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Leandro Pinto, da Granja Mantiqueira: " Como tivemos redução na demanda de restaurantes, conseguimos adequar a produção para atender a demanda do varejo" (Foto: Divulgação/Granja Mantiqueira)

 

Na semana passada, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (Pnad Covid-19), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a taxa de desemprego no país, de 12,4%, está afetando os hábitos de compra do brasileiro no varejo. E, na lista do supermercado (presencial, virtual ou por aplicativos), os ovos estão ganhando mais espaço.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2020 o brasileiro deve consumir, em média, 250 ovos ao ano. Esse número é 8,5% maior que o registrado no ano passado, 235 ovos por pessoa, e acima da primeira estimativa, realizada em dezembro de 2019, que previa um aumento entre 5% e 6% para 2020. A média de consumo global é de 235 ovos por pessoa ao ano.

O aumento na demanda por ovos no período da pandemia, impulsionado pelo menor poder aquisitivo do consumidor, vai ao encontro de outros fatores que vinham favorecendo a inclusão do produto na alimentação. “Não existe mais aquele mito de que o ovo é um alimento perigoso, que dá colesterol. Pelo contrário, a ciência provou que ovos são proteínas puras e saudáveis”, afirmou o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin.

Mudança na rotina

 

Maior produtor de ovos no Brasil, Leandro Pinto, da Granja Mantiqueira, sentiu a maior demanda já no começo da pandemia, período que coincidiu com o da quaresma. “Desde março, o aumento na demanda chegou a 30%, mas aumentar a produção nesta escala não se faz de um dia para o outro”, disse Pinto, que paralisou as exportações de ovos da empresa para abastecer o mercado interno. “Como tivemos retração na demanda de restaurantes, conseguimos adequar a produção para atender a demanda do varejo”.

Segundo Pinto, a procura por ovos aumentou em todas as regiões do país, mas foram os grandes centros consumidores, como São Paulo e Rio de Janeiro (primeiras cidades afetadas pela covid-19), que puxaram a demanda, exigindo adequações do produtor. “Rapidamente, tivemos que adequar a linha de produção, embalagem e logística para atender o mercado, e ainda, adequar o trabalho internamente para proteger os colaboradores”, afirmou.

No início de abril, o preço do ovo disparou no mercado e atingiu os maiores picos para o ano. “Os principais insumos, como o milho e as vitaminas, são cotados em dólar, que teve uma alta considerável na pandemia”, explicou Pinto.

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Demanda cresce e preço do ovo sobe em julho

 

Em julho, o preço médio do ovo está 11,5% acima do registrado no mesmo período do ano passado. De janeiro a julho, a alta é de 31,5% em relação a 2019, mas o aumento das matérias primas reduziu o lucro dos produtores. Para o consumidor final, a dúzia de ovos custa em torno de R$ 7,50 em São Paulo.

Para Pinto, mesmo com preços mais altos, o consumidor não vai mais abandonar o produto de suas compras após a pandemia. “O ovo é uma excelente proteína, com ótimo custo-benefício, alto valor nutricional e uma boa opção de alimento para todas as idades”, afirmou o produtor. “Ovo é tão bom que deveria ser vendido na farmácia”.

No ano passado, o Brasil produziu 49 bilhões de unidades, 10% acima do total produzido no ano anterior, e a expectativa é que, neste ano, a produção ultrapasse 54 bilhões de unidades, conforme dados da ABPA. As exportações devem cair em 2020, assim como já haviam sido reduzidas no ano passado, período em que o país exportou 8 mil toneladas, mais da metade para os Emirados Árabes.
Source: Rural

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