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(Foto: Claudio Neves/APPA)

 

Os realizados por pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) indicam que os produtores do Cerrado que até abril negociaram antecipadamente o milho de segunda safra (safrinha) por meio de contratos a termo FOB Paranaguá (PR) ou com base nos futuros na Bolsa de Chicago (CME Group) deverão ter ótimas rentabilidades, “sendo, inclusive, suficientes para cobrir os custos totais, algo que não era visto desde a safra 2015/2016”. Eles explicam que o bom desempenho de deve aos elevados valores internos do milho e do dólar alto que aumentou a competitividade do produto brasileiro para exportação.

Os pesquisadores lembram que a colheita do milho de segunda ainda não tomou força no Brasil, mas grande parte da produção já foi negociada no Cerrado. Em Mato Grosso, a comercialização já se aproximava dos 80% até abril, segundo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Já no Paraná, apenas 24% da produção foi vendida antecipadamente, como sinaliza o Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento.

Ao analisar os contratos a termo FOB Paranaguá e os futuros na CME Group, negociados entre agosto de 2019 e abril 2020, com vencimento em julho/20 e setembro/20, os pesquisadores constataram rentabilidade sobre o custo total (RRCT) positiva na safra 2019/2020 para as regiões de Sorriso (MT), Primavera do Leste (MT), Rio Verde (GO) e Dourados (MS). Somente para Cascavel (PR) não foram registrados bons resultados sobre o Custo Total (CT), mas o retorno foi alto sobre o desembolso. Além disso, os negócios no porto de Paranaguá foram mais vantajosos que os da Bolsa de Chicago.

Soja

Os estudos do Cepea em relação à soja da safra 2020/2021, que começa a ser semeada em setembro, indicam que a comercialização antecipada pode favorecer a rentabilidade ao produtor. Os pesquisadores alertam que o cenário de incerteza econômica mundial, em função da pandemia da Covid-19, levanta uma série de questionamentos e coincide com uma das fases mais importantes de planejamento de plantio da próxima safra. “O atual quadro macroeconômico gera grandes dúvidas relacionadas à demanda, à produção e ao câmbio, o que pode trazer graves impactos sobre os custos de produção.”

Os pesquisadores observam que, por enquanto, o real desvalorizado frente ao dólar tem impulsionado as cotações da soja, que atingem patamares recordes nominais no Brasil, e favorecido a relação de troca da produção futura por insumos. Segundo eles, no Cerrado a venda de insumos segue em ritmo mais acelerado, favorecida pela boa relação de troca. “Já no Sul, por ter características diferentes, como a predominância de produtores menores e geralmente filiados a cooperativas, a Covid-19 atrasou um pouco as campanhas das cooperativas impactando os negócios e os deixando mais lentos que o habitual, especialmente no Paraná.”

Os estudos mostram que na região do Cerrado os produtores que compraram os insumos em março e em abril/20 e venderam a soja no mercado futuro nos primeiros quatro meses deste ano (considerando-se as médias da CME Group e FOB), para entrega em março e/ou maio/21, obtiveram rentabilidade bastante positiva sobre o Custo Operacional Efetivo (COE) de produção, quando comparada à média de produtividade das últimas cinco safras.

Segundo cálculos do Cepea, feitos em parceria com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), no âmbito do projeto Campo Futuro, a cada R$ 1 desembolsado na lavoura de soja, há retorno médio de R$ 1,44 em Rio Verde (GO), de R$ 1,35 em Sorriso (MT), de R$ 1,27 em Primavera do Leste (MT), e de F$ 1,79 em Dourados (MS). “Ao se considerar o Custo Total (CT) de produção, composto pelo COE adicionado de depreciação e remuneração do capital investido, o retorno ainda é positivo em Rio Verde, Sorriso e Dourados, restando aos produtores lucros médios de R$ 141,79/saca”, aponta o estudo.
Source: Rural

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