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Locação de maquinário ainda é incipiente, mas tendência é de crescimento no Brasil (Foto: Divulgação)

 

Registrando resultados positivos nos últimos anos, e exportações recordes de segmentos estratégicos mesmo durante a pandemia do coronavírus, a exemplo dos embarques de carnes e os grãos para o exterior, o agronegócio busca formas de otimizar recursos para ter maior competitividade. Neste sentido, uma tendência que ainda é incipiente, mas vem crescendo, é a locação de máquinas e equipamentos.

A prática já é comum em países como Estados Unidos e Argentina. No Brasil, está mais presente no Sudeste por ser mais disseminada entre os produtores de cana-de-açúcar. Em alguns casos, onde as máquinas têm valor de mercado acima de R$ 2 milhões, pode ser uma alternativa para agricultores que precisam aumentar a eficiência de operações de campo, mas não têm capital para investir na renovação da frota, ou que desejam usar o recurso de outra forma.

"Nossa avaliação é que há oportunidades para a renovação dos canaviais e investimentos em tecnologia, enquanto você pode alocar recursos para máquinas e equipamentos. Isso, é claro, com um parceiro que ofereça a locação a custo competitivo", pontua Carlos Martins Simões Júnior, diretor da cadeia de suprimentos da Tereos Açúcar e Energia Brasil, subsidiária da francesa Tereos, que tem sete usinas no país e mais de 1.000 máquinas alugadas, entre colhedoras de cana, caminhões e tratores, entre outras.

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Durante a crise gerada pela pandemia, em que o setor sucroenergético foi bastante afetado, ter um montante de investimentos livre no fluxo de caixa se torna ainda mais essencial para as usinas. “Em um momento de crise, você ter a oportunidade de investimento através de um terceiro é bastante atrativo. A outra opção é não renovar a frota, o que acarreta em custos maiores na manutenção dos canaviais”, avalia Simões Júnior, que acrescenta o setor de papel e celulose, onde ele possui experiência, como outro que vem crescendo na locação de máquinas e equipamentos nos últimos cinco anos. 

Gustavo Couto, CEO da Vamos, empresa com cerca de 400 contratos e 14 mil equipamentos alugados – 45% no agronegócio -, acredita que há oportunidade em outros segmentos da cadeia agrícola. "Nós acabamos tendo uma concentração no Sudeste, onde o setor sucroalcooleiro é mais dominante. Mas o trabalho que estamos fazendo é para levar para o Centro-Oeste, onde a predomina o setor de grãos", diz.

Por isso, das 14 lojas da Vamos voltadas para a venda e locação de maquinário, 11 estão no Centro-Oeste. A empresa investiu quase R$ 500 milhões em compras de máquinas para a locação – boa parte para o setor sucroalcooleiro -, com cerca de 40% em 2019.

Segundo Couto, a economia com o aluguel pode chegar a 30% nos casos de caminhões, e até 20% para as máquinas. Além disso, ressalta o executivo, sem a necessidade de comprometer capital ou o crédito bancário, o modelo de negócios traz flexibilidade para as companhias do agro.

“Ninguém falava de locação de carro leve. Hoje, as empresas só fazem a renovação da sua frota através desse modelo. No setor de máquinas agrícolas, isso é bastante maduro em alguns segmentos no exterior e é um caminho sem volta no Brasil, já que traz alternativas para o cliente”, afirma.

Outras oportunidades

Para Marluz Renato Cariani, head comercial de Locação de Pesados da Ouro Verde, companhia que também atua com o aluguel de máquinas e equipamentos, além dos grãos, também há oportunidades para crescer entre os cultivos de café e algodão. “Havia um preconceito em relação a locação de máquinas. Mas a nova geração de sucessores está fazendo conta. Eles querem saber de ter o equipamento disponível para a colheita a um custo competitivo”, conta.

As empresas acreditam que outro incentivo para ganhar fôlego é a queda menor que o esperado nas taxas de juros em linhas do Plano Safra 2020/2021, como o Moderfrota (aquisição de máquinas e implementos) e o Pronamp (médios produtores). “Muitos agricultores estão expandindo a área plantada e, algumas políticas financeiras que tinham juros muito atrativos, hoje já não é mais assim. Então, os clientes estão buscando outra forma de ter o acesso a esse equipamento”, afirma Cariani.

Ele explica que a Ouro Verde também atua em um modelo de parceria com os agricultores, onde é feita a compra do equipamento e, simultaneamente, o aluguel para o mesmo produtor. “Hoje, a gente é parceiro de alguns clientes, onde é oferecido a compra dos ativos para que ele possa ter um fluxo de caixa, e, em paralelo, é feito um contrato de capital”, explica.

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As empresas não revelam o valor do aluguel para uma colhedora, trator ou pulverizador. Segundo elas, varia de acordo com a extensão da propriedade, quantidade de máquinas alugadas e o tempo dos contratos – no geral, a locação dura, em média, de 5 a 6 anos.

Outra opção é oferecer a locação junto a um serviço. “Você tem locações puras, como alugar em uma locadora, ou a locação que agrega algum tipo de serviço, como a manutenção das máquinas. Isso pode diferenciar essa oferta pelas empresas e agregar, já que a manutenção não é uma especialidade de quem aluga”, diz Simões Júnior, da Tereos.

Para Carlos Cogo, diretor da Consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, a tendência é de crescimento desse tipo de operação nos próximos anos. "Nós estamos falando de médio e longo prazo porque é uma barreira cultural, que vai cair aos poucos. A chamada uberização de máquinas vai acontecer assim como acontece no setor de caminhões”, avalia.

"Alguns produtores preferem ser donos da máquina. Mas aí, com as contas que nós fazemos para algumas situações, de usar a máquina uma ou duas vezes para o ano ou em uma janela curta, é mais interessante alugar um equipamento", completa.
Source: Rural

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