Skip to main content

(Foto: Divulgação)

 

O potencial de investimentos verdes para o agronegócio brasileiro foi discutido no lançamento virtual do Plano de Investimentos para a Agricultura Sustentável, nesta terça-feira (23/6), pelo Ministério da Agricultura e pela Climate Bonds Initiative (CBI), autoridade e única certificadora global de títulos verdes.

A meta é estimular o desenvolvimento de um mercado de títulos verdes para o setor agropecuário, criar fontes de financiamento e adotar práticas de tecnologias sustentáveis no país. Em julho, a CBI lançará a cartilha do plano para a agricultura que ajudará ainda mais o mercado brasileiro ao oferecer embasamento para os investidores.

saiba mais

Aumento de R$ 500 milhões no Inovagro deve incentivar uso de energia solar no campo

 

“O resultado desse esforço conjunto começa a frutificar com a publicação desse plano de investimento para a agricultura sustentável brasileira, sendo lançado juntamente com a pesquisa direcionada para investidores potencialmente interessados em investirem na agropecuária sustentável do Brasil”, ressaltou Tereza Cristina.

Desde 2014, o mercado de títulos verdes tem tido um crescimento exponencial no mundo, tendo acumulado um volume de cerca de US$ 840 bilhões. O uso de recursos na agricultura, entretanto, representa em torno de 3% – mas chega a 35% no Brasil, o que demonstra a vocação do país em figurar entre os grandes mercados de títulos verdes em projetos de agricultura, pecuária e florestas.

Ministra Tereza Cristina participou de encontro virtual direto de Brasília (Foto: Antônio Araújo/Mapa/Divulgação)

 

Segundo Justine Leigh-Bell, diretora de desenvolvimento de mercado da CBI, o potencial de investimentos desses títulos aqui no Brasil gira em torno dos US$ 163 bilhões. Ela destacou o terreno fértil que o paós tem para investimentos na agricultura sustentável através de programas já existentes, como o Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC) e o Novo Código Florestal, além dos compromissos climáticos.

Também ressaltou que o plano se apresenta como “uma oportunidade significativa para investimentos através da agricultura, pecuária, energias renováveis, transportes de baixo carbono, água e florestas”.

Produtos e ferramentas financeiras estão aí. Agora, precisamos conectar os pontos e trazer os investimentos. Precisamos complementar o ambiente regulatório com as demandas dos investidores, que incentive financeiramente a agroprodução sustentável. Um não pode vir sem o outro

Justine Leigh-Bell, diretora de desenvolvimento de mercado da CBI

 

Ferrogrão

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, salientou a atuação da pasta na oferta de uma carteira verde, com destaque para o Ferrogrão, e com a incorporação dos princípios de ESG (melhores práticas de ambientais, sociais e de governança, sigla em inglês) no âmbito do ministério. 

“Estamos com uma carteira de investimentos bastante robusta. Esta é a primeira vez que um projeto com essa abrangência (Ferrogrão) é feito no Brasil onde estamos trazendo as considerações de riscos climáticos, redução de emissão de CO2, limitação de combustíveis fósseis. São projetos extremamente desafiadores, mas que vão proporcionar uma revolução em termos de transporte, redução de custos e aumento de competitividade”, destacou.

saiba mais

Freitas quer leilão de Ferrogrão no 'mais tardar' no início de 2021

 

Segundo Freitas, o projeto da Ferrogrão, que já está bem avançado, “será enviado em breve para o Tribunal de Contas da União (TCU)”. Ele, porém, não mencionou o prazo. “É um projeto super desafiador, mas que já nasce com essa perspectiva e com o selo verde”, ressaltou.

Investimentos

Em termos de oportunidades de investimentos, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, destacou o mercado de crédito de carbono e os títulos verdes como principais alternativas. Segundo o BC, até o momento, 20% da emissão de carbono está sujeita à precificação. “Inclusive, quando estávamos discutindo formas de atuar, uma das ideias é que o Brasil fosse um centro negociador de carbono, ter um centro de trade de negociação”, ressaltou.

Ele citou que o mercado mundial de títulos verdes acumula US$ 541 bilhões, e o Brasil fica apenas com US$ 1,5 bilhão. “É muito pouco comparado com o universo total. Tenho conversado com investidores e o que se tem visto é a falta de informação que o Brasil está fazendo nessa área climática. Nós devemos e podemos participar mais deste mercado. Temos que pensar no Brasil como um projeto com grande potencial ambiental ainda a ser desenvolvido”, disse.

saiba mais

Tereos contrata financiamento de US$ 105 milhões com juro vinculado a metas sustentáveis

 

A presidente do USB no Brasil, Sylvia Coutinho, demonstrou que, a nível global, os investidores têm mudado a sua forma de pensar, levando ainda mais em consideração os critérios ESG e correlacionando sustentabilidade ao risco e retorno de seus investimentos. Segundo ela, a resiliência dessas estratégias tem sido percebida durante a pandemia de coronavírus.

“Enquanto os investimentos ESG tiveram um aporte da ordem de US$ 46 bilhões durante a pandemia, as demais estratégias tiveram saídas de aproximadamente US$ 400 bilhões. Ou seja, essa crise pela qual estamos passando deve cristalizar ainda mais a mente do investidor essa correlação", afirmou.

Pesquisa

Sylvia Coutinho frisou, ainda, que o interesse em títulos verdes não é exclusivo de mercados desenvolvidos e citou uma pesquisa recente com mais de 3 mil investidores em 35 países na qual os investidores brasileiros apareceram nas posições mais altas no ranking de sustentabilidade. "O Brasil teve uma preocupação acima dos países da Europa que observamos, que tradicionalmente são os que mais levam em conta esses aspectos”, afirmou.

Além disso, entre os investidores do USB, segundo ela, 89% consideram que há um risco significativo para as empresas que não adotarem esses fatores nas suas tomadas de decisão. A ministra Tereza Cristina lembrou a importância da adequação dos processos de certificação e dos ajustes na legislação para facilitar, dar transparência e trazer mais segurança jurídica.

O que queremos passar aos investidores é que sabemos que a simples oferta dos títulos verdes não criará automaticamente este mercado. É necessário que esses títulos sejam críveis. O ponto de partida é conhecer as suas demandas em termos de governanças requeridas por esses papeis, afim de criarmos esse mercado confiável

Tereza Cristina, ministra da Agricultura

 
Source: Rural

Leave a Reply