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(Foto: Reprodução/Youtube)

 

Em videoconferência realizada nesta terça-feira (21/7) pela Sociedade Nacional de Agricultura, a ex-ministra do Meio Ambiente no governo de Dilma Rousseff, Izabella Teixeira, afirmou que a falta de políticas ambientais e a visão equivocada sobre esta pauta tem prejudicado a imagem da agricultura brasileira.

“Há uma visão política muito equivocada sobre as questões ambientais e, infelizmente, isso está associado ao agronegócio, como se a agricultura brasileira fosse patrocinadora do desmonte ambiental. Não estou dizendo que seja, só estou dizendo que a leitura política que decorre é essa”, comentou.

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Para ela, sucessivos erros do governo e de alguns interlocutores das áreas agrícola e ambiental, como negar a existência das mudanças climáticas e a forma de dialogar com a sociedade, causam desconfiança perante à comunidade internacional. “Desconfiança não se cura, você tem que, de fato, agir para mostrar que está em outra direção”, disse.

Izabella Teixeira também lembrou que o Brasil foi o único país em desenvolvimento a se comprometer com metas ambiciosas do Acordo de Paris. Porém, a atual posição do país quanto ao meio ambiente é algo que, na visão dela, "surpreende a todos”. 

O Brasil não tem nenhuma estratégia na mesa, absolutamente nada. Aliás, destruiu-se a governança de clima, que deveria ser modernizada e não destruída

Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente

Mudanças climáticas

A ex-ministra do Meio Ambiente disse que as metas estipuladas na Política Nacional de Mudanças do Clima, construída em 2010 após a Conferência de Copenhague, vencem em 2020 e, em seguida, o Brasil precisará implementar o Acordo de Paris. Entretanto, segundo ela, o país também está “sem nenhuma estratégia clara, pactuada com a sociedade e com os investidores”.

Izabella sugere que, neste contexto, o agronegócio poderia ter protagonismo não apenas em torno de reduzir emissões e atrair competitividade, mas em “liderar um grupo de países produtores de alimentos para fazer frente, dentro da chamada governança climática, às emissões associadas ao setor de energia, uma vez que o agronegócio brasileiro também tem bioenergia no conjunto”.

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Amazônia

Em relação ao desenvolvimento da Amazônia, Izabella Teixeira reforçou a necessidade de o Brasil ter um plano de Estado para a região, que independa de governos, mas que olhe para as questões social, política e ambiental.

“Acho que o Brasil todo, o agronegócio brasileiro, deveria defender a Amazônia explicitamente, mesmo quem não tem nada na Amazônia. É uma posição política, com um olhar de quem mora lá. Portanto, temos que enfrentar o desmatamento que está associado, infelizmente, a mais de 90% de taxas de crime. Não só crime ambiental, mas a uma cadeia de crime organizado”, analisou.

O Ministério do Meio Ambiente se secundarizou

Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente

Ao comentar sobre o Conselho Nacional da Amazônia Legal, a ex-ministra disse que o órgão é uma opção de modelo de governança. Entretanto, frisou que há discussão sobre fatores como a militarização da gestão pública da Amazônia e decisões centralizadas, como a entrada das Forças Armadas. “Você coloca as Forças Armadas para fazer o que não sabem fazer, que é combater crime ambiental”, criticou.

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Na visão da ex-ministra, a criação do Conselho também levou o Ministério do Meio Ambiente a um papel de coadjuvante. “O Ministério do Meio Ambiente se secundarizou. Toda a discussão de Amazônia está no Conselho, na vice-presidência da República, não está mais no Ministério do Meio Ambiente”, ponderou.

Economia de baixo carbono

Nesta terça-feira (21/7), o governo federal publicou decreto que visa enfrentar as questões de mudanças climáticas na agropecuária brasileira. Entre as medidas, está a criação da Comissão Executiva Nacional do Plano Setorial para Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura.

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Com os mesmos moldes do Conselho da Amazônia, em caráter interministerial, a comissão será composta por representantes dos ministérios da Agricultura, Economia, Ciência, Tecnologia e Inovações e Meio Ambiente, além de Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Conselho Nacional de Secretários de Estado de Agricultura e Fórum Brasileiro de Mudança do Clima.

Eles deverão se reunir semestralmente, conforme prevê a publicação, ou em caráter extraordinário, caso seja necessário. O presidente da comissão ainda será escolhido. A decisão caberá à ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

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Source: Rural

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