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(Foto: Divulgação)

 

Fonte de abastecimento para a cidade de Patrocínio (MG) e para a irrigação de cerca de 30% das mais de 2,7 mil propriedades rurais do município, o Córrego Feio é considerado atualmente objeto de disputa hídrica entre população urbana e produtores agrícolas.

Em 2017/18, as chuvas abaixo da média levaram os produtores da região a sentir na pele os efeitos da falta de políticas de preservação da bacia. Naquela safra, diante da baixa disponibilidade de água, a irrigação foi proibida, reduzindo em até um terço a produtividade.

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O cafeicultor Ricardo Bartholo é um dos 24 produtores da região que aderiram a um consórcio junto a empresas beneficiadoras de café e organizações não governamentais para recuperação da vegetação nativa e adoção de práticas de manejo para mitigar os efeitos da atividade agrícola sobre a bacia.

“Tenho acompanhado algumas recuperações de nascentes e a gente vê com muita clareza que daqui cinco ou sete anos teremos modificações reais na disponibilidade de água”, avalia. Para garantir a disponibilidade futura de água na sua e nas demais propriedades, Bartholo precisou conter uma vossoroca, fenômeno provocado pela erosão do solo e que, se não controlado, contribui para o assoreamento de rios e córregos. 

(Foto: Divulgação)

 

Para o nosso negócio, água é gênero de primeira necessidade. A planta não come, ela bebe. Ela precisa de água para sua solução nutricional. Sem a água no solo, ela não faz nada

Ricardo Bartholo, cafeicultor

 

 

"Para isso, fizemos o plantio de mudas de árvores na parte superior, além da contenção e retenção da água da chuva, para que não se dirija para aquele local”, conta o produtor, que também precisou repensar a distribuição de pastagens em sua propriedades para aumentar a mata ciliar junto ao córrego e evitar seu assoreamento, além de criar mecanismos para aumentar a infiltração de água da chuva no solo.

“O manejo do solo é muito importante porque ele influi diretamente no manejo da água. Caso a região esteja com o solo exposto, sem cobertura vegetal, é capaz de a água da chuva, ao invés de infiltrar no solo, escoar para os rios, provocando assoreamento”, explica o coordenador de Implementação de Projetos Indutores da Agência Nacional de Águas, Marco Alexandro André.

(Foto: Divulgação)

 

Segundo ele, o problema se torna ainda mais grave caso os produtores façam uso de produtos químicos na lavoura, o que encarece os custos de tratamento da água para consumo humano.

“Tão importante quanto reter a erosão é fazer com que ela não exista e que a água infiltre no solo e imediatamente seja disponibilizada no lençol freático. Com isso, é possível prolongar um curso mais caudaloso de córregos e rios que estão próximos”, conclui André.

Segundo Fabiane Sebaio, secretária executiva do Consórcio Cerrado das Águas, projeto que coordena os investimentos realizados junto com os cafeicultores de Patrocínio (MG), o projeto já restaurou cerca de 166 hectares na região em 36 propriedades.

Visitas técnicas

A partir de visitas técnicas, o consórcio indica as ações necessárias para adequar as práticas de manejo dos produtores, que se comprometem a manter a área restaurada por pelo menos três anos via contrato.

“Os produtores estão conscientes porque o investimento é para própria propriedade, com melhorias na qualidade das suas áreas de restauração e no manejo das lavouras”, explica Sebaio, revelando surpresa com o nível de adesão desses produtores.

“Nosso objetivo maior é restaurar a funcionalidade e a provisão de serviços ecossistêmicos para que, com o tempo, esses produtores tenham melhores condições de cultivo, maior produtividade e, também, estabilidade no acesso a recursos hídricos”, conclui a secretária executiva do projeto.
Source: Rural

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