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(Foto: Pixabay/Joelfotos/Creative Commons)

 

O mercado de crédito rural tende a ser mais pulverizado e oferecer diversas alternativas aos produtores. Essa situação deverá ser importante, também, para a contratação de seguros, segundo especialistas ouvidos nesta segunda-feira (3/8) no Congresso Brasileiro do Agronegócio.

“O agricultor tem tido acesso a financiamento.Tanto os financiadores tradicionais têm refeito a sua estratégia – o canal revenda tem ganhado importância – assim como o barter, e uma entrada ainda tímida das fintechs. Então, não há falta de financiamento”, afirmou o diretor de agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes.

Fernandes mencionou que, dos R$ 600 bilhões do estoque da dívida do agronegócio, menos de R$ 180 bilhões são decorrentes do crédito rural obrigatório. "Quando a gente pega a agricultura empresarial, menos de 20% dos recursos vem do crédito rural obrigatório. O nosso desafio como setor financeiro, produtivo e regulador é desenhar qual o paradigma que nós queremos trabalhar no financiamento da agricultura", disse o executivo.

O diretor de Negócios Balcão, Commodities e Novos Negócios da B3, Fábio Zenaro, destacou que, de maneira geral, o cenário já era favorável para a captação de recursos antes da pandemia do coronavírus. Especificamente no caso do agro, que tem ajudado a reduzir o impacto da crise sobre a economia brasileira, o panorama ainda é positivo.

"O agronegócio, na crise, se destacou como um segmento sem muito problemas que outros enfrentam. Se a gente pegar o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), que é muito específico do setor, só esse ano teve, até julho, R$ 8 bilhões emitidos", afirmou Zenaro.

 

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Para o diretor da B3, dois ganhos recentes para quem busca financiamento na agricultura são a mudança da Cédula do Produtor Rural (CPR) em título eletrônico e a emissão de CRA em dólar. "O mercado de capitais para o agronegócio é uma ferramenta importante, pode ajudar na estruturação da dívida das empresas do setor e tende a, cada vez ser mais, ser utilizado até pela reestruturação que vem mais acontecendo", completou.

Para o diretor de agronegócio do Itaú BBA, há uma mudança na maneira como as instituições financeiras disponibilizam recursos aos produtores. Segundo ele, é necessário comprovar a rentabilidade da propriedade, o projeto e o retorno esperado com determinado aporte.

"Tem uma mudança relevante que está acontecendo e alguns produtores já conseguiram se adaptar, outros estão em dificuldade. A gente está passando de um modelo de crédito obrigatório, onde você ia até banco e se enquadrava dentro de uma linha, com uma tutela sobre como e onde o recurso seria usado, para um modelo de crédito livre, onde cada indivíduo tem que ser capaz de construir a sua ‘financiabilidade’, conhecendo os próprios números e contando como esse dinheiro vai trazer um retorno", explicou Pedro Fernandes.

Ele lembrou o exemplo de que os produtores rurais no Paraguai com dívidas acima de US$ 300 mil (R$ 1,6 milhão) são obrigados a apresentar um balanço e fluxo de caixa ao governo do país.

Seguro Rural

Segundo o presidente da Brasilseg, holding que concentra os negócios de seguros do Banco do Brasil, Ivandré Montiel, há uma mudança em curso na contratação de seguro rural, de um sistema fortemente subsidiado pelo governo federal desde os anos 1960 para, em anos recentes, a entrada do mercado de capitais.

"Nos últimos três anos, houve um crescimento muito grande dos seguros. A gente vê que o instrumento seguro rural está sendo trazido para o centro da política agrícola", disse, lembrando o crescimento dos subsídios para o Seguro Rural no Plano Safra. "Esse valores tornam inequívoca a importância que está sendo dada ao seguro rural e a utilização dele como ferramenta efetiva de mitigação de risco climático", destacou.

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Na avaliação de Montiel, o crescimento do subsídio no Plano Safra é destinado para a subvenção de seguros agrícolas não obrigatórios tomado junto aos entes financeiros e as seguradoras. "O mercado brasileiro vem em um ritmo de crescimento muito forte. Para 2021, com esse aporte de recursos orçados pelo Ministério da Agricultura, os valores vão atingir R$ 21 bilhões. Ou seja, um crescimento importante de 40% comparado ano a ano", destacou o executivo da Brasilseg.

De acordo com Pedro Fernandes, do Itaú BBA, os aportes tomados de forma obrigatória tendem a diminuir, o que, consequentemente, pode trazer uma redução de custos aos produtores. “Houve um aumento de 24% na contratação do Pronaf e do Pronamp (pequena e média agricultura). Acho que essa é uma agenda que vai se desenvolver. Obviamente, é muito importante o nível de subsídio que existe no Plano Safra. Mas, ao mesmo tempo, com incorporação de tecnologia, melhores dados e uma melhor penetração de seguro, é natural que o prêmio diminua e tenha um crescimento dos seguros voluntários”, disse.

O diretor de agronegócio do Itaú BBA lembrou, ainda, um estudo da Febraban que aponta uma baixa correlação entre quebra de produtividade e a inadimplência na contratação do seguro rural. “O custo da dívida tem muito a ver com a demora para a discussão de garantias e de recuperação dos recursos. Esse é um fator que, para a diminuição de preços, é muito mais poderoso do que o seguro. O seguro é importante para a rentabilidade do produtor rural, mas não tanto para baixar o custo de dívida”, completou Fernandes.
Source: Rural

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