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(Foto: Getty Images)

 

A China voltou a suspender a autorização de exportação de frigoríficos brasileiros no último final de semana, elevando para seis o total de unidades atingidas pelo maior rigor com o controle da Covid-19 em cargas refrigeradas enviadas ao país.

A medida, adotada depois do surgimento de um novo foco da doença em Pequim, tem feito com que pequenas indústrias, com menor poder de negociação, reconsiderem as relações comerciais com o principal destino das exportações brasileiras.

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“A gente tem fontes primárias dos próprios frigoríficos falando que não querem mais negociar com a China porque eles mudam de opinião de um dia do outro, com a carga embarcada e em trânsito, e isso traz uma insegurança muito grande para operação”, explica Lygia Pimentel, diretora executiva da Agrifatto Consultoria.

Ela lembra que, embora o Brasil esteja sendo responsável por atender 9% de todo consumo interno chinês, as empresas brasileiras correm um risco maior caso ocorram novas suspensões, já que 10,5% da produção tem sido destinada ao mercado chinês. Só em maio, o país foi responsável por 60% do valor obtido pelo Brasil com exportações de carne bovina.

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De acordo com relatório da consultoria, enquanto os frigoríficos brasileiros com habilitação para exportar para China mantiveram em maio o mesmo desempenho de abates do ano passado, aqueles que não exportam para o mercado chinês registraram queda de 24% na mesma comparação.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a ministra da agricultura, Tereza Cristina, negou que haja problemas relacionados à Covid-19 nos frigoríficos brasileiros.

Muitas vezes, acontece de os chineses não entenderem nossa legislação, não compreenderem como um Ministério Público pode, eventualmente, ser contra uma portaria do governo, por exemplo. Acham que é tudo a mesma coisa. Foi um mal entendido em relação a alguns trabalhadores que já estavam afastados, por causa da Covid-19

Tereza Cristina, ministra da Agricultura, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo

 

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Lygia , por sua vez, ressalta que os chineses também dependem da carne brasileira. Por isso, ela considera pouco provável que o país suspenda as importações do Brasil. “Conforme a Covid avança, vejo chances de novas paralisações e, se a planta for habilitada a exportar para China, possivelmente uma suspensão temporária dessa habilitação”, diz.

Até o início deste mês, o Ministério Público do Trabalho (MPT) mantinha 30 ações civis públicas contra frigoríficos relacionadas a Covid-19. Com o agravamento da situação, a diretora executiva da Agrifatto acredita que os importadores chineses aproveitarão a situação para renegociar o preço da carne brasileira, cujo valor já caiu quase 16% desde o início do ano, chegando a US$ 4,96 pelo quilo em maio.

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“Eu acredito que essa seja justamente a estratégia que estão colocando em prática, porque não há prova de que o Covid tenha sido transmitido por alimentos”, conclui Lygia.
Source: Rural

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