos no futuro partir para um sistema misto de reuniões”, diz ela. Com 500 funcionários fixos e mais 1.000 na safra, o grupo não registrou nenhum caso positivo de Covid-19.

A empresária afirma que está desenvolvendo um sistema próprio para monitoramento digital dos tratos culturais dos citros e também revisando todos os processos para ver se é possível automatizar mais. “Não dá para implantar toda a tecnologia que aparece, porque tem muita coisa que não funciona.”

Sarita Rodas, CEO do Grupo Junqueira Rodas,de Monte Azul Paulista (SP), que produz 5,4 milhões de caixas de laranja por ano (Foto: Divulgação)

 

Mirto Sgavioli Neto, produtor de cana e soja em 4 mil hectares na região de Bauru (SP) e dono de um laticínio em Boraceia, é outro apaixonado por tecnologia que tem acelerado o uso de aplicativos para reuniões online, lives técnicas e envio de relatórios de campo nos últimos meses.

A gestão nesta pandemia, diz ele, foi facilitada pelos sistemas que já tinha adotado. Parceiro agrícola da indústria sucroalcooleira Raízen desde 2014, o economista de 31 anos investiu inicialmente em ferramentas de gestão de dados. Há dois anos, implantou tecnologias como piloto automático, telemetria e georreferenciamento nas máquinas, para controlar também a gestão operacional nas fazendas, que empregam 110 pessoas.

Não preciso mais da informação do operador porque ‘falo’ com a própria máquina. Basta acessar uma tela e tenho todas as informações. É fundamental ter bons dados, porque o agro é a atividade econômica com mais variáveis que existe

Mirto Sgavioli Neto, produtor rural e dono de laticínio em Boraceia (SP)

 

 

João Carlos Martins de Freitas Junior, produtor de cana em 915 hectares na região de Bebedouro e fornecedor das usinas Tereos e Pitangueiras, festeja o fato de, graças às tecnologias digitais, ter acesso imediato aos relatórios de produção assim que sua cana entra na indústria. “Antes, o produtor tinha de ir à usina, tomar um café e esperar pelos dados.”

Ele também investiu em mapas digitais de produtividade e monitoramento do solo, em eletrônica embarcada nas máquinas, além de usar drones e vants para obter imagens da propriedade. João Carlos diz que as ferramentas, aliadas aos aplicativos, têm facilitado muito as operações na fazenda. “O uso do celular já foi um problema. O produtor se irritava se visse o funcionário com o aparelho na mão. Hoje, se não responder o WhatsApp em cinco minutos, já leva bronca.”

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Agora, ele quer investir em um sistema automatizado de compra de insumos. “Não dá para receber vendedores na fazenda nem ir às lojas. Com essa ferramenta, o produtor pequeno e médio, principalmente, pode economizar muito tempo.”

Para João Carlos, falta o desenvolvimento de uma plataforma simplificada de organização e interpretação de todos os dados gerados por sensores, drones, máquinas e implementos agrícolas. "Essa será a próxima revolução digital no agro”, afirma.

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Clélia Pacheco, agropecuarista de quarta geração, que trabalha com genética de gado bonsmara e cultivo de soja em 1.340 hectares em Piratininga (SP), diz que a tecnologia é uma grande aliada. Ela implantou o sistema Inttegra de gestão agropecuária e investe continuamente em processos de melhoramento genético, agricultura de precisão e eletrônica embarcada.

Nesta pandemia, Clélia conta que parou de receber visitantes na fazenda, adotou o modelo de reuniões virtuais, intensificou a venda de animais por WhatsApp e já definiu que seu leilão anual, em outubro, será online. Seu próximo investimento será em programas de chipagem, a fim de facilitar a pesagem dos animais e seu monitoramento em tempo real.

Negócios Renovados

 

 

Internet e ambiente virtual impulsionam vendas de orgânicos a consumidores de São Paulo na quarentena (Foto: Getty Images)

 

A comercialização de frutas, legumes e verduras pela internet já é a realidade do Sítio A Boa Terra, pequena empresa de orgânicos localizada entre os municípios de Casa Branca e Itobi, no interior de SãoPaulo. São 12 hectares de produção orgânica que dão lugar a 150 alimentos diferentes no decorrer do ano e a uma variedade média de 50 a 60 opções semanais.

Com ajuda da tecnologia, é de olho nestes alimentos frescos que cerca de 2 mil clientes paulistas entram em contato via site e WhatsApp para adquirir e receber por delivery produtos diretos do campo. O sítio entrega cestas com cinco, sete, dez ou 12 itens já selecionados, mas o cliente também pode escolher os produtos de acordo com o que há disponível, a depender da sazonalidade da produção.

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De acordo com Júlio César Benedito, gerente do A Boa Terra, desde o início da pandemia da Covid-19, as vendas pelo site já cresceram 300%. “O número de pedidos novos desde a pandemia aumentou 20%, e é importante salientar que os consumidores no início da pandemia aumentaram o tíquete médio de compras.”

A empresa depende majoritariamente da internet para escoara produção. Enquanto o site representa cerca de 50% das vendas de delivery, 30% estão concentrados no aplicativo de conversa – e é por ele também que Benedito entra em contato com produtores parceiros para comprar insumos como sementes.

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Uma parceria entre a empresa de telecomunicações TIM, a consultoria de inovação para indústria de alimentos F&S Consulting e a companhia JBS pretende monitorar 2,4 milhões de frangos mensalmente, com o objetivo de aumentar a biossegurança e proporcionar maior controle sanitário nos aviários. Os testes do projeto, chamado de Granja 4.0, já iniciaram em dez granjas de Santa Catarina, com previsão de chegar a 100 aviários no oeste do Estado.

As granjas atendidas pelo projeto implantado pela parceria estão passando por uma completa configuração tecnológica, com a implementação de sensores IoT (Internet das Coisas, na sigla em inglês). Entre as tecnologias para proporcionar e monitorar o bem-estar dos animais estão inclusos aparatos como sensores de umidade e de temperatura, quantidade de água consumida ao longo de toda a extensão da granja, bem como câmeras 3D identificando se os animais estão mais ou menos agitados.

José Antônio Ribas: diretor de agropecuária da JBS aposta no monitoramento dos aviários (Foto: Divulgação)

 

A coleta de informações em tempo real visa aumentar a produtividade, além de automatizar as operações, conforme conta José Antônio Ribas, diretor de agropecuária da JBS.

“Colocar esse projeto em prática visa mitigar eventuais perdas e  alcançar performances melhores. Problemas que demoram horas ou até dias para ser percebidos agora poderão ser identificados em tempo real, permitindo tomar uma decisão na hora com base nos algoritmos”, diz Antônio Ribas.
Source: Rural

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