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(Foto: Divulgação/Esalq)

 

 

 

 

 Um projeto inovador de manejo integrado que avicultura com o sistema agroflorestal (SAF) foi desenvolvido pela agrônoma Nina Publio Camarero, em pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (Esalq/USP). O estudo propôs avaliar os indicadores de bem-estar animal de galinhas criadas livres uma área de seringal com espécies forrageiras espontâneas tolerantes ao ambiente em comparação com o sistema convencional de criação de aves, em galpões.

A pesquisa constatou que, no sistema agroflorestal, a produção de ovos foi maior porque as aves iniciaram a postura mais precocemente e de maneira mais uniforme desde o início da fase produtiva. “No começo do segundo mês da produção, as aves estabilizaram a postura e mantiveram-se com a produtividade elevada”, explicou Nina, em entrevista ao podcast Estação Esalq. 

“A gente introduziu essas aves em setembro de 2019 e agora estamos acompanhando o desenvolvimento desses animais, a produtividade, análises de bem-estar e a qualidade desses ovos e a gente tem tido resultados bastante interessantes que estou aprofundando no meu mestrado”, acrescentou.

Com relação aos indicadores de bem-estar animal, os resultados do estudo mostram que as galinhas demonstram maior incidência de atividades comportamentais benéficas como comer e ciscar no SAF. Considerado um movimento de conforto, o “banho de areia” também foi mais frequente no manejo com o sistema agroflorestal do que no galpão.

“Ao longo dos anos, com a criação em larga escala, esses animais foram se transformando em máquinas produtivas de ovos e carne. Só que essa produção em massa, muitas vezes, esquece do pequeno detalhe de que aquele animal tem muitas necessidades comportamentais e físicas que muitas vezes são desrespeitadas nesses galpões ou gaiolas muito aglomerados, o que gera um estresse muito grande nas aves”, justifica a agrônoma, que pretende, assim, aproximar as galinhas ao seu habitat de origem, que são os sub-bosques, onde as ancestrais viviam.

No que se refere à qualidade dos ovos, a pesquisadora explica que não houve diferença em relação aos sistemas de manejo, tendo em vista que as galinhas eram da mesma espécie e mesma idade, características importantes que refletem nos ovos. No entanto, embora os ovos de galinhas criados em galpão fossem maiores e mais pesados – já que os animais não gastam energia se locomovendo – os ovos das aves criadas no SAF apresentaram gema de coloração mais acentuada, o que agrega um valor maior de mercado, atrativo ao consumidor final.
 

Metodologia

A ideia do projeto começou com o orientador da engenheira, o professor Ciro Abbud Righi, que sempre criou as aves em casa para a produção de ovos orgânicos para o consumo da própria família, teve a ideia de soltá-las na área de seringal da universidade.

“Entrei no seringal e senti aquela mudança de temperatura muito drástica, melhorou muito as condições, e aquela quantidade de plantas espontâneas, que chamam de daninhas, e perguntei: por que que não podemos criar galinhas aqui?”, questionou.

Para realizar o estudo, foi estruturado um galinheiro móvel para realizar o pastejo rotacionado, em que as galinhas ficavam protegidas durante a noite para evitar predadores. Durante o dia, as galinhas ficam soltas e se alimentam das plantas daninhas, o que gera um outro benefício no manejo associado.

“O que era um problema, como as plantas daninhas que devem ser controladas, passa a ter vários aspectos positivos como a diversificação da alimentação das aves, o controle destas plantas sem custo, a produção de ovos e a fertilização da área pelas excretas que têm grande concentração de nitrogênio etc. O valor agregado dos ovos de melhor qualidade possibilita que os produtores tenham um aumento de renda associado a uma melhoria nas condições de criação destas importantes aves”, ressalta Righi.
Source: Rural

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